sexta-feira, 2 de abril de 2010

PERGUNTO-ME



Pergunto-me o que eu teria feito, tivesse eu estado no meio daquela multidão; teria falado algo por ele, em voz clara e alta?
Teria andado ao lado dele, descendo aquela suja estrada de pedra? Teria tentado firma-lo, quando tropeçou com sua carga?

Teria deixado-o apoiar-se em mim? Eu teria suportado seu peso? Poderia ter ajudado de algum jeito, facilitado seu grande penar?

Poderia ter dito palavras adequadas, confortado seu isolamento, compartilhado sua tristeza?

Pergunto-me se tivesse estado lá, teria acariciado seu rosto coberto de lágrimas, beijaria suas mãos ensangüentadas, e lavaria seus pés manchados de sangue?

Teria massageado seus ombros doloridos, tratado de suas feridas abertas e fornecido a água que lhe faltou?

Sei que eu não seria suficientemente bom para voluntariamente tomar o seu lugar, mas eu poderia ter lhe ajudado a suportar aquela cruz e secado o suor de seu querido rosto?

Teria passado meus braços ao redor de sua mãe e a abraçado contra meu peito? Poderia tê-la protegido da visão da atormentada morte de seu filho precioso?

Poderia ter ajudado a preparar seu corpo, e lavado-o com perfume? Pergunto-me se eu tivesse estado lá, teria esperado em seu túmulo?

Sem nenhuma dúvida naquela manhã de páscoa, eu teria gritado, "ELE ERGUEU-SE!" e sei que eu teria agradecido à meu Deus, pelo júbilo daquela ocasião.

A única coisa que eu poderia ter feito, suponho, se tivesse estado lá, seria declarar meu amor por Ele.

Mas... será que não estive?

Lúcio

*Reflexão Matinal - 24*


Os anos passam, e só o que se fez fica. As oportunidades vão,
mas somente as que foram aproveitadas pacificam a alma. A energia
se esvai, mas tão-somente aquela que foi aplicada para o bem torna o
ser mais pleno e com a sensação de dever cumprido.
Tenha o maior critério possível com o uso de seu tempo, de suas
energias, das oportunidades que tem em mãos: são mais preciosas do
que pode imaginar. Faça bom uso deles, enquanto puder desfrutá-los
no plano físico. Logo logo, a mensageira fatal chegará, e, nesse
momento, o instante de sua partida desse mundo, não haverá
escapatória para a avaliação implacável de tudo que fez, bem como,
principalmente, de tudo que deixou de fazer.
E se acha mórbido ou improfícuo parar para pensar em morte e
morrer, distante demais que suponha de sua realidade, existe algo de
mais importante ainda sobre essas reflexões: são elas que o podem
conduzir a uma vida muito mais plena, verdadeiramente satisfatória e
tranqüila, enquanto a morte não chegar.
Anacleto.
(Recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 23 de abril de 2001).*