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terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Fiel para sempre
No embate contínuo das inúmeras paixões
para a intransferível sublimação espiritual,
o cristão, descontente com as concessões que
frui, compreende a necessidade de prosseguir
lutando.
O triunfo imediato, as glórias fáceis, as
alegrias ligeiras não o fascinam, porque
lhes confere a transitoriedade.
Ante os monumentos colossais do passado,
agora corroídos pelo tempo, constata a
vacuidade dos bens terrenos.
Colunas de mármores raros cinzelados,
granitos preciosos ornados de metais que
produzem pujança e beleza deslumbrante,
ressurgem, frios, tristes, aos seus olhos,
narrando a história das mãos escravas que
os trabalharam, lavando com suores e
lágrimas de sangue a poeira que os
instrumentos produziram ao dar-lhes forma
arrancando dos minerais brutos a mensagem
da beleza.
Museus abarrotados de valores de alto preço,
que descrevem conquistas e poder, parecem
páginas que choram em esculturas quebradas
e ornatos incompletos, preciosidades mortas,
fitando homens que a miséria mata desde a
orfandade e que, possivelmente, foram os
mesmos, que um dia no passado, se
banquetearam na abastança da ilusão.
Lajes que suportaram, indiferentes, o
tropel de exércitos com os seus animais e
carros de guerra, continuam, gastas,
suportando máquinas velozes que a técnica
constrói...
E as paixões hoje são quase as mesmas de
ontem, senão mais açuladas, mais violentas
e devastadoras, no homem que prossegue
inquieto.
Fala-se muito sobre tais belezas, ora
transformadas em mausoléus de lembranças.
Sem dúvida, retratam a arte, expressam
grandezas espirituais, muitas delas.
Fitando-as, todavia, não há como deixar de
inquirir: "Se Deus concede ao homem ímpio e
infeliz tanta fortuna, que não reservará ao
filho generoso e trabalhador que Lhe é
fiel?!"
Luta, pois, e sofre, mesmo sozinho.
Desencarcera- te das primitivas manifestações
do instinto, por cujos impulsos tens transitado
e ascende aos panoramas da emoção superior,
buscando com os sentimentos nobres e a
inteligência lúcida, a intuição libertadora.
Não te equivoques com o sorriso dos
conquistadores iludidos, nem suponhas que,
promovendo alaridos, eles hajam encontrado a
felicidade. O júbilo que promove balbúrdia é
loucura em plena explosão.
A alegria que brota de dentro é como córrego
precioso, que nasce discretamente e
dessedenta a terra por onde cantam, docemente,
suas águas passantes.
A atroada dos infelizes é produzida pela
fuga que promovem, aparentando festa
interior.
Ei-los que se embriagam por um dia, se
entristecem no outro, murcham repentinamente
e se desgarram na excentricidade das alienações
mentais, conquanto aplaudidos por outros
enfermos, sumindo pela porta do suicídio
direto ou indireto para defrontar a realidade
dolorosa, logo depois.
Todo cristão autêntico sofre um "espinho na
carne", que lhe dói e é, também, sua
advertência.
O Calvário não é apenas a recordação ou o nome
do lugar onde Ele padeceu. É a mensagem eterna
da superação do Filho de Deus a todas as
contingências, circunstâncias e imposições
humanas, falando de amor, coragem, renúncia e
fé.
Todos os mártires da fé, os heróis do bem e
os santos do amor, caminhando entre os homens,
sofriam com alegria o seu calvário, que era o
sinal de união contínua com Ele, o Herói
Estelar.
Abre, desse modo, os teus braços, submete-te
à cruz redentora e avança. Pára a ouvir um
pouco as vozes do passado que ensinam
experiências e não temas: sê fiel a Jesus
até o fim!
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Sol de Esperança]
[Editora LEAL]
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