quarta-feira, 16 de outubro de 2013

HADES E ARETUSA

Após as inúmeras dificuldades que acarretaram o acerto com Zeus e Deméter sobre o rapto de Perséfone,  Hades  agora pretendia se vingar de quem  lhe atraiçoara delatando o fato  a   Deméter.  Ele procurou Hermes e com ele fez um pacto onde o deus protetor dos ladrões lhe informava quem  era o autor  da façanha e o Deus dos infernos se comprometia a atende-lo em qualquer necessidade futura.
Hermes relutou um pouco em entregar o nome de quem  atiçara a ira do Deus dos Infernos, mas sabia também que Hades  não era um deus que alguém devia ter por inimigo. Tampouco poderia  dizer que não sabia  porque  o seu don de tomar  conhecimento instantâneo de tudo que envolvia  os interesses dos deuses, era por demais conhecido.
Hermes nutria uma incontida paixão por aquela que delatara  Hades, mas nada podia fazer para defendê-la naquele momento. Então, ele resolutamente confessou o nome da formosa ninfa Aretusa, amiga predileta de Deméter,  como autora do indigitado gesto. O tenebroso rosto do senhor do inferno se tornou ainda mais horrendo com o ódio estampado e os gigantescos olhos injetados;  a tempestade era iminente e  prometia ser  violenta.
Hermes se projetou pelo mundo afora em busca da sua amada que, por sua causa, estava em sério perigo. Localizou-a nas proximidades dos Montes Cárpatos no momento em que a bela ninfa era arrebatada pelo lúgubre Caronte que, a mando do seu chefe, também estava no encalço da ninfa. Hermes partiu em cima de Caronte  mas este usando o dom da invisibilidade escapou do seu perseguidor.
Não restou outro meio ao deus mais rápido do Olimpo do que procurar Deméter e pedir a sua ajuda. A deusa se mostrou assaz preocupada com a sorte da sua amiga, mas também não estava menos feroz quando soube da conduta de Hermes. Debalde Hermes procurava convencê-la da inutilidade da sua recusa e o acréscimo na ira de Hades com a sua negativa. Após contar a Deméter sobre o amor que nutria  pela linda ninfa, Deméter  se prontificou em ajuda-lo a resgatar a sua amiga, uma vez que ela também tinha culpa na sua desdita, foi para ajudá-la a localizar sua filha que a ninfa atraiu a fúria do deus infernal.
A noite se aproximava e não era bom  qualquer tratativa com Hades em horas noturnas. Sendo ele um deus das sombras, estas lhe redobravam as forças e aguçava seus poderes. Combinaram se encontrar na manhã seguinte no monte Citerão, onde se localizava a caverna das ninfas. No dia seguinte, estando Hermes e Deméter na entrada da caverna, arquitetaram o plano para atrair Hades. Deméter, tomando a forma da sua filha  se transportou para a entrada  que dava acesso ao rio Aqueronte. Hades, alertado por Caronte, vê a sua amada fugindo dos seu domínios. Desesperado ele parte em seu encalço, mas  Perséfone (Deméter), foge para a caverna Mellissani. Adentrando na caverna, Hades se depara com a sua amada que lhe propõe retornar ao seu reino somente após ele conceder liberdade a ninfa Aretusa, amiga da sua mãe.
O deus reluta nessa concessão, alegando que a sua permanência no seu reino já estava decidida por acordo dele com a sua mãe e  Zeus. Deméter relutava para não demonstrar a sua ira contra o raptor da sua filha. Procurava sensibilizar Hades, tendo por aliado o amor que ele tinha por Perséfone. Mas, Hades era um deus vingativo e não admitia que uma divindade  secundária, uma ninfa, pudesse provocar impunemente a sua cólera. Nesse ínterim, Hades soltou a sua terrível gargalhada. Caronte, usando dos seus poderes telepáticos, lhe alertava que Perséfone estava no seu reino e aquela com quem ele tratava era sua mãe, Deméter. Descoberta, Deméter não se fêz de rogada, reafirmando ao deus a sua intenção de libertar a sua amiga. Aberto o confronto, Hades eriça ainda mais na sua resistência.  Nesse momento, Hermes adentra na caverna da ninfas. Sem compreender a razão da sua presença, Hades procura seu apoio. No entanto, Hermes confessa seu amor pela ninfa Aretusa e pede a sua libertação. Hades dá um riso zombeteiro, sem pretender levar a sério a paixão de Hermes. Mas este lhe lembra da sua dívida, e a cobra mediante a libertação de Aretusa. Hades não tem como se furtar, já que havia se comprometido com Hermes.
Diante da pressão de Deméter e o seu compromisso com Hermes, Hades procura uma saída honrosa e, fazendo-se de magnânimo, concorda em libertar a  prisioneira.  Todavia, ele impõe uma condição, ela será transformada numa fonte onde não poderá mais fazer uso da sua perigosa língua. Malgrado, não poder mais vê-la na sua forma feminina, Hermes entende que é melhor do que vê-la para sempre no reino das sombras. Concluído o acordo, Aretusa se ver transformar numa  linda fonte jorrando águas cristalinas, cercada de flores e de lindos pássaros.
Nas tardes, Hermes vinha com a sua lira tocar para a sua amada que, embevecida, vinha lavar os pés do seu amado rumorejando o seu amor e a ternura de sua alma apaixonada.
Beau Geste


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