domingo, 13 de janeiro de 2008

O EFEITO DA CÓLERA

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou certo dia,
aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários
amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e
reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade
premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe
solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos
da consciência dilacerada.
O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se
encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
- Vai em paz e não peques mais.
O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se
curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos
sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer,
pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés.
O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a
bengaladas.
Estabeleceu-se grande tumulto.
Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
Contemplando a vitima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:
- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não
pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado
que tu?
O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou
para o Cristo:
- Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?
Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio
coração.
E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor,
adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

(De "Pão Nosso", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Meimei)

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