terça-feira, 8 de janeiro de 2008

SOMOS OS LÁZAROS DA ESCRITURA

Não deve existir nenhuma interpretação oficial obrigatória, dogmática, da mensagem de Jesus. Nenhuma instituição humana foi por Ele investida de autoridade especial ou de procuração particular para interpretar e ministrar com exclusividade os ensinos do Mestre. Se assim fosse, Jesus teria deixado aos homens não um código de moral e ética de livre acesso e uso geral de todos os povos, mas um instrumento particular de força e dominação em poder de grupos privilegiados, em nome da fé.

A única autorização que se conhece está explícita nos Evangelhos, através de Suas próprias palavras quando disse: “Onde houver duas ou mais pessoas reunidas em meu nome, aí também estarei”. Logo, os ensinos do Cristo não formam compêndio particular de ninguém, nem a sua interpretação se submete ao espírito de seita ou de religião em conflitos nas disputas pela pretensa posse das verdades eternas. Ninguém está proibido de buscar o tesouro moral dos Evangelhos para partilhá-lo com os necessitados do pão da alma, recolhendo-lhe a interpretação que melhor assimile os princípios da lógica e da razão nele contidos.

E a razão nos diz que as lições do Mestre não podem conflitar com o caráter divino da sua missão. Não se pode abster-se de considerar nelas o fundo moral de Suas idéias, a essência do Seu pensamento superior formulados em linguagem inerente à cultura da época e da região. Assim é que em narrativas como a da Ressurreição de Lázaro, a interpretação não deve se ater à forma literária própria do evangelista para detalhar o acontecimento. A amplitude psicológica do episódio em si, os ensinamentos nele sinalizados limitaram a capacidade interpretativa do escritor que se restringiu mais aos aspectos formais, às emoções do fato, fruto do nível de percepção.

O mais importante, porém, nesse episódio como noutros semelhantes, é a leitura dos sinais embutidos na mensagem. Eles falam mais do que o fato em si. É deles que devemos recolher, como o garimpeiro na bateia, as pedras preciosas das verdades do Cristo, em prol da transformação real dos homens. Visto por esse prisma, o Lázaro das Escrituras somos todos nós que ainda estamos enfaixados nas próprias imperfeições, imobilizados pela morte da ignorância e da rebeldia, à espera da ressurreição que não virá enquanto não removermos a pedra que nos impede a saída de nós. Na ressurreição de Lázaro, Jesus pede que se retire a pedra para que Lázaro volte à vida. É uma alusão às dificuldades, aos empeços que criamos a toda hora contra a nossa própria libertação dos males em que nos enredamos.

Continuamos retidos por essas pedras que se expressam na forma de dores e sofrimentos, sepultando-nos sonhos e esperanças. Permanecemos moucos ao chamamento do Cristo que nos convida a deixar o túmulo das nossas ilusões, desfazendo-se, como Lázaro, das ataduras da morte que nos paralisa a vontade e nos impede de acordar para uma vida nova, alçando vôos mais altos pelos espaços infinitos de nossos anseios de felicidade e paz – rumo à verdadeira vida!



Com as bênçãos do Divino médico Jesus,



Deocleciano


Pereira, Wanderley. Ditado pelo Espírito Deocleciano.

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