quinta-feira, 12 de junho de 2008

QUEM NAMORA AGRADA A DEUS






Artur da Távola


Quem namora agrada a Deus,
namorar é a forma bonita de viver um amor.

Não namora quem cobra, nem quem desconfia.

Namora, quem lê nos olhos e sente no coração
as vontades saborosas do outro.

Namora, quem se embeleza em estado de amor.

Namora, quem suspira, quem não sabe esperar, mas espera.

Namora, quem se sacode de taquicardia
e timidez diante da paixão.

Namora, quem ri por bobagem, quem sente frios
e calores nas horas menos recomendáveis.

Não namora quem ofende e transforma a relação num inferno, ainda que por amor.

Amor às vezes entorta, sabia?

Namorados que se prezam têm a sua música
e não temem se derreter quando ela toca.

Ou, se o namoro acabou, nunca mais
dela se esquecem.

Namorados que se prezam gostam de beijo, suspiro, mordem o mesmo pastel, dividem
a empada, bebem no mesmo copo.
Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro ou lhes parecem ridículas
nos outros.

Por falar em beijo, só namora quem beija
de mil maneiras e sabe cada pedaço
e gostinho da boca amada.

Namora, quem começa a ver muito mais
no mesmo que sempre viu e jamais reparou.

Flores, árvores, a santidade, o perdão, Deus,
tudo fica mais fácil para quem de verdade
sabe o que é namorar.

Por isso só namora quem se descobre
dono de um lindo amor.

Namora, quem diz: "precisamos muito conversar" e quem é capaz de perder tempo, muito tempo, com a mais útil das inutilidades e pensar
no ser amado, degustar cada momento vivido
e recordar palavras, fotos e carícias
com uma vontade doida de estourar o tempo
e embebedar-se de flores astrais.

Namora, quem fala da infância e da fazenda
das férias, quem aguarda com aflição o telefone tocar e dá um salto para atendê-lo
antes mesmo do primeiro "trim".

Namora, quem namora, quem à toa chora,
quem rememora, quem comemora datas
que o outro esqueceu.

Namora, quem é bom, quem gosta da vida,
de nuvem, de rio gelado e parque de diversões.

Namora, quem sonha, quem teima,
quem vive morrendo de amor
e quem morre vivendo de tanto amar.

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