domingo, 28 de outubro de 2007

A ORAÇÃO CURATIVA


Meus amigos.

Que a paz do Cristo permaneça em nossos corações, conduzindo-nos para a luz.

Fui padre católico romano, naturalmente limitado às concepções do meu ambiente, mas não tanto que não pudesse compreender todos os homens como tutelados de Nosso Senhor.

A morte do corpo veio dilatar os horizontes de meu entendimento e agora vejo com mais clareza a necessi­dade do esforço conjunto de todas as nossas escolas de interpretação do Evangelho, para que nos confraternize­mos com fervor e sinceridade, à frente do Eterno Amigo.

Com esse novo discernimento, visito-vos o núcleo de ação cristianizante, tomando por tema a oração como po­der curativo e definindo a nossa fé como dom providen­cial.

O mundo permanece coberto de males de toda a sorte.

Há epidemias de ódio, desequilíbrio, perversidade e ignorância, como em outro tempo conhecíamos a infes­tação de peste bubônica e febre amarela.

Em toda parte, vemos enfermidades, aflições, des­contentamentos, desarmonias...

Tudo é doença do corpo e da alma.

Tudo é ausência do Espírito do Senhor.

Não ignoramos, porém, que todos temos a prece à nossa disposição como força de recuperação e de cura.

É necessário orientar as nossas atividades, no sen­tido de adaptar-nos à Lei do Bem, acalmando nossos sentimentos e sossegando nossos impulsos, para, em se­guida, elevar o pensamento ao manancial de todas as bênçãos, colocando a nossa vida em ligação com a Divina Vontade.

Sabemos hoje que outras vibrações escapam à ciên­cia terrestre, além do ultravioleta e aquém do infra­vermelho.

À medida que se desenvolve nos domínios da inteli­gência, compreende o homem com mais força que toda matéria é condensação de energia.

Disse o Senhor: — «Brilhe vossa luz» — e, atual­mente, a experimentação positiva revela que o próprio corpo humano é um gerador de forças dinâmicas, cons­tituído assim como um feixe de energias radiantes, em que a consciência fragmentária da criatura evolui ao im­pacto dos mais diversos raios, a fim de entesourar a Luz Divina e crescer para a Consciência Cósmica.

Vibra a luz em todos os lugares e, por ela, estamos informados de que o Universo é percorrido pelo fluxo divino do Amor Infinito, em freqüência muitíssimo ele­vada, através de ondas ultracurtas que podem ser trans­mitidas de espírito a espírito, mais facilmente assimiláveis por intermédio da oração.

Cada aprendiz do Evangelho necessita, assim, afei­çoar-se ao culto da prece, no próprio mundo íntimo, va­lorizando a oportunidade que lhe é concedida para a co­munhão com o Infinito Poder.

Para isso, contudo, é indispensável que a mente e o coração da criatura estejam em sintonia com o amor que domina todos os ângulos da vida, porque a lei do amor é tão matemática como a lei da gravitação.

Mentalizemos a eletricidade, por exemplo, na rede iluminativa. Caso apareça qualquer hiato na corrente, ninguém se lembrará de acusar a usina, como se o fluxo elétrico deixasse de existir. Certificar-nos-emos sem difi­culdade de que há um defeito na lâmpada ou na tomada de força.

Derrama-se o amor de Nosso Senhor Jesus-Cristo para todos os corações, no entanto, é imprescindível que a lâmpada de nossa alma se mostre em condições de re­ceber-lhe o Toque Sublime.

Os materiais que constituem a lâmpada são apetre­chos de exteriorização da luz, mas a eletricidade é invisível.

Assim também, nós vemos o Amor de Deus em nossas vidas, por intermédio do Grande Mediador, Jesus-Cristo, em forma de alegria, paz, saúde, concórdia, progresso e felicidade; entretanto, acima de todas essas manifesta­ções, abordáveis ao nosso exame, permanece o invisível manancial do Ilimitado Amor e da Ilimitada Sabedoria.

Usando imagens mais simples, recordemos o serviço da água no abrigo doméstico.

Logicamente, as fontes são alimentadas por vivas reservas da Natureza, mas, para que a água atinja os recessos do lar, não prescindiremos da instalação ade­quada.

A canalização deve estar bem disposta e bem limpa.

Em vista disso, é necessário que todas as atitudes em desacordo com a Lei do Amor sejam extirpadas de nossa existência, para que o Inesgotável Poder penetre através de nossos humildes recursos.

O canal de nossa mente e de nosso coração deve es­tar desimpedido de todos os raciocínios e sentimentos que não se harmonizem com os padrões de Nosso Senhor.

Alcançada essa fase preparatória, é possível utili­zar a oração por medida de reajuste para nós e para os outros, incluindo quantos se encontram perto ou longe de nós.

Ninguém pode calcular no mundo o valor de uma prece nascida do coração humilde e sincero diante do Todo-Misericordioso.

Certamente as tinturas e os sais, as vitaminas e a radioatividade são elementos que a Providência Divina colocou a serviço dos homens na Terra.

É também compreensível que o médico seja indis­pensável, muitas vezes, à cabeceira dos doentes, porque, em muitas situações, assim como o professor precisa do discípulo e o discípulo do professor, o enfermo precisa do médico, tanto quanto o médico necessita do enfermo, na permuta de experiência.

Isso, porém, não nos impede usar os recursos de que dispomos em nós mesmos. E estejamos convictos de que, ligando o fio de nossa fé à usina do Infinito Bem, as fontes vivas do Amor Eterno derramar-se-ão através de nós, espalhando saúde e alegria.

Assim como há lâmpadas para voltagens diversas, cada criatura tem a sua capacidade própria nas tarefas do auxílio. Há quem receba mais, ou menos força.

Desse modo, conduzamos nossa boa-vontade aos companheiros que sofrem, suplicando a Infinita Bondade em favor de nós mesmos.

É indispensável compreender que a oração opera uma verdadeira transfusão de plasma espiritual, no levanta­mento de nossas energias.

Se nos sentimos fracos, peçamos o concurso de um companheiro, de dois companheiros ou mais irmãos, por­que as forças reunidas multiplicam as forças e, dessa forma, teremos maiores possibilidades para a eclosão do Amparo Divino que está simplesmente esperando que a nossa capacidade de transmissão e de sintonia se amplie e se eleve, em nosso próprio favor.

Mentalizemos o órgão enfermo, a pessoa necessita­da ou a situação difícil, à maneira de campos em que o Divino Amor se manifestará, oferecendo-lhes nosso co­ração e nossas mãos, por veículos de socorro, e veremos fluir, por nós, os mananciais da Vida Eterna, porque o Pai Todo-Compassivo e Jesus Nosso Senhor nunca se empobrecem de bondade.

A indigência é sempre nossa.

Muitos dizem «não posso ajudar porque não sou bom», mas, se já fôssemos senhores da virtude, estaría­mos noutras condições e noutras esferas.

Consola-nos saber que somos discípulos do bem e, nessa posição, devemos exercitá-lo.

Movimentemos a boa-vontade.

Não temos ainda as árvores da generosidade e da compreensão, da fé irrepreensível e da perfeita caridade, mas possuímos as sementes que lhes correspondem. E toda semente bem plantada recolhe do Alto a graça do crescimento.

Assim, pois, para que tenhamos assegurado o êxito da nossa plantação de qualidades superiores, é preciso nos disponhamos a fazer da própria vida um canal de manifestação do Constante Auxílio.

Todos temos provas, dificuldades, moléstias, aflições e impedimentos, contudo, dia a dia, colocando nosso espírito à disposição do Divino Amor que flui do centro do Universo para todos os recantos da vida, desenvolver-nos-emos em entendimento, elevação e santificação.

Trabalhemos, portanto, estendendo a oração curativa.

A vossa assembléia de socorro aos irmãos contur­bados na- sombra é uma exaltação da prece desse teor, porque trazeis ao vosso círculo de serviço aquilo que guardais de melhor e contais simplesmente com o Divino Poder, já que nós, de nós mesmos, nada detemos ainda de bom senão a migalha de nossa confiança e de nossa boa-vontade.

Em nome do Evangelho, sirvamos e ajudemos.

E que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos assista e abençoe.



Eustáquio



Livro: Instruções Picofônicas – Chico Xavier / Espíritos Diversos

Nenhum comentário: