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segunda-feira, 30 de março de 2009
A desgraça Real
Desgraça é todo acontecimento funesto, desonroso, que aturde e desarticula
os sentimentos, conduzindo a estados paroxísticos, desesperadores.
Não somente aqueles que se apresentam trágicos, mas também inúmeros outros
que dilaceram o ser íntimo, conspirando contra as aspirações do
ideal e do Bem, da fraternidade e da harmonia íntima.
Chegando de surpresa, estiola a alegria, conduzindo ao corredor escuro
da aflição.
Somente pode avaliar o peso de angústias aquele que lhes experimenta
o guante cruel.
Há, no entanto, desgraças e desgraças. As primeiras são as que irrompem
desarticulando a emoção e desestruturando a existência física e
moral da criatura que, não raro, sucumbe ante a sua presença e
aqueloutras, que não são identificadas por se constituírem conseqüências de
atos infelizes, arquitetados por quem ora lhes padece os efeitos danosos.
Essa, sim, são as desgraças reais.
Há ocorrências que são enriquecedoras por um momento, trazendo alegrias e
benesses, para logo depois se converterem em tormentos e sombras,
escassez e loucura. No entanto, quando se é responsável pela infelicidade
alheia, ao trair-se a confiança, ao caluniar-se, a investir-se contra os
valores éticos do próximo, semeando desconforto ou sofrimento, levando-o
ao poste do sacrifício, ou à praça do ridículo, a isso chamaremos desgraça
real, porque o seu autor não fugirá da própria nem da Consciência Cósmica.
Assim considerando, muitos infortúnios de hoje são bênçãos, pelo
que resultarão mais tarde, favorecendo com paz e recuperação o déspota e
infrator de ontem, em processo de recuperação do mal praticado.
Sob outro aspecto, o prazer gerado na insensatez, os ganhos desonestos, as
posições de relevo que se fixam no padecimento de outras vidas, o triunfo
que resulta de circunstâncias más para outrem, os tesouros acumulados sobre a
miséria alheia, os sorrisos da embriaguez dos sentidos, o desperdício
e abuso ante tanta miséria, constituem fatores propiciadores de dolorosos
efeitos, portanto, são desgraças inimagináveis, que um dia ressurgirão
em copioso pranto, em angústias acerbas, em solidão e deformidade de toda ordem,
pela necessidade de expungir-se e reeducar-se no respeito às Leis soberanas
da Vida e aos valores humanos desrespeitados.
O Homem-Jesus não poucas vezes chamou a atenção para essa desgraça, não
considerada, e para a felicidade, por enquanto envolta em problemas, mas
única possibilidade de ser fruída por definitivo.
Todos os que choram, os famintos e os sequiosos de justiça, os padecentes de
perseguições, todos momentaneamente em angústia, logo mais receberão o quinhão
do pão, da paz, da vitória, se souberem sofrer com resignação, após haverem
resgatado os compromissos infelizes a que se entregaram anteriormente, e
geradores da situação atual aflitiva.
Aqueles porém, que sorriem na loucura da posse, que se locupletam sobre os
bens da infâmia e da cobiça, que são aplaudidos pelas massas e anatematizados
pela consciência, oportunamente serão tomados pelas lágrimas, pela falta,
pelo tormento...
São inderrogáveis as Leis da Vida, constituindo ordem e harmonia no
Universo. [...]
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Jesus e o Evangelho – À Luz da Psicologia Profunda]
[Editora LEAL]
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