sábado, 8 de setembro de 2012

50 ANOS DEPOIS - Emmanuel


CARTA AO LEITOR
Meu amigo, Deus te conceda paz.
Se leste as páginas singelas do "Há Dois Mil Anos...", é possível que
procures aqui, a continuação das lutas intensas, vividas pelas suas
personagens reais, na arena de lutas redentoras da Terra.
50 ANOS DEPOIS Emmanuel
É por esse motivo que me sinto obrigado a explicar-te alguma coisa,
com respeito ao desdobramento desta nova história.
Cinqüenta anos depois das ruínas fumegantes de Pompéia, nas
quais o Impiedoso senador Públio Lentulus se desprendia novamente do
mundo, para aferir o valor de suas dolorosas experiências terrestres, vamos
encontrá-lo, nestas páginas, sob a veste humilde dos escravos, que o seu
orgulhoso coração havia espezinhado outrora. A misericórdia do Senhor
permitia-lhe reparar, na personalidade de Nestório, os desmandos e
arbitrariedades cometidos no pretérito, quando, como homem público,
supunha guardar nas mãos vaidosas, por injustificável direito divino, todos
os poderes. Observando um homem cativo, reconhecerás, em cada traço
de seus sofrimentos, o venturoso resgate de um passado de faltas
clamorosas.
Todavia, sinto-me no dever de esclarecer-te a curiosidade, com
referência aos seus companheiros mais diretos, na nova romagem terrena,
de que este livro é um testemunho real.
Não obstante estarem na Terra, pela mesma época, os membros da
família Severus, Flávia e Marcus Lentulus, Saul e André de Gioras, Aurélia,
Sulpicio, Fúlvia e demais comparsas do mesmo drama, devo esclarecer-te
que todos esses companheiros de luta mourejavam, na ocasião, em outros
setores de sofrimentos abençoados, não comparecendo aqui, onde o
senador Públio Lentulus aparece, aos teus olhos, na indumenta de escravo,
já na idade madura, como elemento integrante de um quadro novo.
De todas as personagens do "Há Dois Mil Anos. . . ", um
contínuo aqui se encontra, junto de outras figuras do mesmo tempo, como
Policarpo, embora não relacionado nominalmente no livro anterior,
companheiro esse que, pelos laços afetivos, se lhe tornara um irmão
devotado e carinhoso, pelas mesmas lutas Políticas e sociais. A Roma de
Nero e de Vespasiano. Quero referir-me a Pompilio Crasso, aquele mesmo
irmão de destino na destruição de Jerusalém, cujo coração palpitante lhe
fora retirado do peito por Nicandro, às ordens severas de um chefe cruel e
vingativo.
Pompílio Crasso é o mesmo Helvídio Lucius destas páginas,
ressurgindo no mundo para o trabalho renovador e, aludindo a um amigo
dedicado e generoso, quero dizer-te que este livro não foi escrito de nós e
por nós, no pressuposto de descrever as nossas lutas transitórias no
mundo terrestre.
Este livro é o repositório da verdade sobre um coração sublime de
mulher, transformada em santa, cujo heroísmo divino foi uma luz acesa na
estrada de numerosos Espíritos amargurados e sofredores.
No "Há Dois Mil Anos. . ." buscávamos encarecer uma época de
luzes e sombras, onde a materialidade romana e o Cristianismo disputavam
a posse das almas, num cenário de misérias e esplendores, entre as
extremas exaltações de César e as maravilhosas edificações em Jesus-
Cristo. Ali, Públio Lentulus se movimenta num acervo de farraparias morais
e deslumbramentos transitórios; aqui, entretanto, como o escravo Nestório,
observa ele uma alma.
50 ANOS DEPOIS Emmanuel
Refiro-me a Célia, figura central das páginas desta história, cujo
coração, amoroso e sábio, entendeu e aplicou todas as lições do Divino
Mestre, no transcurso doloroso de sua vida. Na seqüência dos fatos, dentro
da narrativa, seguirás os seus passos de menina e de moça, como se
observasses um anjo pairando acima de todas as contingências da Terra.
Santa pelas virtudes e pelos atos de sua existência edificante, seu
Espírito era bem o lírio nascido do lodo das paixões do mundo, para
perfumar a noite da vida terrestre, com os olores suaves das mais divinas
esperanças do Céu.
Podemos afirmar, portanto, leitor amigo, que este volume não
relaciona, de modo integral, a continuação das experiências purificadoras
do antigo senador Lentulus, nos círculos de resgate dos trabalhos
terrestres. É a história de um sublime coração feminino que se divinizou no
sacrifício e na abnegação, confiando em Jesus, nas lágrimas da sua noite
de dor e de trabalho, de reparação e de esperança. A Igreja Romana lhe
guarda, até hoje, as generosas tradições, nos seus arquivos envelhecidos,
se bem que as datas e as denominações, as descrições e apontamentos se
encontrem confusos e obscuros pelo dedo viciado dos narradores humanos.
Mas, meu irmão e meu amigo, abre estas páginas refletindo no
turbilhão de lágrimas que se represa no coração humano e pensa no
quinhão de experiências amargas que os dias transitórios da vida te
trouxerem. É possível que também tenhas amado e sofrido muito. Algumas
vezes experimentaste o sopro frio da adversidade enregelando o teu
coração. De outras, feriram-te a alma bem intencionada e sensível a calúnia
ou o desengano. Em certas circunstâncias, olhaste também o céu e
perguntaste, em silêncio, onde se encontrariam a Verdade e a Justiça,
invocando a misericórdia de Deus, em preces dolorosas. Conhecendo,
porém, que todas as dores têm uma finalidade gloriosa na redenção do teu
Espírito, lê esta história real e medita. Os exemplos de uma alma
santificada no sofrimento e na humildade, ensinar-te-ão a amar o trabalho e
as penas de cada dia; observando-lhe os martírios morais e sentindo, de
perto, a sua profunda fé, experimentarás um consolo brando, renovando as
tuas esperanças em Jesus-Cristo.
Busca entender a essência deste repositório de verdades
confortadoras e, do plano espiritual, o Espírito purificado de nossa heroína
derramará em teu coração o bálsamo consolador das esperanças sublimes.
Que aproveites do exemplo, como nós outros, nos tempos
recuados das lutas e das experiências que passaram, é o que te deseja um
irmão e servo humilde.
EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 19 de dezembro de 1989.

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