segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Arroubos na Mediunidade

Livro: No Mundo da Mediunidade
Odilon Fernandes & Carlos Baccelli


"Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor." – 2 Timóteo, cap. 2 - v.22

O exercício legítimo da mediunidade não comporta arroubos ou paixões de qualquer espécie.

É evidente que não há um só medianeiro que seja completamente isento: todos caminham para a direção a que os seus passos os conduzem; todavia, para melhor desempenhar a sua função, o médium não há de aspirar a ser mais que a superfície polida de um espelho a refletir a imagem, sem distorções.

Não olvidemos, porém, que não bastará ao médium ser um bom refletor de imagens... No caso da mediunidade, o direcionamento que se lhe dê é fator preponderante.

Nenhum medianeiro é instrumento tão passivo quanto se imagina; mesmo na chamada mediunidade inconsciente há um mínimo de interferência intelectual do médium na produção do fenômeno. Não há como a entidade comunicante se sobrepor totalmente ao instrumento mediúnico: a emoção é do médium; a tonalidade da mensagem veiculada expressa as cores do médium; há de haver uma conjugação de interesses e de propósitos... Na obsessão, os espíritos aparentemente em conflito guardam certa identidade que lhes possibilita a sintonia.

Qualquer paixão que se exacerbe no médium — não importa de que ordem seja — interfere no resultado final. A água da fonte, apesar dos percalços que encontra, continua a correr na direção do rio, no entanto nem sempre há como se lhe preservar a pureza na trajetória que cumpre. Indiferente, porém, ao que a corrompe, ela continua a deslizar, com o firme propósito de purificar o seu próprio leito...

O melhor médium, pois, será conceituado por nós, não como o que menos interfere na produção do fenômeno mediúnico, mas sim, o que dele participa de forma consciente e responsável, coadjuvando a entidade comunicante.

Quando os desencarnados puderem contar mais com médiuns, sem que a insegurança, a dúvida e o preconceito se lhes interponham, a fenomenologia espírita se enriquecerá sobremodo.

Por enquanto, infelizmente, temos muito mais verdadeiros arremedos de contatos mediúnicos do que mediunidade significando integração real entre os Dois Planos da Vida.

Os medianeiros que, na atualidade, têm tomado a iniciativa de participar decisivamente da tarefa do intercâmbio são os sem-escrúpulos: os que poderiam cooperar conosco de maneira construtiva, esbarram em sua excessiva timidez ou na falta de disciplina.

O único arroubo admissível na mediunidade deve ser o de idealismo puro. Todas as demais paixões são incompatíveis, até mesmo aquela que nos leve a defender a Doutrina com inflexibilidade e intolerância.

O texto que diz "foge, outrossim, das paixões da mocidade", na oportuna advertência de Paulo ao jovem discípulo do Evangelho, deve ser interpretado por nós como a necessidade de fugirmos de toda e qualquer manifestação de imaturidade, no exercício de nossas faculdades espirituais.

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