sexta-feira, 17 de abril de 2009

JOANNA DE ÂNGELIS








"Aos irmãos menos felizes, auxilia como possas, esquece as faltas alheias, e sim, pensemos nas nossas."
(Cornélio Pires)



Um Espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios.

Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome Joanna de Ângelis, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de Joana de Cusa, uma discípula de Francisco de Assis, na grandiosa Sóror Juana Inês de La Cruz e na intimorata Joanna Angélica de Jesus. Joana de Cusa, uma das piedosas mulheres do Evangelho.

Era esposa de Cuza, procurador de Herodes, o Tetrarca (governador de uma tetrarquia), (cada uma das partes de um estado ou província dividida em quatro governos). Joana foi curada por Jesus (Lucas VIII 2 e 3), com Maria de Madalena, Suzana e muitas outras mulheres, as quais lhe prestava assistência com os seus bens. Em Lucas 24:10 é mencionada entre as mulheres que, na manhã da Páscoa, tendo ido ao sepulcro de Jesus, o encontraram vazio.

Em Roma, no ano de 27 de agosto de 68, por não ter renunciado sua fé em Jesus, é sacrificada, numa fogueira no Coliseu. Desencarnou perdoando seus carrascos. Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé.

Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum". "Trata-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores." O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor.

Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de Jesus que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que o seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância. Servindo-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho.

Jesus traçou-lhe um roteiro de conduta que facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe. Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhice.

Já com a idade avançada, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por Jesus, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos no livro citado: "Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações. Abjura!... Exclamava um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio". A Antiga discípula do Senhor contempla o Céu, sem uma palavra de negação ou queixa.

Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: "Repudia a Jesus minha mãe!... Não vês que nós perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..." Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angústia que lhe retalham o coração.

Após recordar sua existência inteira, responde: "Cala-te, meu filho!". Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todos as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus.

Logo em seguida, as labaredas consomem seu corpo envelhecido libertando-a para a companhia de seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.



Fonte: Fundação Espírita André Luiz

Nenhum comentário: