quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Compaixão

Escasseia, na atual conjuntura terrestre, o
sentimento da compaixão.

Habituando-se aos próprios problemas e aflições,
o homem passa a não perceber os sofrimentos do
seu próximo.

Mergulhado nas suas necessidades, fica alheio
às do seu irmão, às vezes, resguardando- se numa
couraça de indiferença, a fim de poupar-se a
maior soma de dores.

Deixando de interessar-se pelos outros, estes
esquecem-se dele, e a vida social não vai além
das superficialidades imediatistas,
insignificantes.

Empedernindo o sentimento da compaixão, a
criatura avança para a impiedade e até para o
crime.

Olvida-se da gratidão aos pais e aos benfeitores,
tornando-se de feitio soberbo, no qual a presunção
domina com arbitrariedade.

Movimentando- se, na multidão, o indivíduo que foge
da compaixão, distancia-se de todos, pensando e
vivendo exclusivamente para o seu ego e para os
seus. No entanto, sem um relacionamento salutar,
que favorece a alegria e a amizade, os
sentimentos se deterioram, e os objetivos da vida
perdem a sua alta significação tornando-se mais
estreitos e egotistas.

A compaixão é uma ponte de mão dupla, propiciando
o sentimento que avança em socorro e o que retorna
em aflição.

é o primeiro passo para a vigência ativa das
virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o
bem-estar pessoal.

O individualismo é-lhe a grande barreira, face a
sua programação doentia, estabelecida nas bases
do egocentrismo, que impede o desenvolvimento das
colossais potencialidades da vida, jacentes em
todos os indivíduos.

A compaixão auxilia o equilíbrio psicológico, por
fazer que se reflexione em torno das ocorrências
que atingem a todos os transeuntes da experiência
humana.

É possível que esse sentimento não resolva grandes
problemas, nem execute excelentes programas. Não
obstante, o simples desejo de auxiliar os outros
proporciona saudáveis disposições físicas e mentais,
que se transformarão em recursos de socorro nas
próximas oportunidades.

Mediante o hábito da compaixão, o homem aprende
a sacrificar os sentimentos inferiores e a abrir
o coração.

Pouco importa se o outro, o beneficiado pela
compaixão, não o valoriza, nem a reconheça ou sequer
venha a identificá-la. O essencial é o sentimento
de edificação, o júbilo da realização por menor que
seja, naquele que a experimenta.

Expandir esse sentimento é dar significação à vida.

A compaixão está cima da emotividade desequilibrada
e vazia. Ela age, enquanto a outra lamenta; realiza
o socorro, na razão em que a última apenas se apieda.

Quando se é capaz de participar dos sofrimentos
alheios, os próprios não parecem tão importantes e
significativos.

Repartindo a atenção com os demais, desaparece o
tempo vazio para a s lamentações pessoais.

Graças à compaixão, o poder de destruição humana
cede lugar aos anseios da harmonia e de beleza na
Terra.

Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o
teu próximo, o mundo, e, compadecendo- te das suas
limitações e deficiências, cresce em ação no rumo
do Grande Poder.

[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Responsabilidade]
[Editora LEAL]

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