terça-feira, 26 de maio de 2009

Suspeita

Suspeita é a "crença desfavorável, acompanhada
de desconfiança" , referente a alguma coisa
ou a alguém. Mau juízo decorrente de idéia
vaga, sem apoio legítimo, que, no entanto, se
transforma em urze calamitosa, espraiando-se
no campo mental e culminando por asfixiar os
nobres ideais em que se devem sustentar as
aspirações humanas.

De maleável contextura, a suspeita, semelhante
ao miasma sutil, se adensa e se avoluma,
logrando vencer quem a cultiva.

Normalmente, reflete o estado espiritual
daquele que a agasalha.

A consciência reta não lhe dá guarida, enquanto
o sentimento atormentado padece-lhe a
constrição, o estigma.

Necessário cercear-lhe o avanço, porquanto,
de fácil aceitação corrói as melhores
estruturas, conseguindo exteriorizar- se em
maledicência vinagrosa, que numa frase decepa
uma existência digna e, num sorriso de mofa,
ceifa as mais elevadas expressões de
jovialidade e de progresso.

A suspeita é a genitora do ciúme, que dela
se nutre, passando de simples idéia leviana
a obsessão tormentosa, geradora de alucinação
e impulsionadora de crimes.

Ninguém está imune à suspeita do próximo.

Cada um vê uma paisagem conforme a cor das
lentes que tem sobre os olhos. Assim, muitos
fatos parecem o que melhor convém aos
espectadores ou às suas personagens.

Coarctado pela insidiosa suspeita dos levianos
e maliciosos, não sintonizes os teus com os
seus pensamentos enfermos.

Insiste na perseverança das realizações a que
te vinculas, sem permitir-te diminuir a
intensidade que lhe conferes.

Muitas vezes o que parece ser, verdadeiramente
tem outra significação, que não pode ser
apreendida de relance. Mesmo em acurada
observação, fatos e coisas se expressam mais
de acordo com o observador do que com a sua
própria estrutura.

Abre, assim, o espírito à tranqüilidade e
não estaciones nos degraus da mágoa que a
suspeita dos outros coloca à tua frente, nem
te facultes a leviandade de suspeitar de
ninguém.

Quem erra, faz-se escravo do gravame que
comete.

O culpado, embora se disfarce, conhece a face
do engano ou do crime perpetrado.

Ninguém se evade da província da consciência
culpada, antes de conseguiu o ônus da auto-
recuperação.

Não poucas vezes, no Colégio Galileu, quando
medravam suspeitas e maledicências, o Mestre
Irrepreensível conclamou ao amor integral e
à confiança ilimitada.

Por essa razão, toda a mensagem da Boa Nova
está estruturada no perdão e na humildade,
com que o cristão deve pavimentar o caminho
da sua ascensão espiritual.

E apesar de seguir sob a perniciosa suspeita
de quase todos que O cercavam, Jesus permaneceu
integérrimo, edificando o Reino de Deus, até
mesmo quando traído e sacrificado, atestando
do alto da Cruz ser o símbolo perene da
suprema vitória do Espírito ilibado, como
estímulo para os caminhantes da retaguarda,
que somos todos nós.

Guarda-te, portanto, na paz, sem suspeitar
de ninguém.

[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Celeiro de Bênçãos]
[Editora LEAL]

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