sábado, 16 de maio de 2009

MENSAGEM DE PAI BENEDITO DOS CRUZEIROS






Amados filhos e filhas
Que Olorum nosso Pai de Amor, Luz e Bondade nos cubra com Seu manto de paz
Na manhã de 14 de maio de 1888 meus olhos se encherem de lágrimas.
Pude divisar de onde me encontrava uma multidão de irmãos e irmãs "cativos" cantarem em suas senzalas e comemorarem sua libertação, que foi escrita por anjo branco chamado Isabel.
Na manhã de 14 de maio de 1888, muitos irmãos e irmãs saíram para caminhar nas ruas, alguns meio tímidos, pois ainda não podiam acreditar que a "liberdade" que tanto almejavam mesmo diante dos olhares desaprovadores dos senhores de engenho e seus capatazes havia acontecido e meus olhos se encheram de lágrimas.
Na manhã de 14 de maio de 1888 novos rumos e novas expectativas nossos irmãos e irmãs mulatos e mulatas, traçavam em suas vidas, mas algo ainda estava errado.
A liberdade foi escrita somente do lado exterior do homem, pois seu interior ainda carregava a intolerância religiosa, moral, racial o que se estende até estes 121 anos de alforria e meus olhos se enchem de lágrimas ao constatarem isso.
Filhos, sofrer dentro de um cativeiro não foi tarefa fácil para nenhum negro, mas a dor maior que podemos sofrer é dentro do cativeiro de nossas próprias almas.
Desejo que no dia de hoje 121 anos depois da libertação dos escravos que cada um possa libertar-se do cárcere que criou em suas vidas.

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Libertar-se da arrogância
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Libertar-se do preconceito
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Libertar-se da incapacidade de perdoar seu semelhante
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Libertar-se de sua falta de fé e de sua intolerância
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Libertar-se de seu orgulho pessoal
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Libertar-se do ódio e da avareza

Que neste dia filhos possamos quebrar nossas correntes da alma e nos apegarmos as mãos de Oxalá
Na manhã de 14 de maio meu coração chorou em ver meus irmãos e irmãs libertos, como chora hoje em ainda poder constatar que muitos estão presos dentro de si.

De um negro que pouco sabe da vida, mas que o pouco que sabe converteu em amor incondicional

PAI BENEDITO DOS CRUZEIROS

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