Olá amigos, sejam bem-vindos !!
Este é um espaço reservado para que possamos refletir um pouco sobre a espiritualidade. Estudem, comentem e estejam à vontade!
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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
A Caridade vem de Dentro
Jorge Gomes
Caridade. Para o espiritismo é a virtude máxima. É indiscutível que começa em casa, e, em síntese, é o amor em movimento.
Na óptica espírita, o oposto da caridade é o egoísmo. Ela é generosa, ele é mesquinho.
Não está em causa o manicaísmo resultante das concepções que se recusam a ver o ser humano como alguém submetido ao trabalho da sua própria evolução: todo o bem de um lado, do outro o mal. Herculano Pires já dissertou com mestria sobre a função do egoísmo nos horizontes evolutivos de onde vimos, via reencarnação, na sua obra «Curso Dinâmico de Espiritismo». O egoísmo é uma forma de comportamento que estamos a abandonar e que encontra as suas causas profundas no eterno desejo de estar bem, embora siga, é claro, pelo caminho errado. Ser não é possuir. Estar não é ser.
Não justifiquemos por isso o egoísmo, a que estamos a deixar de tender, quando se percebe que já temos condições de melhorar.
Essa tendência no percurso evolutivo de qualquer pessoa é parecida com a corrente de um curso de água na busca do oceano. Os rios, a partir da nascente, são rápidos, de leito abrupto, mas amansam à medida que atingem o mar e que envelhecem. Na evolução é também assim. E estamos no início, não nos iludamos.
Tão inconsciente é essa tendência de sermos egoístas, como se compreende, que agimos com ele, vindo de nós próprios, nas suas diversas roupagens sociais - a veste familiar, o pano comunitário e a farda nacional.
Resultados
Viver por viver não satisfaz. É importante viver bem. Seja neste plano de vida material, seja no Além. O egoísmo resseca, desalenta, infelicita. O amor refaz, desanuvia, alegra, e jamais se desgasta, tanto mais quanto mais depurado é. Isso porque é a meta evolutiva a que tendemos, em estágios mais amadurecidos.
A caridade - nada mais que o amor em movimento - é a grande desconhecida. Passa na história da Humanidade com personagens memoráveis, e assim sonhamos tê-la connosco. O grande problema é o de a conquistar: ela não se compra nem se transfere de uns para outros. Adquire-se, construindo-a no imo. Não é um objecto.
Também não é obra construída de agora para logo ou de hoje para amanhã, como um produto acabado. O psiquismo humano é complexo, como se se compusesse de diversas camadas que se justapõem numa individualidade una e única.
Um mergulho de superfície na caridade não é de desperdiçar. Mas daí a acreditar-se que o problema de a assimilar é imediato e rápido vai um longo caminho que desmente essa ilusão: o da experiência.
É compreensível: evoluir, amadurecer espiritualmente, não é seguir regras de fora para dentro, memorizar, mas sim debater ideias, estudar, aprender, testar, vivenciar para constituir sabedoria. E esta, património irreversível (quando muito apenas ocultado temporariamente via reencarnatória ou outra), segundo as situações concretas, verte atitudes luminosas de dentro para fora, sem esperar ou desejar aplauso, que não seja o da sua consciência feliz.
Ser e parecer
Caridade não é «caridadezinha». Temos uma amiga cuja prática é admirável. Integra uma equipa directora de uma associação de protecção à infância. Há algum tempo houve um jantar beneficente ilustrado com quem dizem ser o herdeiro da extinta coroa portuguesa. Esgotados os lugares, entre os sócios houve uma senhora que ficou ofendida por não lhe reservarem bilhetes ao ponto de entre impropérios dizer que ia deixar de ser sócia.
É um exemplo clássico. A contribuição dessa senhora revoltada feita até à data não perdeu valor. Ela é que rejeita a alegria de continuar a colaborar na satisfação das necessidades dessas crianças em séria dificuldade. Essa mistura do egoísmo e do orgulho com a caridade não é coisa fácil de erradicar. Porquê?
Porque a evolução para ser real, autêntica, tem de ser amadurecida em todas as camadas do nosso psiquismo, das mais superficiais para as mais profundas, e só quando atinge, se sedimenta nestas é que se torna mais frequente.
Vejamos a definição elevada, sucinta, clara e completa de «O Livro dos Espíritos»:
Allan Kardec: - Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entende Jesus?
Resposta: - Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
Doação imaterial
Caridade é doação afectiva, desinteressada, espontânea. Traz aos destinatários um bem-estar real, não um gozo periférico. O espírito Emmanuel, numa mensagem ensina que ficamos apenas com o que damos.
Caridade é a fraternidade que acompanha o gesto, a atitude interior. Não é o gesto visualizado. Este pode apenas querer parecer, para merecer o aplauso mundano, conforme descreve o Evangelho.
Pensar nos outros, nas suas dificuldades. Ajudar... sem atrapalhar.
Neste cenário, contudo, quando uma mão se estende para auxiliar, torna-se necessário, em geral, que haja uma mão que queira receber. Este é um dos maiores entraves ao processo de aproximação que envolve a caridade. Os espíritos mais sábios sabem «convencer» o necessitado a aceitar a contribuição fraterna, ao cativá-lo, sensibilizando-o.
A caridade vai-se sedimentando no nosso comportamento tanto mais quanto mais o quisermos, sem angústias ou pressas. E começa nas mais pequeninas coisas. Às vezes ajuda reflectir no lado bom das pessoas mais próximas, em casa, no trabalho, na rua, ou das circunstâncias. Pensar na caridade sem ser de cima para baixo, como sendo eu o bom e o outro o desgraçado. Somos seres que caminhamos lado a lado, todos necessitados do amparo recíproco. Temos momentos melhores umas vezes, de outras têm os outros.
O que não resulta, por certo, é fazer cobranças a outrem, porque é melhor convencermo-nos, em benefício próprio, que ninguém - mas mesmo ninguém - tem qualquer obrigação de ser caridoso connosco, mas, de facto, nós próprios temos a maior obrigação de ser caridosos com os demais, entendendo-os, perdoando o que houvesse a perdoar, agradecendo a quota de generosidade com que de uma forma ou de outra nos beneficiam...
E aí, caridade pode ser o silêncio de alguém que nos tolera algum desassossego.
Os amigos
Às vezes, irreflectidamente, acreditamos que os nossos amigos são aqueles que jamais nos apontam os enganos, que nos dizem que somos os maiores do mundo, que nos batem nas costas, mesmo quando estamos quase a caminho de um colapso de consciência.
Caridade não é aplaudir, apoiar a asneira. É manter a fraternidade de, na altura certa, sem violência, dizer o que se pensa, mesmo que não nos seja perguntado directamente.
Dar mais espaço a alguém em caminhada acelerada para estertorosa queda não é ser seu amigo. Aparecer como se lhe desse apoio, isso não é ajudá-lo.
A caridade não exclui a disciplina nem uma conduta coerente, mas sem agressividade.
Caridade social
A nossa tendência a tomar os conteúdos pela forma conduz a confusões como as de considerar que a prática da caridade para ser autêntica obriga a participar necessariamente - e em casos extremos até a criar - em obras de assistência social como orfanatos, hospitais, lares de idosos. Diz-se que o movimento espírita brasileiro passou a ser respeitado pelas obras dessa índole que foi criando com muito altruísmo. Até pode ser. Mas o facto é que o que dignifica mesmo, e passa uma boa impressão para quem não é espírita, é a conduta da pessoa em causa: o seu equilíbrio, a sua brandura, a sua paz, a sua capacidade de perdoar, numa palavra o seu timbre de caridade.
Esta virtude não nasce de fora para dentro, a partir de regulamentos: é manifestação afectiva de dentro para fora. A base da caridade assenta na sensibilidade, no conhecimento, no discernimento.
Depois, a caridade não tem rótulo. Não existe uma caridade espírita, outra budista, etc.. O amor em movimento - a caridade - é universalista, ajuda sem olhar a quem, levantando o ser para a dignificação de si próprio. É louvável matar a fome e a sede a quem a tem, inquestionavelmente. Mas proporcionar-lhe educação para prover a si próprio é o mais desejável. A maior caridade não será a divulgação do espiritismo?
Fonte: Revista de Espiritismo nº. 34 - FEP
domingo, 30 de dezembro de 2007
A morte da filha de Pelé.
Arthur da Távola.
Não sou juiz de pessoas.
Cada ser humano tem direito a seu mistério
e à sua subjetividade.
Por isso, não escrevo para julgar o Pelé,
como tenho lido fartamente por aí.
Quero apenas traduzir um sentimento especial
que me dominou, quando soube da morte
de sua filha, em Santos, precoce,
por câncer fulminante.
Sempre que a vi na televisão, impressionou-me
a semelhança com o pai e com os traços de Pelé atenuados e arredondados.
Pelé tem olhos mongólicos.
Ela os possuía redondos, tristes e belos.
Pelé é e está sempre a sorrir, devolvendo à vida
o que esta lhe deu em milagre e dádivas.
Essa moça, não.
Apesar de bonita de rosto, padecia de uma
solidão adivinhada, precisou do exame do DNA
para ser reconhecida como filha,
o pai nunca ou quase nunca a visitou.
E mandou uma coroa a seu enterro.
Não compareceu (compadeceu?)
Há mistérios empáticos entre os seres humanos.
No rosto daquela quase menina, como diz o samba
do Sérgio Bittencourt sobre seu pai Jacob do Bandolim, ficou "a saudade dele a doer em mim".
Desconheço causas, intimidades,
pormenores da vida dela.
E as razões do pai.
Apenas sei que havia sido reeleita Vereadora,
o que já é sinal de trabalho aprovado.
Como vivem as pessoas que procuram
um pai ou a mãe por toda uma vida?
Digo-o por mim. Meu pai não me abandonou.
Ao contrário, amava-me profundamente.
Porém morreu quando eu tinha recém feito
onze anos de idade.
Entrei na puberdade, adolescência, juventude,
na vida, sem pai.
Um dia, muitos anos depois, li em Freud
que a perda de um pai nesta fase constitui-se
em irreparável tragédia.
Por sorte, minha mãe soube ser "mãepai".
Mas a verdade é que, aos setenta anos,
ainda procuro meu pai nas dobras da memória,
nos esconderijos do Mistério.
E, desde rapaz, sempre selecionei inconscientemente alguns pais optativos nas pessoas com quem convivi, admirei e muito me influenciaram: Anísio Teixeira, Marcial Dias Pequeno, Dr. Américo Piquet Carneiro, Orizon Carneiro Muniz, Dr. Pedro Figueiredo Ferreira, Dr. Domício de Arruda Câmara,
meu tio Geraldo Moretzsohn e meus outros tios
Mario Gonçalves Ramos e Willy Koff.
Sem falar em dezenas de escritores.
Suspendo as menções, pois levaria a crônica inteira
a citar nomes, mas sempre gente mais velha constituiu
o meu rol de admirações filiais.
Acalento e acalanto em minha empatia
a solidão desta moça a quem o pai
(por motivos que só ele deve saber)
jamais a quis como filha.
E sinto a sua dor como se minha fosse.
Corrói saber de uma solidão cósmica e irreparável.
É... acho que Freud tinha razão: perder um pai
desde cedo, ou nunca tê-lo, é a dor de uma tragédia existencial que se leva para o túmulo.
Em vida, jamais desaparece.
Quem souber responder de modo cabal a este sortilégio do destino, por favor, cartas para o endereço
de meu site publicado logo aqui abaixo.
E, desde já, agradeço a iluminação que vier a receber.
Artur da Távola
Não sou juiz de pessoas.
Cada ser humano tem direito a seu mistério
e à sua subjetividade.
Por isso, não escrevo para julgar o Pelé,
como tenho lido fartamente por aí.
Quero apenas traduzir um sentimento especial
que me dominou, quando soube da morte
de sua filha, em Santos, precoce,
por câncer fulminante.
Sempre que a vi na televisão, impressionou-me
a semelhança com o pai e com os traços de Pelé atenuados e arredondados.
Pelé tem olhos mongólicos.
Ela os possuía redondos, tristes e belos.
Pelé é e está sempre a sorrir, devolvendo à vida
o que esta lhe deu em milagre e dádivas.
Essa moça, não.
Apesar de bonita de rosto, padecia de uma
solidão adivinhada, precisou do exame do DNA
para ser reconhecida como filha,
o pai nunca ou quase nunca a visitou.
E mandou uma coroa a seu enterro.
Não compareceu (compadeceu?)
Há mistérios empáticos entre os seres humanos.
No rosto daquela quase menina, como diz o samba
do Sérgio Bittencourt sobre seu pai Jacob do Bandolim, ficou "a saudade dele a doer em mim".
Desconheço causas, intimidades,
pormenores da vida dela.
E as razões do pai.
Apenas sei que havia sido reeleita Vereadora,
o que já é sinal de trabalho aprovado.
Como vivem as pessoas que procuram
um pai ou a mãe por toda uma vida?
Digo-o por mim. Meu pai não me abandonou.
Ao contrário, amava-me profundamente.
Porém morreu quando eu tinha recém feito
onze anos de idade.
Entrei na puberdade, adolescência, juventude,
na vida, sem pai.
Um dia, muitos anos depois, li em Freud
que a perda de um pai nesta fase constitui-se
em irreparável tragédia.
Por sorte, minha mãe soube ser "mãepai".
Mas a verdade é que, aos setenta anos,
ainda procuro meu pai nas dobras da memória,
nos esconderijos do Mistério.
E, desde rapaz, sempre selecionei inconscientemente alguns pais optativos nas pessoas com quem convivi, admirei e muito me influenciaram: Anísio Teixeira, Marcial Dias Pequeno, Dr. Américo Piquet Carneiro, Orizon Carneiro Muniz, Dr. Pedro Figueiredo Ferreira, Dr. Domício de Arruda Câmara,
meu tio Geraldo Moretzsohn e meus outros tios
Mario Gonçalves Ramos e Willy Koff.
Sem falar em dezenas de escritores.
Suspendo as menções, pois levaria a crônica inteira
a citar nomes, mas sempre gente mais velha constituiu
o meu rol de admirações filiais.
Acalento e acalanto em minha empatia
a solidão desta moça a quem o pai
(por motivos que só ele deve saber)
jamais a quis como filha.
E sinto a sua dor como se minha fosse.
Corrói saber de uma solidão cósmica e irreparável.
É... acho que Freud tinha razão: perder um pai
desde cedo, ou nunca tê-lo, é a dor de uma tragédia existencial que se leva para o túmulo.
Em vida, jamais desaparece.
Quem souber responder de modo cabal a este sortilégio do destino, por favor, cartas para o endereço
de meu site publicado logo aqui abaixo.
E, desde já, agradeço a iluminação que vier a receber.
Artur da Távola
CONVÉM REFLETIR
“Mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” – (Tiago, 1:19)
Analisar, refletir, ponderar são modalidades do ato de ouvir. É indispensável que a criatura esteja
sempre disposta a identificar o sentido das vozes, sugestões e situações que a rodeiam.
Sem observação, é impossível executar a mais simples tarefa no ministério do bem. somente após
ouvir, com atenção, pode o homem falar de modo edificante na estrada evolutiva.
Quem ouve, aprende. Quem fala, doutrina.
Um guarda, outro espalha.
Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com êxito.
O conselho do apóstolo é, portanto, de imorrecedoura oportunidade.
E forçoso é convir que, se o homem deve ser pronto nas obserbações e comedido nas palavras,
deve ser tardio em irar-se.
Certo, o caminho humano oferece, diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto,
sempre que possível, é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes,
surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparece.
Tenhamos em mente que todo homem nasce para exercer uma função definida. Ouvindo sempre,
pode estar certo de que atingirá serenamente os fins a que se destina, mas, falando, é possível que
abandone o esforço ao meio, e, irando-se, provavelmente não realizará coisa alguma.
Livro: CAMINHO VERDADE E VIDA
Francisco Cândido Xavierpelo espírito: EMMANUEL
PONTE PARA A SANIDADE
Livro: A Imensidão dos Sentidos
Hammed & Francisco do Espírito Santo Neto
"A faculdade mediúnica é indício de um estado patológico anormal?
Algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas. "
(Livro dos Médiuns - 2ªParte - cap. XVIII, item 221-1)
Na Antigüidade, a cura das doenças era assunto dos sacerdotes e, portanto, da religião.
Os médicos do clero tratavam os doentes por meio de rituais e cantos mágicos em santuários enormes.
A enfermidade era considerada como a cólera de Deus, e os religiosos atuavam como intermediários ou "pontes" entre a Divindade e os homens.
Operavam como "pontífices", ou seja, "construtores de pontes" (do latim "pontifex", palavra para designar sacerdote).
Há muito tempo a tradição católica presta homenagem ao Papa, conferindo-lhe o título de Sumo Pontífice.
No passado, as enfermidades eram vinculadas à culpa, isto é, aos pecados.
O arrependimento dos erros estava intimamente ligado à cura do doente; a penitência reconciliava a criatura novamente com Deus.
Como os médiuns, na atualidade, são denominados "intermediários" ou "pontes" entre o mundo físico e o espiritual, e a mediunidade é vista, muitas vezes e de forma confusa, como "dádiva sagrada" ou "corretivo divino", isso pode levar as criaturas a tirar conclusões equivocadas.
Todos nós somos herdeiros de inúmeras experiências do pretérito.
Encontram-se impressos em nossos painéis do inconsciente profundo idéias e conceitos incorretos, remanescentes do passado distante, depositados desde tempos imemoriais em nosso arcabouço psicológico.
É preciso renovarmos essas concepções inadequadas sobre a Espiritualidade, para melhor entendermos os mecanismos da Vida Providencial.
Em muitas circunstâncias, interpretamos novos conhecimentos sem dissociar nossos velhos conceitos.
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade.
Ela não é moral, mas sim amoral.
É simplesmente uma das funções psicofisiológicas do ser humano.
Em virtude disso, podemos enquadrá-la como um dos sentidos de que a alma se utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da vida.
A faculdade medianímica não gera doenças.
Ela não pode ser responsabilizada pelo estado patológico das criaturas; é, antes de tudo, uma excelente ferramenta para ajudá-las a despertar espiritualmente e a compreender a si mesmas, os outros seres e o Universo.
Quando exercitada, porém, de modo impróprio pode trazer riscos às pessoas psicologicamente frágeis ou vulneráveis.
O fenômeno psíquico em si não produz a insanidade.
No entanto, toda e qualquer faculdade, quando exercida de forma exaustiva e prolongada, pode conduzir à fadiga ou à enfermidade.
Uma pessoa tem em alto grau o dom de cantar e o utiliza, ou para glorificar as belezas da Terra, ou para exaltar canções obscenas.
Mas, neste caso, sua voz não pode ser julgada imoral.
Os olhos, além de transmitir nossos sentimentos e intenções, também colhem as impressões e a disposição dos outros. Eles tanto expressam emoções puras e sadias, que nascem do coração, como também inveja e revolta, que exalam um brilho estranho de hipocrisia.
Contudo, a visão não pode ser acusada de agente de falsidade ou desequilíbrio.
As mãos, quando empregadas na canalização da energia nuclear, podem iluminar e aquecer os lares; assim como podem explodi-los, se utilizadas indevidamente.
O sexo, é um dos departamentos mais sublimes da natureza humana. Cria, através das emoções sexuais, as energias necessárias para a manutenção dos afetos e a materialização das formas.
Há, porém, quem o utilize para a satisfação das sensações mais grosseiras e torpes.
Isso, contudo, não lhe tira o mérito sublime para o qual foi criado.
É sempre a criatura que, servindo-se de seus sentidos, dá à sua existência um destino construtivo ou destrutivo. Nós é quem decidimos que fim vamos dar aos nossos recursos e possibilidades.
Todavia, não podemos nos esquecer de que somos livres para escolher nossos atos e atitudes, mas prisioneiros de suas conseqüências.
Precisamos aprender a usar a mediunidade, assim como usamos normalmente as nossas capacidades humanas - a percepção, a atenção, o bom senso, a memória, o critério lógico, a linguagem, enfim, todas as atividades do nosso reino interior.
Por sua vez, não é recomendável utilizar as faculdades psíquicas para explorar "outros mundos", até que tenhamos o pleno controle do mundo em que estamos vivendo aqui e agora.
Desenvolver nosso "sexto sentido" não é um meio de resolver problemas comportamentais cuja solução está ao nosso alcance; de buscar auxílios imediatistas, de tirar proveitos pessoais, de conseguir respostas paliativas para problemas reais. Quando começamos a vivenciar experiências extra-sensoriais, é a hora urgente de intensificarmos a análise distintiva da realidade e da ilusão.
Em muitas ocasiões, habilidades transcendentais quando mal elaboradas podem nos levar a ser "servos apaixonados", mas "discípulos distraídos".
A compreensão da faculdade mediúnica torna-se confusa e difícil para nós na medida em que também vemos os traços característicos de certas doenças mentais. Pois os sinais precursores da mediunidade podem eclodir e ser confundidos com os sintomas das deficiências fisiopsíquicas.
Em razão disso, nem sempre se pode compreender com facilidade, ou ver com clareza, a distinção entre as manifestações mediúnicas, em seu inicio, e os estados doentios.
Mediunidade é um produto do processo de desenvolvimento da natureza humana.
Médiuns não são "agraciados", nem "enfermos". São uma verdadeira "ponte para a sanidade".
Podem, sim, se tornar verdadeiros pontífices ("construtores de pontes") em busca da saúde integral - estado de consciência em harmonia plena com as leis naturais do Universo.
Religando a si mesmos com a Fonte Divina, eles são capazes de preparar caminhos para que se estabeleça a cura real para a humanidade.
Diante dessas nossas considerações, finalizamos com a resposta dos Espíritos Superiores quando afirmam a Allan Kardec que o fenômeno mediúnico pode ser considerado "algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas".
Hammed & Francisco do Espírito Santo Neto
"A faculdade mediúnica é indício de um estado patológico anormal?
Algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas. "
(Livro dos Médiuns - 2ªParte - cap. XVIII, item 221-1)
Na Antigüidade, a cura das doenças era assunto dos sacerdotes e, portanto, da religião.
Os médicos do clero tratavam os doentes por meio de rituais e cantos mágicos em santuários enormes.
A enfermidade era considerada como a cólera de Deus, e os religiosos atuavam como intermediários ou "pontes" entre a Divindade e os homens.
Operavam como "pontífices", ou seja, "construtores de pontes" (do latim "pontifex", palavra para designar sacerdote).
Há muito tempo a tradição católica presta homenagem ao Papa, conferindo-lhe o título de Sumo Pontífice.
No passado, as enfermidades eram vinculadas à culpa, isto é, aos pecados.
O arrependimento dos erros estava intimamente ligado à cura do doente; a penitência reconciliava a criatura novamente com Deus.
Como os médiuns, na atualidade, são denominados "intermediários" ou "pontes" entre o mundo físico e o espiritual, e a mediunidade é vista, muitas vezes e de forma confusa, como "dádiva sagrada" ou "corretivo divino", isso pode levar as criaturas a tirar conclusões equivocadas.
Todos nós somos herdeiros de inúmeras experiências do pretérito.
Encontram-se impressos em nossos painéis do inconsciente profundo idéias e conceitos incorretos, remanescentes do passado distante, depositados desde tempos imemoriais em nosso arcabouço psicológico.
É preciso renovarmos essas concepções inadequadas sobre a Espiritualidade, para melhor entendermos os mecanismos da Vida Providencial.
Em muitas circunstâncias, interpretamos novos conhecimentos sem dissociar nossos velhos conceitos.
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade.
Ela não é moral, mas sim amoral.
É simplesmente uma das funções psicofisiológicas do ser humano.
Em virtude disso, podemos enquadrá-la como um dos sentidos de que a alma se utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da vida.
A faculdade medianímica não gera doenças.
Ela não pode ser responsabilizada pelo estado patológico das criaturas; é, antes de tudo, uma excelente ferramenta para ajudá-las a despertar espiritualmente e a compreender a si mesmas, os outros seres e o Universo.
Quando exercitada, porém, de modo impróprio pode trazer riscos às pessoas psicologicamente frágeis ou vulneráveis.
O fenômeno psíquico em si não produz a insanidade.
No entanto, toda e qualquer faculdade, quando exercida de forma exaustiva e prolongada, pode conduzir à fadiga ou à enfermidade.
Uma pessoa tem em alto grau o dom de cantar e o utiliza, ou para glorificar as belezas da Terra, ou para exaltar canções obscenas.
Mas, neste caso, sua voz não pode ser julgada imoral.
Os olhos, além de transmitir nossos sentimentos e intenções, também colhem as impressões e a disposição dos outros. Eles tanto expressam emoções puras e sadias, que nascem do coração, como também inveja e revolta, que exalam um brilho estranho de hipocrisia.
Contudo, a visão não pode ser acusada de agente de falsidade ou desequilíbrio.
As mãos, quando empregadas na canalização da energia nuclear, podem iluminar e aquecer os lares; assim como podem explodi-los, se utilizadas indevidamente.
O sexo, é um dos departamentos mais sublimes da natureza humana. Cria, através das emoções sexuais, as energias necessárias para a manutenção dos afetos e a materialização das formas.
Há, porém, quem o utilize para a satisfação das sensações mais grosseiras e torpes.
Isso, contudo, não lhe tira o mérito sublime para o qual foi criado.
É sempre a criatura que, servindo-se de seus sentidos, dá à sua existência um destino construtivo ou destrutivo. Nós é quem decidimos que fim vamos dar aos nossos recursos e possibilidades.
Todavia, não podemos nos esquecer de que somos livres para escolher nossos atos e atitudes, mas prisioneiros de suas conseqüências.
Precisamos aprender a usar a mediunidade, assim como usamos normalmente as nossas capacidades humanas - a percepção, a atenção, o bom senso, a memória, o critério lógico, a linguagem, enfim, todas as atividades do nosso reino interior.
Por sua vez, não é recomendável utilizar as faculdades psíquicas para explorar "outros mundos", até que tenhamos o pleno controle do mundo em que estamos vivendo aqui e agora.
Desenvolver nosso "sexto sentido" não é um meio de resolver problemas comportamentais cuja solução está ao nosso alcance; de buscar auxílios imediatistas, de tirar proveitos pessoais, de conseguir respostas paliativas para problemas reais. Quando começamos a vivenciar experiências extra-sensoriais, é a hora urgente de intensificarmos a análise distintiva da realidade e da ilusão.
Em muitas ocasiões, habilidades transcendentais quando mal elaboradas podem nos levar a ser "servos apaixonados", mas "discípulos distraídos".
A compreensão da faculdade mediúnica torna-se confusa e difícil para nós na medida em que também vemos os traços característicos de certas doenças mentais. Pois os sinais precursores da mediunidade podem eclodir e ser confundidos com os sintomas das deficiências fisiopsíquicas.
Em razão disso, nem sempre se pode compreender com facilidade, ou ver com clareza, a distinção entre as manifestações mediúnicas, em seu inicio, e os estados doentios.
Mediunidade é um produto do processo de desenvolvimento da natureza humana.
Médiuns não são "agraciados", nem "enfermos". São uma verdadeira "ponte para a sanidade".
Podem, sim, se tornar verdadeiros pontífices ("construtores de pontes") em busca da saúde integral - estado de consciência em harmonia plena com as leis naturais do Universo.
Religando a si mesmos com a Fonte Divina, eles são capazes de preparar caminhos para que se estabeleça a cura real para a humanidade.
Diante dessas nossas considerações, finalizamos com a resposta dos Espíritos Superiores quando afirmam a Allan Kardec que o fenômeno mediúnico pode ser considerado "algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas".
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
NATAL DE AÇÃO
NATAL DE AÇÃO
Quando Jesus nasceu, os valores éticos haviam sido substituídos pela
hegemonia da força, que dominava, gerando aflições em toda parte.
Os direitos humanos, desprezados, permitiram que a criatura valesse
menos que um animal de carga, animais a que se viam reduzidos os que
tombavam nas armadilhas da astúcia, da delinqüência e da guerra.
O mundo era um burgo do Império romano, que se estendia praticamente
por toda a Terra conhecida.
Jesus chegou e modificou as estruturas do comportamento social,
criando um conceito surpreendente de vida, que deu margem ao
surgimento do homem integral.
Estabeleceu a ética do amor, fundamentanda no dever e na disciplina,
demonstrando que o poder da força nada logra, senão amontoar
cadáveres e deixar rastros de destruição...
Comprovando a anterioridade do ser ao corpo e a sua sobrevivência à
morte, edificou um reino nos corações, capaz de resistir a todas as
conjunturas.
Seu verbo, sustentado pelo combustível do exemplo, penetrava nos
ouvintes como uma luz que jamais se apagaria, traçando rotas de
segurança para todo o sempre.
Quem O ouvisse não permaneceria indiferente: amava-O ou detestava-O.
Arrebatou multidões que se sucederam, espraiando pelos quadrantes do
globo terrestre uma onda de esperança.
É verdade que as circunstâncias e as ocorrências atuais são mui
semelhantes àquelas, as do Seu tempo.
Ao lado das conquistas tecnológicas surgem os decepcionantes
resultados éticos, na vastidão da miséria moral, social e econômica
que consome as criaturas...
Todavia, nunca foi tão marcante a presença de Jesus, no mundo, quanto
agora.
Descrucificado, ele inspira homens e Instituições à mudança de
compoprtamento, alterando as porpostas filosóficas da sociedade, que
se deve tornar mais justa e equânime em relação aos sofredores que
enxameiam em toda parte.
Demitizado, ele participa das lutas daqueles que O amam,
impulsionando- os à ação transformadora de urgência, em prol de um
mundo melhor.
Sua mensagem vibra em inúmeras mensagens que proclamam a necessidade
da paz, da não-violência, do amor.
Ele age através de incontáveis mãos que se transformam em alavancas
de progresso, não se permitindo a paralisia nem a indiferença ante a
fraqueza dos vencidos e a pequenez dos oprimidos.
Une a tua às vozes do bem que instalam a Era da fraternidade entre os
homens.
Segue laborando com os que arrebentam as algemas do conformismo em
favor dos caídos e dos desditosos.
Não te permitas a inação, que é a morte da alma.
Atua com os teus recursos, modestos que sejam, esse sublime
investimento da divindade, auxiliando-o a adquirir dignidade e valor,
metas que o Evangelho propõe a todos os de boa vontade, sobre os
quais pairará a paz na Terra e fora dela.
Comemora o Natal do Cristo, repartindo amor e esperança, trabalho e
fraternidade com as demais criaturas, confirmando, dessa forma, que
Ele já nasceu em ti, e age com elevação que O caracterizou quando
aqui esteve no passado.
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo P.Franco]
[Viver é Amar]
[Editora LEAL]
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
INDULGÊNCIA PERMANENTE
Escasseia, cada vez mais, no comportamento humano, a indulgência.
Relevante para o êxito da criatura em si mesma e em relação ao próximo, o
pragmatismo negativo dos interesses imediatos vem, a pouco e pouco,
desacreditando-a, deixando-a à margem.
Sem a indulgência no lar, diante das atitudes infelizes dos familiares
ou em referência aos seus equívocos, instala-se a malquerença; na
oficina de atividades comerciais, produz a desconfiança; no trato social
propicia o desconforto moral e responde pela competição destrutiva...
Tentando substituí-la, as criaturas imprevidentes colocam nos lábios a
mordacidade no trato com o semelhante, a falsa superioridade, a
ofensa freqüente, a hipocrisia em arremedos de tolerância.
A indulgência para com as faltas alheias é perfeita compreensão da
própria fragilidade, a refletir-se no erro de outrem, entendendo que
todos necessitam de oportunidade para recuperar-se, e facultando-a sem
assumir rígido comportamento de censor ou injustificável postura de
benfeitor.
A indulgência é um sentimento de humanidade que vige em todas as
pessoas, aguardando desdobramento e vitalidade que somente o esforço de cada
qual logra realizar.
É calma e natural, fraterna e gentil, brotando como linfa cristalina ao
alcance do sedento.
Generosa, não guarda qualquer ressentimento, olvidando as ofensas a
benefício do próprio agressor.
A indulgência é um ato de amor que se expande e de caridade que se
realiza.
Mede-se a conquista moral de um homem pelo grau de indulgência que
possui em relação aos limites e erros alheios.
Ninguém que jornadeie, no mundo, sem errar e que, por sua vez, não
necessite da indulgência daqueles a quem magoa ou contra os quais se
levanta.
A indulgência pacifica o infrator, auxiliando-o a crescer em espírito e
abre áreas de simpatia naquele que a proporciona.
Virtude do sentimento, a indulgência revela sabedoria da razão. Agredido
pela ignorância do poviléu, ou pela astúcia farisaica, ou pela
covardia dos amigos, ou pela pusilanimidade de Pilatos, Jesus foi
indulgente para com todos, não obstante jamais houvesse recebido ou
necessitasse da indulgência de quem quer que fosse.
Lecionando o amor, toda a Sua vida é um hino à indulgência e uma
oportunidade de redenção ao equivocado.
Sê, pois, tu também, indulgente em relação ao teu próximo, quão
necessitado te encontras da indulgência dos outros assim como da Vida.
(De: "Viver e amar", de Divaldo P. Franco - Joanna de Ângelis)
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Actualidade do Natal
Andando sem rumo, sob o flagício de mil aflições,
o homem moderno deixa-se dominar pelo desânimo ou pela ansiedade,
malbaratando o valioso contributo da inteligência e do sentimento com que a vida o enriqueceu,
exaurindo-se, ora no consumismo insensato, ora na revolta desastrada por falta de recursos económicos ou emocionais para realizar-se.
A insatisfação é a tónica do comportamento individual e social que vige na Terra.
Aqueles indivíduos que experimentam carência de qualquer natureza
lamentam-se e rebolcam-se na rebeldia, que degenera em violência,
enquanto aqueloutros que se encontram afortunados, deixam-se dominar pelas extravagâncias ou pelo tédio,
derrapando, uns e outros, nas viciações perturbadoras
ou na dependência de substâncias químicas de funestas consequências.
As admiráveis conquistas da Ciência e da Tecnologia não os tornaram mais felizes nem menos tensos,
pelo contrário, empurraram-nos na direção trágica da neurastenia ou da depressão nas quais estorcegam.
Indubitavelmente trouxeram incomparável ajuda para a solução de diversos sofrimentos e situações penosas, de progresso material e social,
porém, não conseguiram penetrar o cerne dos seres humanos, modificando-lhes as disposições íntimas em relação à existência terrena e aos seus objetivos essenciais.
Considerando a vida apenas do ponto de vista material, sem as consequentes avaliações em torno do Espírito imortal, o comportamento materialista domina as mentes e os corações, que acreditam na felicidade em forma de valores amoedados, satisfações dos sentidos, destaque social e harmonia física...
Vive-se o apogeu da glória tecnológica diante dos descalabros comportamentais que jugulam os seres humanos aos estados primevos da evolução.
Há conquistas do Infinito sem realização pessoal, sorrisos de triunfo sem sustentação de felicidade, que logo se transformam em esgares, situações invejáveis mas alicerçadas na miséria, na doença e no desconforto das pessoas excluídas...
Faltando-lhes, porém, a vivência dos compromissos ético-morais, logo se lhes apresentam os desapontamentos íntimos, e os conflitos se lhes instalam devoradores.
Uma tormenta inigualável paira nos céus da sociedade moderna, ameaçando-a com tragédias inomináveis.
Em período idêntico, no passado, salvadas as distâncias compreensíveis, veio Jesus à Terra.
O mundo encontrava-se conturbado pelo poder mentiroso, pela falácia dos dominadores, pelas ambições desmedidas, pelas conquistas arbitrárias, pelas ilusões tresvariadas...
Predominavam o luxo e a ostentação em alguns segmentos da humanidade, enquanto nos porões do abandono em que desfaleciam, incontáveis criaturas espiavam angustiadas o passar do tufão devorador...
Apareceu Jesus, e uma aragem abençoada varreu o mundo, modificando-lhe a psicosfera.
Sua voz levantou-se para profligar contra o crime e a insensatez, contra a indiferença dos fortes em relação aos seus irmãos mais fracos, contra a hipocrisia e o egoísmo então vigentes e dominantes como hoje ocorrem......
Misturando-se aos mutilados do corpo e da alma, ergueu-os do pó em que se asfixiavam, conduzindo-os na direção da glória estelar, demonstrando-lhes que a vida física é experiência transitória, e que os valores reais são os que pertencem ao Espírito imortal.
Utilizou-se da cátedra da Natureza e ensinou a felicidade mediante o desapego e o despojamento das alucinantes prisões às coisas e às paixões materiais.
Cantou a esperança aos ouvidos da angústia e proporcionou a saúde temporária a quantos se Lhe acercaram, alentando-os com a certeza da plenitude após vencidas as etapas de regeneração e de resgate que todos os seres se impõem no processo da evolução.
Atendeu a dor de todos os matizes, defendeu os pobres e oprimidos, os esfaimados e sedentos de justiça, a quem ofereceu os preciosos recursos de paz.
No entanto, quando acusado, abandonado, marchando para o testemunho, elegeu o silêncio, a submissão à vontade de Deus, a fim de ensinar pelo exemplo resignação e misericórdia para com os maus e perversos, confirmando a indiferença pelos valores do mundo físico destituídos de utilidade.
... E permanece até hoje como O Triunfador não conquistado, que prossegue alentando os padecentes, convocando-os à transformação moral para a conquista dos imperecíveis tesouros internos do amor, do perdão, da caridade, da paz...
Recorda-te de Jesus neste Natal e reaproxima-te d'Ele, analisando como te encontras e de que forma deverias estar moralmente, conscientizando-te do que já fizeste e de quanto ainda podes e deves investir em favor de ti mesmo e do teu próximo mais próximo, no lar, na rua, na humanidade...
O Natal é presença constante do amor e do bem na atualidade de todos os tempos.
Não te esqueças que a evocação do nascimento do Excelente Filho de Deus entre as criaturas humanas, é um convite para que O permitas renascer no teu íntimo, se estiver desaparecido da tua emoçao, ou prosseguir vivo e atuante nos teus sentimentos, convidados à construção da solidariedade, do dever e da lídima fraternidade que deve viger entre todos os seres sencientes que vagueiam no Planeta.
... E deixa que Jesus te fale novamente à acústica do coração e aos escaninhos da mente, repetindo-te o poema imortal das Bem-Aventuranças.
Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco,
no dia 20 de setembro de 2002,
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Meditando sobre o Espiritismo Cristão
Ednelson Abrahim
Os diversos caminhos traçados por mensageiros que Deus escolheu para trazer à humanidade suas leis, não devem servir para desagregação, não importa a forma, mas, o conteúdo, as diretrizes embaladas pelo o amor, a caridade, a fraternidade. Simpatias pessoais por um ou outro caminho não devem nortear a escolha. Os caminhos são muitos, as metas uma só.
O Espiritismo não é só Allan Kardec, é também Alan Kardec que tem o mérito de dar um cunho científico ao fato, despertando o interesse para pesquisa séria, acurada e aprofundada, pois de outra maneira o assunto ainda estaria estacionado na esfera mística.
Um dos princípios que devem nortear o Espiritismo é a liberdade, em sua mais abrangente expressão, poder escolher, pensar, criar, buscar respostas obviamente com toda a responsabilidade inerente ao seu alcance, pois quando entregamos um fruto nutritivo aos fatores de desagregação, em pouco tempo, transformar-se-á em bolo pestífero, é necessário vigiar o coração e fiscalizar os atos com a lâmpada viva das lições do Cristo.
A busca ao conhecimento, à auto iluminação não pode ser submetida a qualquer tipo de dogmas ou regras pré estabelecidas para a interpretação de um fato. É comum observarmos aos fatos tolhidos por regras impregnadas de preconceitos sociais, intelectuais, políticos e financeiros.
Em nosso parco entendimento sobre a comunicação entre as dimensões, geralmente desconhecemos e ignoramos a amplitude das infinitas criações de Deus, visto que o primeiro desafio que temos a enfrentar quando ousamos entender sua obra é o da limitação enevoada, ainda, pela soberba de um pretenso conhecimento que nos atrela à peguenos detalhes ritualísticos que satisfaçam ao nosso ego.
A fase do “fenômeno” não passou e jamais passará, ao contrário a comunicabilidade e manifestações espirituais estão cada vez mais evidentes e se estreitando em nosso dia a dia. No início do século XX, Charles Richet já chamava a atenção para a carência de médiuns de efeitos físicos. Para explicar o fato se faz necessário mencionar algumas situações: ao sair das salas fechadas para os salões de festas, as manifestações passaram a atender todo tipo de frivolidade e adotadas por charlatães e aqueles que tomavam para si o controle e propriedade do “fenômeno” e se apresentavam como iluminados. Em outra vertente aqueles que estão em busca de algo para se apegar e dar um sentido em suas vidas, a busca de um milagre para curar suas desditas, sem atinarem que a cura dos males da humanidade está em cada um de nós, em nos reformarmos intimamente, retirarmos a roupagem velha do inconformismo, da prepotência, da intransigência, do orgulho, da vaidade, do egoísmo, da intolerância e outros tantos hábitos inferiores e vestirmos a nova roupa do homem altruísta, fraterno, indulgente, caridoso, amoroso e ciente do seu papel como parte dessa grande família universal.
O estudo foi, é e será imprescindível para a evolução do ser humano, sem ele estagnamos, ficamos a nos repetir, não avançamos para o destino que nosso Amantíssimo Pai nos reservou, porem, de pouco vale sem a prática, de nada nos serve o conhecimento teórico sem a experimentação, sem termos com quem partilha-los, recitarmos capítulos, versículos e frases de efeito, copiadas de mensagens à nós trazidas por mentes iluminadas, se não levamos para o nosso cotidiano o amor incondicional à temperar as relações com nossos irmãos e principalmente para com os nossos desafetos ou os díspares. Os dogmistas sempre existiram e sempre existirão. Os sacerdotes tem por horizontes e necessidades íntimas, colocar a estrutura acima dos principios que norteiam qualquer prática teológica e se impõem como escolhidos a velarem para que não lhes fuja do controle.
Felizmente esta é uma realidade que jamais será aprisionada por qualquer instituição ou qualquer pessoa que se auto intitule como real representante do Espiritismo, assim como nenhum livro será eleito como bíblia, moldada de acordo com interesses que não tenham compromisso com a verdade e a moral cristã, as lições que Jesus, nosso grande Mestre nos deixou, com ocorreu com as interpretações e deturpações inseridas nos evangelhos para atender os interesse da igreja católica e outras igrejas. O Espiritismo é dinâmico atualizado pelos ensinamentos trazidos pelos administradores do plano superior, na forma de nossas percepções e pelo avanço da ciência que dia a dia dá passos largos para desvendar os mistérios do cosmo. Entretanto há que se ter um balizamento para orientar a prática, nem todos tem o mesmo discernimento, bom senso e bons propósitos para tarefa, muitos recuam diante das responsabilidades outros sucumbem às tentações da carne, ao seu primitivismo espiritual que redundam em orientações e conselhos danosos aos que buscam na doutrina um alento par seus momentos de fragilidade.
Os argumentos e fatos narrados no texto trazem o ranço das imposições, falta de esclarecimento e principalmente da falta de compromisso com a postura amorosa que deve ter um Espirita. As aflições da alma se refletem no corpo e nos atos com as mais diversas formas e estas por sua vez, no mundo carnal, são interpretadas como valores conquistados. Quando mais tarde a ilusão se desfaz, resta o amargo da egolatria a turvar a mente, oprimir o coração e cobrando à consciência, esse jardim onde Deus , O Todo Justo, semeou seus princípios, sempre propiciando, no mistério do amos, todos os recursos imprescindíveis aos resultados felizes.
Amar a Deus sobre todas as coisas e amar a todos como a si mesmo, perdoar para serdes perdoado, se temos algum esclarecimento, maior é nossa responsabilidade para com os irmão que vem na retaguarda. Essas são as diretrizes que todos os espiritas devam ter em suas mentes antes de iniciar qualquer atividade em qualquer lugar ou a qualquer hora.
Que a paz de Deus esteja com todos.
Ednelson Abrahim
http://www.institutoandreluiz.org/ca_ednelson_abrahim.html
MÃO BONDOSA E PURA
Estendei Vossa mão bondosa e pura,
Mãe querida dos fracos pecadores,
Aos corações dos pobres sofredores
Mergulhados nos prantos da amargura.
Derramai Vossa luz, toda esplendores,
Da imensidade, da radiosa altura,
Da região ditosa da ventura,
Sobre a sombra dos cárceres das dores!
Ó Mãe! Excelsa Mãe de anjos celestes,
Mais amor, desse amor que já nos destes,
Queremos nós em cada novo dia.
Vós que mudais em flores os espinhos,
Transformai toda a treva dos caminhos
Em clarões refulgentes de alegria.
** Auta de Souza/Chico Xavier
Livro: À Luz da Oração **
sábado, 22 de dezembro de 2007
FORTALEZA
"Sabendo que a tribulação produz fortaleza" - Paulo (Romanos, 5:3)
Quereis fortaleza? Não vos esquiveis à tempestade.
Muita gente pretende robustecer-se ao preço de rogativas para evitar o
serviço áspero. Chegada a preciosa oportunidade de testemunhar a fé,
internam-se os crentes, de maneira geral, pelos caminhos largos da fuga,
acreditando-se em segurança. Entretanto, mais dia menos dia, surge a ocasião
dolorosa em que abrem falência de si mesmos.
Julgam-se, então, perseguidos e abandonados.
Semelhantes impressões, todavia, nascem da ausência de preparo interno.
Esquecem-se os imprevidentes de que a tempestade possui certas funções
regeneradoras e educativas que é imprescindível não menosprezar.
A tribulação é a tormenta das almas. Ninguém deveria olvidar-lhe os
benefícios.
Quando a verdade brilhar, no caminho das criaturas, ver-se-á que obstáculos
e sofrimentos não representam espantalho para os homens, mas sim quadros
preciosos de lições sublimes que os aprendizes sinceros nunca podem
esquecer.
Que seria da criança sem a experiência? que será do espírito sem a
necessidade?
Aflições, dificuldades e lutas são forças que compelem à dilatação de poder,
ao alargamento de caminho.
É necessário que o homem, apesar das rajadas aparentemente destruidoras do
destino, se conserve de pé, desassombradamente, marchando, firme, ao
encontro dos sagrados objetivos da vida. Nova luz lhe felicitará, então, a
esfera íntima, conduzindo-o desde a terra, à gloriosa ressurreição no plano
espiritual.
Escutemos as palavras de Paulo e vivamo-las! Ai daqueles que se deitarem sob
a tempestade!
Os detritos projetados do monte pelas correntes do aguaceiro poderão
sufocá-los, arrastando-os para o fundo do abismo.
(De "Vinha de Luz", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
Quereis fortaleza? Não vos esquiveis à tempestade.
Muita gente pretende robustecer-se ao preço de rogativas para evitar o
serviço áspero. Chegada a preciosa oportunidade de testemunhar a fé,
internam-se os crentes, de maneira geral, pelos caminhos largos da fuga,
acreditando-se em segurança. Entretanto, mais dia menos dia, surge a ocasião
dolorosa em que abrem falência de si mesmos.
Julgam-se, então, perseguidos e abandonados.
Semelhantes impressões, todavia, nascem da ausência de preparo interno.
Esquecem-se os imprevidentes de que a tempestade possui certas funções
regeneradoras e educativas que é imprescindível não menosprezar.
A tribulação é a tormenta das almas. Ninguém deveria olvidar-lhe os
benefícios.
Quando a verdade brilhar, no caminho das criaturas, ver-se-á que obstáculos
e sofrimentos não representam espantalho para os homens, mas sim quadros
preciosos de lições sublimes que os aprendizes sinceros nunca podem
esquecer.
Que seria da criança sem a experiência? que será do espírito sem a
necessidade?
Aflições, dificuldades e lutas são forças que compelem à dilatação de poder,
ao alargamento de caminho.
É necessário que o homem, apesar das rajadas aparentemente destruidoras do
destino, se conserve de pé, desassombradamente, marchando, firme, ao
encontro dos sagrados objetivos da vida. Nova luz lhe felicitará, então, a
esfera íntima, conduzindo-o desde a terra, à gloriosa ressurreição no plano
espiritual.
Escutemos as palavras de Paulo e vivamo-las! Ai daqueles que se deitarem sob
a tempestade!
Os detritos projetados do monte pelas correntes do aguaceiro poderão
sufocá-los, arrastando-os para o fundo do abismo.
(De "Vinha de Luz", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
BOM ÂNIMO
Hoje experimentas maior soma de aflições. Observaste a grande mole dos
sofredores: mães desnutridas apertando contra o seio sem vitalidade filhos,
misérrimos, desfalecidos, quase mortos; mutilados que exibiam as
deformidades à indiferença dos passantes na via pública; aleijões que se
ultrajavam a si mesmos ante o desprezo a que se entregavam nos "pontos" de
mendicância em que se demoram; ébrios contumazes promovendo desordens
lamentáveis; enfermos de vária classificação desfilando as misérias visíveis
num festival de dor; jovens perturbados pela revolução dos novos conceitos e
vigentes padrões éticos; órfãos...
Pareceu-te mais tristonha a paisagem humana, e consideras mentalmente os
dramas íntimos que vergastam o homem, na actual conjuntura social, moral e
evolutiva do Planeta.
Examinas as próprias dificuldades, e um crepúsculo de sombras lentamente
envolve o sol das tuas alegrias e esperanças.
Não te desalentes, porém.
O corpo é oportunidade iluminava mesmo para aqueles que te parecem
esquecidos e que supões descendo os degraus da infelicidade na direcção do
próprio aniquilamento.
Nascer e morrer são acidentes biológicos sob o comando de sábias leis que
transcendem à compreensão comum.
Há, no entanto, acompanhando todos os caminhantes a forma carnal, amorosos Benfeitores interessados na libertação deles. Não os vendo, os teus olhos se enganam na apreciação; não os ouvindo, a tua acústica somente regista lamentos; não os sentindo, as parcas percepções de que dispões não anotam suas mãos quais asas de caridade a envolvê-los e sustentá-los.
Perdido em meandros o rio silencioso e perseverante se destina ao mar.
Agita e submissa nas mãos do oleiro a argila alcança o vaso precioso.
Sofrido o Espírito nas malhas da lei redentora atinge a paz.
Ante a sombra espessa da noite não esqueças o Sol fulgurante mais além. E
aspirando o subtil aroma de preciosa flor não olvides a lama que lhe sustenta
as raízes...
Viver no corpo é também resgatar.
O Espírito eterno, evoluindo nas etapas sucessivas da vestimenta carnal, se
despe e se reveste dos tecidos orgânicos para aprender e sublimar.
Numa jornada prepara o sentimento, noutra aprimora a emoção, noutra mais aperfeiçoa a inteligência...
Nascer ou renascer simplesmente não basta.
O labor, interrompido, pois, prosseguirá agora ou depois.
Não cultives, portanto, o pessimismo, nem te abatam as dores.
Cada um se encontra no lugar certo, à hora própria e nas circunstâncias que
lhe são melhores para a evolução. Não há ocorrência ocasional ou improvisada na Legislação Divina.
Quando retornou curado para agradecer a Jesus da morféia de que fora
libertado, o samaritano que formava o grupo dos dez leprosos, conforme a
narração evangélica, fez-nos precioso legado: o do reconhecimento.
Quando o centurião afirmou ao Senhor que uma simples ordem Sua faria curado o seu servo, ofertou-nos sublime herança: a fé sem limites.
Quando a hemorroíssa, vencendo todos os obstáculos, tocou o Rabi, deixou-nos precioso ensino: a coragem da confiança.
Identificado ao espírito do Cristo, não te deixes consumir pelo desespero ou
pela melancolia, sob revolta injustificada ou indiferença cruel. Persevera,
antes, no exame da verdade e insiste no ideal de libertação interior,
ajudando e prosseguindo, além, porque se hoje a angústia e o sofrimento te
maceram, em resgate que não pode transferir, amanhã rutilará no corpo ou
depois dele o sol sublime da felicidade em maravilhoso amanhecer de perene
paz.
"Tem ânimo filhos: perdoados são os teus pecados." - Mateus: 9-2.
"Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que
podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta
a vontade". - Cap. XIV ´Item 9, § 9.
(De "Florações Evangélicas", de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)
sofredores: mães desnutridas apertando contra o seio sem vitalidade filhos,
misérrimos, desfalecidos, quase mortos; mutilados que exibiam as
deformidades à indiferença dos passantes na via pública; aleijões que se
ultrajavam a si mesmos ante o desprezo a que se entregavam nos "pontos" de
mendicância em que se demoram; ébrios contumazes promovendo desordens
lamentáveis; enfermos de vária classificação desfilando as misérias visíveis
num festival de dor; jovens perturbados pela revolução dos novos conceitos e
vigentes padrões éticos; órfãos...
Pareceu-te mais tristonha a paisagem humana, e consideras mentalmente os
dramas íntimos que vergastam o homem, na actual conjuntura social, moral e
evolutiva do Planeta.
Examinas as próprias dificuldades, e um crepúsculo de sombras lentamente
envolve o sol das tuas alegrias e esperanças.
Não te desalentes, porém.
O corpo é oportunidade iluminava mesmo para aqueles que te parecem
esquecidos e que supões descendo os degraus da infelicidade na direcção do
próprio aniquilamento.
Nascer e morrer são acidentes biológicos sob o comando de sábias leis que
transcendem à compreensão comum.
Há, no entanto, acompanhando todos os caminhantes a forma carnal, amorosos Benfeitores interessados na libertação deles. Não os vendo, os teus olhos se enganam na apreciação; não os ouvindo, a tua acústica somente regista lamentos; não os sentindo, as parcas percepções de que dispões não anotam suas mãos quais asas de caridade a envolvê-los e sustentá-los.
Perdido em meandros o rio silencioso e perseverante se destina ao mar.
Agita e submissa nas mãos do oleiro a argila alcança o vaso precioso.
Sofrido o Espírito nas malhas da lei redentora atinge a paz.
Ante a sombra espessa da noite não esqueças o Sol fulgurante mais além. E
aspirando o subtil aroma de preciosa flor não olvides a lama que lhe sustenta
as raízes...
Viver no corpo é também resgatar.
O Espírito eterno, evoluindo nas etapas sucessivas da vestimenta carnal, se
despe e se reveste dos tecidos orgânicos para aprender e sublimar.
Numa jornada prepara o sentimento, noutra aprimora a emoção, noutra mais aperfeiçoa a inteligência...
Nascer ou renascer simplesmente não basta.
O labor, interrompido, pois, prosseguirá agora ou depois.
Não cultives, portanto, o pessimismo, nem te abatam as dores.
Cada um se encontra no lugar certo, à hora própria e nas circunstâncias que
lhe são melhores para a evolução. Não há ocorrência ocasional ou improvisada na Legislação Divina.
Quando retornou curado para agradecer a Jesus da morféia de que fora
libertado, o samaritano que formava o grupo dos dez leprosos, conforme a
narração evangélica, fez-nos precioso legado: o do reconhecimento.
Quando o centurião afirmou ao Senhor que uma simples ordem Sua faria curado o seu servo, ofertou-nos sublime herança: a fé sem limites.
Quando a hemorroíssa, vencendo todos os obstáculos, tocou o Rabi, deixou-nos precioso ensino: a coragem da confiança.
Identificado ao espírito do Cristo, não te deixes consumir pelo desespero ou
pela melancolia, sob revolta injustificada ou indiferença cruel. Persevera,
antes, no exame da verdade e insiste no ideal de libertação interior,
ajudando e prosseguindo, além, porque se hoje a angústia e o sofrimento te
maceram, em resgate que não pode transferir, amanhã rutilará no corpo ou
depois dele o sol sublime da felicidade em maravilhoso amanhecer de perene
paz.
"Tem ânimo filhos: perdoados são os teus pecados." - Mateus: 9-2.
"Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que
podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta
a vontade". - Cap. XIV ´Item 9, § 9.
(De "Florações Evangélicas", de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
O FENÔMENO ESPÍRITA
Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como
facho aceso de sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes
da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento
de que as mais rudimentares organizações humanas guardam no intercâmbio com
os "mortos" suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual
assinalam a marcha das tribos e das povoações do princípio.
No Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial
importância para a civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o
guardião das sombras e presidia à viagem das almas para o julgamento que
lhes competia no Além.
Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da
fé. Em todas as circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são
consultados pelos descendentes, recebendo orações e promessas, flores e
sacrifícios.
Na Índia encontram nos "rakchasas", Espíritos maléficos que
residem nos sepulcros, os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam
por "demônios" ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução
de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da
intimidade doméstica, onde são interpretados como divindades menores. Para a
antiga comunidade latina, as almas bem intencionadas, que haviam deixado, na
Terra, os traços da sabedoria e da virtude eram os "deuses lares", com
recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas
perversas eram conhecidos habitualmente por "larcas", cuja aproximação
causava dissabores e enfermidades.
Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações
recuadas substituídos por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos
guerreiros e sobre a coroa dos príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a
vinda do Cristo, a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita
comparece por vívido clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as
supremas realizações do esforço coletivo.
Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na
Terra adquire novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da
Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam,
sonham e morrem para doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena
vitória sobre a morte, mas a política do Império Romano reduz, por dezesseis
séculos consecutivos, o movimento libertador.
Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em
seguida às sombras da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo - doutrina do Cristo...
Espiritismo - doutrina dos Espíritos...
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana,
constituída por mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências,
incorreríamos talvez no perigo de comprometermos o progresso do mundo,
isolados em nossos pontos de vista e em nossas concepções deficitárias, mas,
regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a perfeição espiritual, a
fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas educativas da
carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência: - "vós
sois deuses"...
(De "Roteiro", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel)
facho aceso de sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes
da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento
de que as mais rudimentares organizações humanas guardam no intercâmbio com
os "mortos" suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual
assinalam a marcha das tribos e das povoações do princípio.
No Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial
importância para a civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o
guardião das sombras e presidia à viagem das almas para o julgamento que
lhes competia no Além.
Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da
fé. Em todas as circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são
consultados pelos descendentes, recebendo orações e promessas, flores e
sacrifícios.
Na Índia encontram nos "rakchasas", Espíritos maléficos que
residem nos sepulcros, os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam
por "demônios" ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução
de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da
intimidade doméstica, onde são interpretados como divindades menores. Para a
antiga comunidade latina, as almas bem intencionadas, que haviam deixado, na
Terra, os traços da sabedoria e da virtude eram os "deuses lares", com
recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas
perversas eram conhecidos habitualmente por "larcas", cuja aproximação
causava dissabores e enfermidades.
Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações
recuadas substituídos por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos
guerreiros e sobre a coroa dos príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a
vinda do Cristo, a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita
comparece por vívido clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as
supremas realizações do esforço coletivo.
Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na
Terra adquire novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da
Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam,
sonham e morrem para doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena
vitória sobre a morte, mas a política do Império Romano reduz, por dezesseis
séculos consecutivos, o movimento libertador.
Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em
seguida às sombras da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo - doutrina do Cristo...
Espiritismo - doutrina dos Espíritos...
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana,
constituída por mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências,
incorreríamos talvez no perigo de comprometermos o progresso do mundo,
isolados em nossos pontos de vista e em nossas concepções deficitárias, mas,
regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a perfeição espiritual, a
fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas educativas da
carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência: - "vós
sois deuses"...
(De "Roteiro", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
A DETERIORACÃO DO HOMEM
Madrasta, 12 de janeiro de 1964.
PENSO que deveria ser de sumo interesse para a maioria de nós observar a deterioração que está solapando o caráter, a estabilidade, a natureza do homem. Essa deterioração se faz notar em todos os níveis de atividade. Neste país, principalmente, ela é muito visível - este país que sempre se supôs muito religioso, por tradição, por herança, e pela constante repetição de certas frases e idéias religiosas. Pode-se observar que, aqui, a deterioração é muito mais profunda, mais generalizada e, aparentemente, muito poucos se preocupam com ela. Os que se preocupam tratam de ressuscitar o passado, de volver às velhas e venerandas tradições, costumes, hábitos e atitudes de pensamento, aos antigos valores. Ou, ainda, buscam uma solução social ou econômica. Como quer que seja, é bem evidente que os que levam a vida a sério, ou se refugiam no passado, em suas velhas idéias visionárias, ou tratam de cultivar um novo conceito, uma nova fórmula, social ou religiosamente.
Vendo-se o que se está passando no mundo, e principalmente neste país, parece-me que o que se faz necessário é uma revolução total na consciência. E não será possível tal revolução, se permanecermos insensatamente apegados a crenças, idéias e conceitos. Não encontraremos saída de nossa confusão, angústia, conflito, pela constante repetição do Gita, do Upanishads e demais livros sagrados; isso poderá levar à hipocrisia, a uma vida de insinceridade, de interminável pregação moral, porém nunca a enfrentar realidades. O que nos cumpre fazer é, segundo me parece, tornar-nos cônscios das condições de nossa existência diária, de nossos infortúnios, nossas angústias, nossa confusão e conflito, e tratar de compreendê-los tão profundamente que possamos lançar uma base adequada, para começar. Não há outra solução. Temos de enfrentar-nos assim como somos e não como deveríamos ser, segundo um certo padrão ou ideal. Temos de ver realmente o que somos e, daí, iniciar a transformação radical.
Direis: "Que efeito ou valor pode ter uma transformação individual? Como poderá isso alterar o curso da existência humana? Que pode um só indivíduo fazer?" - Esta me parece uma pergunta errônea, porque não existe tal coisa - consciência individual; só há consciência, da qual somos uma parte. Um indivíduo pode segregar-se, cercar-se dentro de um determinado espaço chamado "Eu". Mas esse Eu está relacionado com o todo, esse Eu não é separado. E, com a transformação dessa seção especial, dessa determinada parte, podemos influir na totalidade da consciência. Considero muito importante compreender que não estamos falando de salvação individual ou reforma individual, porém, sim, da necessidade de estarmos conscientes da parte em relação com o todo. Desse percebimento nascerá uma ação que atingirá o todo.
Quando se considera o que está ocorrendo no mundo, onde a mente dos seres humanos se tornou mecânica, rotineira, onde os seres humanos estão separados em nacionalidades e grupos, divididos pela tecnologia - além das divisões religiosas em hinduístas, muçulmanos, cristãos, etc. - torna-se necessária, a meu ver, uma ação de caráter totalmente diferente. Devemos descobrir, sem dúvida, uma fonte diferente, uma diferente maneira de vida que não esteja em contradição com o nosso viver de cada dia, e ao mesmo tempo promover uma profunda compreensão religiosa da vida.
Para mim, o importante não é apenas a imediata "resposta" aos diferentes "desafios" - resposta que deve ser adequada - mas também resposta que seja produto de uma vida profundamente religiosa. Entendo por "vida religiosa, não uma vida ritualista, de ajustamento a determinado padrão, porém a vida religiosa resultante da autocompreensão. Porque, sem o conhecimento de nós mesmos - o que realmente somos, por mais desonestos, falsos, astutos, hipócritas e ignóbeis que sejamos - não temos base para nenhuma ação ou pensamento religioso.
Parece-me, pois, que todo aquele que esteja real e profundamente interessado, não só na situação mundial, mas também em descobrir a verdade, em descobrir se alguma coisa existe além dos limites da mente - deve tratar de compreender totalmente a si próprio. E tal será nosso único empenho no decorrer destas palestras. Porque aí é que está a fonte, o manancial de nosso pensamento, de nosso ser e de nossa ação. Se não há autoconhecimento, se não há compreensão do Eu - não do "Eu superior", do Eu com "E" maiúsculo - porém do "eu" ordinário, do homem que freqüenta diariamente o escritório, que é apaixonado, irascível, violento, cruel, hipócrita, acomodatício - se não há essa compreensão total, completa, de todo o nosso ser, nesse caso toda ação, todo pensamento, toda idéia só conduzirá a mais confusão e mais angústia.
E parece-me que temos em mãos uma imensa tarefa, tarefa que exige seriedade. Por esta palavra, entendo a capacidade de prosseguir até o fim na busca da Verdade ou numa pesquisa qualquer. Por não sermos verdadeiramente sérios, somos muito superficiais, fáceis de distrair e de satisfazer. Mas, para investigar profundamente em si próprio, o indivíduo tem de ser sério em extremo, e conservar-se nesse estado de seriedade. E isso requer energia; ninguém pode ser sério se não tem energia. Não deve essa energia ser esporádica, acidental, porém uma energia constante, capaz de observar um fato tal como é, e capaz de seguir esse fato até o fim - uma energia espantosa, tanto mental como corporal .
E, para se ter energia, não deve haver conflito, já que o conflito é o principal fator de deterioração. Somos pessoas que foram educadas para viver em conflito. Toda a nossa vida é conflito, dentro e fora de nós - com o próximo, com nós mesmos, e em nossas relações. Tudo o que tocamos, tanto psicológica como ideologicamente, gera conflito. E o conflito é o maior fator de deterioração.
Ora, a meu ver, a compreensão desse conflito, compreensão não parcial, porém total, é a mais importante tarefa da mente humana. Porque só com a completa terminação do conflito podem terminar todas as ilusões; só então tem a mente a possibilidade de penetrar fundo, na investigação da Verdade, no investigar se algo existe além do tempo. E só essa mente é capaz de descobrir o que é o amor e de descobrir o estado mental criador, porque tudo o mais, em qualquer forma que seja, é pura especulação. A mente religiosa não especula; move-se tão-somente, de fato para fato. E não é possível observar o fato quando há conflito ou tensão de qualquer espécie.
Assim, creio que nosso problema principal resulta de termos perdido completamente a religião, o espírito religioso. Podeis ter templos, freqüentar o templo, usar vestes sagradas, cultivar todas as demais futilidades desse gênero; mas não sois pessoas verdadeiramente religiosas. E o problema do mundo não pode ser resolvido em nenhum outro nível, exceto e, religioso.
A vida verdadeiramente religiosa é aquela que vivemos com compreensão do conflito e libertados do conflito.
Nosso principal interesse, por conseguinte, é este: a compreensão do conflito, interior e exterior. Estes dois ("interior" e "exterior") não são coisas separadas. O mundo não está separado de vós e de mim; vós sois o mundo e o mundo é vós. Isto não é uma teoria; se observardes bem, vereis que é um fato real. Estais condicionados pela sociedade em que viveis - sociedade comunista, socialista, capitalista ou de outra espécie. Sois considerado como um indivíduo nascido neste país, educado de acordo com uma certa tradição, crendo ou não crendo em Deus. Sois moldados pela sociedade, pelas circunstâncias. Vossas crenças, vossa conduta, vossa maneira de pensar, tudo é resultado de vosso condicionamento pela sociedade em que viveis. Este é um fato óbvio, irrefutável. Mas, separamos o mundo como coisa diferente de nós, porque o mundo é forte demais, com todas as suas pressões, tensões e conflitos, com suas inumeráveis exigências e as condições da existência. E dele nos retraímos para dentro de nós mesmos, refugiando-nos em nossas crenças, nossas esperanças, temores, conceitos especulativos. Por isso, há separação entre nós e o mundo. Mas, se observardes, vereis que o mundo não difere de nós - é como a maré, que flui e reflui. Se não compreenderdes o mundo exterior, não compreendereis o interior. E, para compreendê-lo, deveis observá-lo - não de um dado ponto de vista, porém da mesma maneira como um cientista observa. O cientista só observa em seu laboratório, mas nós, entes humanos, devemos observar o mundo cada dia, em nossas relações, em nossas atividades. E, como disse, para compreendermos toda esta existência complexa, tormentosa, desesperante - existência sem amor e sem beleza - temos de compreender o conflito.
Surge o conflito, decerto, quando há contradição - contradição de diferentes desejos, diferentes exigências, tanto conscientes como inconscientes. Mas, em geral, estamos conscientes desses conflitos. E, se estamos conscientes, não temos solução para eles; por isso, tratamos de distanciar-nos deles, buscando refúgio na religião, no trabalho social ou em entretenimentos vários, tais como ir ao templo, ir ao cinema, ou beber. E só há possibilidade de se resolverem esses conflitos quando a mente é capaz de compreender a si própria.
Vou agora examinar esta questão do conflito. Para compreender o conflito, tendes de observar a vós mesmo. E a observação exige desvelo. Desvelo significa compreensão, afeição: Como quando se cuida de uma criança, em que não há repúdio ou condenação. Cuidar de uma criança é observá-la, sem condená-la, sem compará-la. Observá-la com infinita afeição, imensa compreensão; estudá-la em todos os seus movimentos, em todas as fases de seu desenvolvimento, em suas travessuras, suas lágrimas, seus risos. O observar, pois, exige desvelo. Esse é o primeiro requisito da auto-observação por conseguinte, nunca deve haver um momento de condenação, de justificação ou comparação, porém sempre a observação pura e simples de tudo o que está ocorrendo, a cada momento do dia, quer a pessoa se ache no escritório, ou viajando num ônibus, quer conversando com alguém, etc. Cada um deve observar a si próprio tão completamente, com tão infinito desvelo, que daí resulte a precisão, uma precisão absoluta, e não apenas idéias vagas, ação ineficaz.
Como disse, para observardes a vós mesmo, exige-se atenção completa. Uma mente que está atenta, cônscia de si própria no justo momento em que está a observar-se, está aprendendo a respeito de si mesma. Aprender é coisa toda diferente de acumular conhecimentos. Acho que isso deve ser compreendido muito cuidadosamente. A maioria de nós acumula conhecimentos. Da infância até à morte, estamos sempre registrando; nossa mente se tornou uma espécie de fita de gravação, na qual tudo se vai registrando. De acordo com tal registro, nós atuamos, pensamos, reagimos; e a esse registro vamos acrescentando coisas e mais coisas, todos os dias, consciente ou inconscientemente. Guardamos toda experiência, toda informação, todo incidente, toda lembrança. E a isto chamamos experimentar, aprender. Mas isto, em absoluto, não é aprender; aprender é coisa de todo diferente. No momento em que se começa a acumular, deixa-se de aprender. Pois só a mente que está fresca, que é nova, só a mente que observa com atenção, aprende.
Penso que devemos perceber a diferença entre estas duas coisas. O conhecimento técnico é acumulativo. A ele vai-se acrescentando mais e mais, e é com base nesse conhecimento que atuamos. Se sois engenheiro, se sois físico, tratais de acumular a maior soma possível de conhecimentos para trabalhar com base nesse conhecimento acumulado. E, por essa razão, nunca há liberdade. É sempre um agir de acordo com o que se aprendeu, consoante o que se adquiriu. No nível do conhecimento técnico, tal ação, tal memória, tal processo acumulativo é absolutamente necessário. Mas nós estamos falando de coisa inteiramente diferente, ou seja que o observar com atenção não implica processo aditivo. Porque, se ficamos meramente adicionando, adquirindo, então, no minuto seguinte de nossa observação, observamos com base no que temos acumulado e, por conseguinte, já não estamos observando. Compreendei isso, por favor.
É importantíssimo compreender que, quando a mente está sempre acumulando, acrescentando algo a si própria e de tal base observando, então tudo o que ela observa recebe o colorido do que antes foi aprendido, do conhecimento prévio. Essa mente, por conseguinte, é incapaz de compreender um fato novo. E a vida é sempre nova; o viver é algo totalmente novo, a cada minuto do dia. Mas, perdemos esse frescor, esse extraordinário sentimento de vitalidade, de beleza, de imensidão, porque vamos sempre ao encontro da vida com nosso conhecimento acumulado e, conseqüentemente, nunca estamos aprendendo, porém apenas adicionando mais alguma coisa às já existentes; com base nesse adicionamento, observamos as coisas, na esperança de aprender.
Assim, a mente que é séria, que está bem consciente da situação mundial, percebe que o mundo se acha num estado de angustiosa confusão. Nota-se um constante declínio em todas as nações; só uns poucos são capazes de funcionar inteligentemente, em liberdade talvez; os demais se limitam a imitar - são pobres imitações dos computadores, sua ação é ineficaz. A dor, a angústia, a ansiedade, o desespero é que são fatos, e não vossas crenças, vossas esperanças, vossos deuses; o fato do desespero, da ansiedade, da extraordinária persistência do sofrimento, sofrimento sem fim; a crescente animosidade e brutalidade - eis o mundo a que pertenceis. E a função da mente verdadeiramente séria é compreender e transcender esse mundo. A mente séria deve observá-lo. Isto é, deveis observar a vós mesmos, porque vós sois o mundo; porque há em vós angústia, sofrimento, solidão, desespero, ansiedade, medo, porque sois impelido pela ambição, a avidez, a inveja - sois esse mundo. Não sois o que pensais ser - que sois Deus, etc. Isto é só absurda especulação. Tendes de partir dos fatos e tendes de aprender a respeito de vós mesmo.
Há, pois, diferença entre aprender e acumular conhecimento. O aprender é infinito, não há fim no aprender a respeito de si mesmo. E, por conseguinte, a mente que não está acumulando, porém aprendendo, é capaz de observar seus conflitos, suas tensões, suas dores e secretos desejos e temores. Se assim fizerdes, não acidentalmente, porém todos os dias, todos os minutos - e isso é possível - se vos mantiverdes em constante observação, vereis que adquirireis uma energia extraordinária. Porque então a autocontradição estará sendo compreendida.
Com a palavra "compreender" não me refiro a algo intelectual. A mente que está fragmentada nunca compreenderá nada. Quando digo que "compreendo uma certa coisa intelectualmente", o que realmente estou dizendo é que ouço a palavra e compreendo a palavra; isso nada tem que ver com a compreensão. Compreensão implica não só o aspecto semântico, isto é, o sentido da palavra, mas também a apreensão do inteiro conteúdo dessa palavra e de seu significado conforme se aplica a nós mesmos. A compreensão, pois, não é uma simples questão de "cerebração" (mentation)(1) mera operação intelectual. Só podeis compreender alguma coisa quando lhe aplicais vossas mente, vosso corpo, vossos sentidos, vossos olhos, vossos ouvidos, tudo. E dessa compreensão resulta a ação total, e não ação fragmentária, contraditória.
Nessas condições, o que interessa - principalmente àqueles que são deveras sérios - é compreender. E a vida exige seriedade, pois não se pode viver neste mundo levianamente. Não podeis estar interessado apenas em vossas próprias aflições, vossos próprios divertimentos, vossos próprios temores. Sois uma parte do mundo e deveis compreender a vós mesmo e ao mundo. Essa compreensão exige extraordinária seriedade, e isto constitui imensa tarefa. E quando sois sério, deveis levar essa compreensão ao extremo, até perceberdes tudo o que a existência implica.
E, também, o conflito é algo que temos de compreender, compreender, e não dominar. Não tenteis negá-lo, não tenteis fugir dele, porém tratai de compreendê-lo, de ver todo o seu significado, de perceber as várias contradições, na palavra, no pensamento, na ação. Em geral, vivemos vidas duplas, ou triplas, ou múltiplas! Funcionamos fragmentariamente, nosso existir é fragmentário; desejamos ser mundanos; desejamos ter todos os confortos que nos são devidos. O conforto, obviamente, é necessário; mas com esse conforto vem a exigência de segurança. Não só desejamos estar seguros em nossos empregos - reação natural e sã - mas também desejamos estar seguros psicologicamente, interiormente.
É possível, em algum tempo, estar-se em segurança psicológica, - isto é, estarmos psicologicamente seguros em nossas relações e psicologicamente seguros em relação àquilo com que estamos identificados? A segurança exterior é evidentemente necessária. Exteriormente, é absolutamente necessário termos morada, um lar, emprego; mas não nos contentamos com isso. Queremos estar em segurança psicologicamente, interiormente; e aí começam as nossas tribulações. Nunca indagamos se existe realmente segurança interior; entretanto, dizemos que precisamos de estar em segurança interiormente, e nasce assim a ilusão. A partir desse momento, começa a desenrolar-se uma série de conflitos, de conflitos intermináveis.
Cumpre-nos, pois, descobrir a verdade em relação a essa formidável questão da segurança psicológica - sem procurarmos saber o que outro qualquer diz. Psicologicamente, vemo-nos inseguros; por essa razão criamos deuses, deuses que se tornam nossa segurança permanente! Isso gera conflitos. Compreendeis o que entendemos por "conflito"? Entendemos: a contradição; a ação fragmentária; os pensamentos que se chocam; os desejos conflitantes entre si; as exigências contraditórias; as pressões do mundo e a exigência interior de viver em paz com o mundo; a aspiração a encontrar algo além da existência diária, monótona, estúpida; o ver-nos presos na engrenagem da existência diária e desesperadora; o nunca termos uma solução para nosso desespero; a angústia imensa, não apenas pessoal, mas também a angústia do mundo, e nunca encontrarmos uma saída dessa angustia. Eis todos os fatores que geram a contradição - dos quais podemos estar conscientes ou não. Onde a mente se acha em contradição, tem de haver conflito.
E, sem dúvida, a mente que se encontra em conflito não pode ir adiante; poderá prosseguir na ilusão, mas não é capaz de avançar para descobrir se algo existe além do tempo, além da medida humana. Por certo, esta é a função da religião. A função da mente religiosa é descobrir o verdadeiro. E a verdade não pode ser encontrada num templo ou num livro, por mais venerando que seja. Vós tendes de descobri-la por vossos próprios meios. Não podeis comprá-la com lágrimas, com orações, com repetições, com rituais; por esse caminho se vai ao absurdo, à ilusão, à insânia.
A mente séria, por conseguinte, deve estar cônscia desse conflito. Com "estar cônscio" quero dizer, observar, escutar. Escutar é uma arte. Com efeito, é uma arte extraordinária o escutar um som. Não sei se já escutasses um som - o som de um pássaro pousado numa árvore, ou o distante buzinar de um carro. Pelo escutar - não pelo julgar, pelo identificar tal som com determinada ave ou determinado carro ou determinado rádio da casa mais próxima, porém pelo simples escutar, vereis - se assim souberdes escutar - como vos tornareis extraordinariamente sensível. A mente se torna sobremodo alertada quando escutamos simplesmente - isto é, não interpretando o que ouvimos, não tentando traduzi-lo, não o identificando com o que já conhecemos - pois isso nos impede de escutar. Mas, se escutardes simplesmente - escutardes vossos pensamentos, vossas exigências, o desespero de vossa existência, não tentando interpretar, traduzir nada, não tentando fazer alguma coisa em relação ao que se escuta vereis que vossa mente se tornará sobremodo lúcida.
E só a mente muito lúcida, a mente sã, racional, lógica, em que não há conflito, consciente ou inconsciente - só essa mente pode prosseguir até descobrir, por si própria, se existe uma Realidade. Só essa mente é religiosa. E só essa mente pode resolver os problemas do mundo. Os problemas do mundo são inumeráveis e se estão multiplicando. E se não fordes capaz de resolvê-los lógica, equilibrada, sãmente, com vosso espírito de todo livre de conflito, estareis apenas criando mais confusão, mais angústias para o mundo e para vós mesmo.
A primeira coisa, por conseguinte, que nos cumpre fazer é observar com atenção, todas as murmurações, todos os temores, ilusões, desesperos de nosso próprio ser. E vereis então, por vós mesmos - e para isso não se necessita de provas, nem de gurus, nem de livros sagrados - se a Realidade existe. E encontrareis, então, um extraordinário sentimento de libertação do sofrimento. Aí existe a claridade, a beleza e aquela coisa que está faltando hoje à mente humana: o amor, a afeição.
Krishnamurti
(1) Cf. Dic. Jayme Seguier - "Cerebração: neol. Atividade intelectual".
PENSO que deveria ser de sumo interesse para a maioria de nós observar a deterioração que está solapando o caráter, a estabilidade, a natureza do homem. Essa deterioração se faz notar em todos os níveis de atividade. Neste país, principalmente, ela é muito visível - este país que sempre se supôs muito religioso, por tradição, por herança, e pela constante repetição de certas frases e idéias religiosas. Pode-se observar que, aqui, a deterioração é muito mais profunda, mais generalizada e, aparentemente, muito poucos se preocupam com ela. Os que se preocupam tratam de ressuscitar o passado, de volver às velhas e venerandas tradições, costumes, hábitos e atitudes de pensamento, aos antigos valores. Ou, ainda, buscam uma solução social ou econômica. Como quer que seja, é bem evidente que os que levam a vida a sério, ou se refugiam no passado, em suas velhas idéias visionárias, ou tratam de cultivar um novo conceito, uma nova fórmula, social ou religiosamente.
Vendo-se o que se está passando no mundo, e principalmente neste país, parece-me que o que se faz necessário é uma revolução total na consciência. E não será possível tal revolução, se permanecermos insensatamente apegados a crenças, idéias e conceitos. Não encontraremos saída de nossa confusão, angústia, conflito, pela constante repetição do Gita, do Upanishads e demais livros sagrados; isso poderá levar à hipocrisia, a uma vida de insinceridade, de interminável pregação moral, porém nunca a enfrentar realidades. O que nos cumpre fazer é, segundo me parece, tornar-nos cônscios das condições de nossa existência diária, de nossos infortúnios, nossas angústias, nossa confusão e conflito, e tratar de compreendê-los tão profundamente que possamos lançar uma base adequada, para começar. Não há outra solução. Temos de enfrentar-nos assim como somos e não como deveríamos ser, segundo um certo padrão ou ideal. Temos de ver realmente o que somos e, daí, iniciar a transformação radical.
Direis: "Que efeito ou valor pode ter uma transformação individual? Como poderá isso alterar o curso da existência humana? Que pode um só indivíduo fazer?" - Esta me parece uma pergunta errônea, porque não existe tal coisa - consciência individual; só há consciência, da qual somos uma parte. Um indivíduo pode segregar-se, cercar-se dentro de um determinado espaço chamado "Eu". Mas esse Eu está relacionado com o todo, esse Eu não é separado. E, com a transformação dessa seção especial, dessa determinada parte, podemos influir na totalidade da consciência. Considero muito importante compreender que não estamos falando de salvação individual ou reforma individual, porém, sim, da necessidade de estarmos conscientes da parte em relação com o todo. Desse percebimento nascerá uma ação que atingirá o todo.
Quando se considera o que está ocorrendo no mundo, onde a mente dos seres humanos se tornou mecânica, rotineira, onde os seres humanos estão separados em nacionalidades e grupos, divididos pela tecnologia - além das divisões religiosas em hinduístas, muçulmanos, cristãos, etc. - torna-se necessária, a meu ver, uma ação de caráter totalmente diferente. Devemos descobrir, sem dúvida, uma fonte diferente, uma diferente maneira de vida que não esteja em contradição com o nosso viver de cada dia, e ao mesmo tempo promover uma profunda compreensão religiosa da vida.
Para mim, o importante não é apenas a imediata "resposta" aos diferentes "desafios" - resposta que deve ser adequada - mas também resposta que seja produto de uma vida profundamente religiosa. Entendo por "vida religiosa, não uma vida ritualista, de ajustamento a determinado padrão, porém a vida religiosa resultante da autocompreensão. Porque, sem o conhecimento de nós mesmos - o que realmente somos, por mais desonestos, falsos, astutos, hipócritas e ignóbeis que sejamos - não temos base para nenhuma ação ou pensamento religioso.
Parece-me, pois, que todo aquele que esteja real e profundamente interessado, não só na situação mundial, mas também em descobrir a verdade, em descobrir se alguma coisa existe além dos limites da mente - deve tratar de compreender totalmente a si próprio. E tal será nosso único empenho no decorrer destas palestras. Porque aí é que está a fonte, o manancial de nosso pensamento, de nosso ser e de nossa ação. Se não há autoconhecimento, se não há compreensão do Eu - não do "Eu superior", do Eu com "E" maiúsculo - porém do "eu" ordinário, do homem que freqüenta diariamente o escritório, que é apaixonado, irascível, violento, cruel, hipócrita, acomodatício - se não há essa compreensão total, completa, de todo o nosso ser, nesse caso toda ação, todo pensamento, toda idéia só conduzirá a mais confusão e mais angústia.
E parece-me que temos em mãos uma imensa tarefa, tarefa que exige seriedade. Por esta palavra, entendo a capacidade de prosseguir até o fim na busca da Verdade ou numa pesquisa qualquer. Por não sermos verdadeiramente sérios, somos muito superficiais, fáceis de distrair e de satisfazer. Mas, para investigar profundamente em si próprio, o indivíduo tem de ser sério em extremo, e conservar-se nesse estado de seriedade. E isso requer energia; ninguém pode ser sério se não tem energia. Não deve essa energia ser esporádica, acidental, porém uma energia constante, capaz de observar um fato tal como é, e capaz de seguir esse fato até o fim - uma energia espantosa, tanto mental como corporal .
E, para se ter energia, não deve haver conflito, já que o conflito é o principal fator de deterioração. Somos pessoas que foram educadas para viver em conflito. Toda a nossa vida é conflito, dentro e fora de nós - com o próximo, com nós mesmos, e em nossas relações. Tudo o que tocamos, tanto psicológica como ideologicamente, gera conflito. E o conflito é o maior fator de deterioração.
Ora, a meu ver, a compreensão desse conflito, compreensão não parcial, porém total, é a mais importante tarefa da mente humana. Porque só com a completa terminação do conflito podem terminar todas as ilusões; só então tem a mente a possibilidade de penetrar fundo, na investigação da Verdade, no investigar se algo existe além do tempo. E só essa mente é capaz de descobrir o que é o amor e de descobrir o estado mental criador, porque tudo o mais, em qualquer forma que seja, é pura especulação. A mente religiosa não especula; move-se tão-somente, de fato para fato. E não é possível observar o fato quando há conflito ou tensão de qualquer espécie.
Assim, creio que nosso problema principal resulta de termos perdido completamente a religião, o espírito religioso. Podeis ter templos, freqüentar o templo, usar vestes sagradas, cultivar todas as demais futilidades desse gênero; mas não sois pessoas verdadeiramente religiosas. E o problema do mundo não pode ser resolvido em nenhum outro nível, exceto e, religioso.
A vida verdadeiramente religiosa é aquela que vivemos com compreensão do conflito e libertados do conflito.
Nosso principal interesse, por conseguinte, é este: a compreensão do conflito, interior e exterior. Estes dois ("interior" e "exterior") não são coisas separadas. O mundo não está separado de vós e de mim; vós sois o mundo e o mundo é vós. Isto não é uma teoria; se observardes bem, vereis que é um fato real. Estais condicionados pela sociedade em que viveis - sociedade comunista, socialista, capitalista ou de outra espécie. Sois considerado como um indivíduo nascido neste país, educado de acordo com uma certa tradição, crendo ou não crendo em Deus. Sois moldados pela sociedade, pelas circunstâncias. Vossas crenças, vossa conduta, vossa maneira de pensar, tudo é resultado de vosso condicionamento pela sociedade em que viveis. Este é um fato óbvio, irrefutável. Mas, separamos o mundo como coisa diferente de nós, porque o mundo é forte demais, com todas as suas pressões, tensões e conflitos, com suas inumeráveis exigências e as condições da existência. E dele nos retraímos para dentro de nós mesmos, refugiando-nos em nossas crenças, nossas esperanças, temores, conceitos especulativos. Por isso, há separação entre nós e o mundo. Mas, se observardes, vereis que o mundo não difere de nós - é como a maré, que flui e reflui. Se não compreenderdes o mundo exterior, não compreendereis o interior. E, para compreendê-lo, deveis observá-lo - não de um dado ponto de vista, porém da mesma maneira como um cientista observa. O cientista só observa em seu laboratório, mas nós, entes humanos, devemos observar o mundo cada dia, em nossas relações, em nossas atividades. E, como disse, para compreendermos toda esta existência complexa, tormentosa, desesperante - existência sem amor e sem beleza - temos de compreender o conflito.
Surge o conflito, decerto, quando há contradição - contradição de diferentes desejos, diferentes exigências, tanto conscientes como inconscientes. Mas, em geral, estamos conscientes desses conflitos. E, se estamos conscientes, não temos solução para eles; por isso, tratamos de distanciar-nos deles, buscando refúgio na religião, no trabalho social ou em entretenimentos vários, tais como ir ao templo, ir ao cinema, ou beber. E só há possibilidade de se resolverem esses conflitos quando a mente é capaz de compreender a si própria.
Vou agora examinar esta questão do conflito. Para compreender o conflito, tendes de observar a vós mesmo. E a observação exige desvelo. Desvelo significa compreensão, afeição: Como quando se cuida de uma criança, em que não há repúdio ou condenação. Cuidar de uma criança é observá-la, sem condená-la, sem compará-la. Observá-la com infinita afeição, imensa compreensão; estudá-la em todos os seus movimentos, em todas as fases de seu desenvolvimento, em suas travessuras, suas lágrimas, seus risos. O observar, pois, exige desvelo. Esse é o primeiro requisito da auto-observação por conseguinte, nunca deve haver um momento de condenação, de justificação ou comparação, porém sempre a observação pura e simples de tudo o que está ocorrendo, a cada momento do dia, quer a pessoa se ache no escritório, ou viajando num ônibus, quer conversando com alguém, etc. Cada um deve observar a si próprio tão completamente, com tão infinito desvelo, que daí resulte a precisão, uma precisão absoluta, e não apenas idéias vagas, ação ineficaz.
Como disse, para observardes a vós mesmo, exige-se atenção completa. Uma mente que está atenta, cônscia de si própria no justo momento em que está a observar-se, está aprendendo a respeito de si mesma. Aprender é coisa toda diferente de acumular conhecimentos. Acho que isso deve ser compreendido muito cuidadosamente. A maioria de nós acumula conhecimentos. Da infância até à morte, estamos sempre registrando; nossa mente se tornou uma espécie de fita de gravação, na qual tudo se vai registrando. De acordo com tal registro, nós atuamos, pensamos, reagimos; e a esse registro vamos acrescentando coisas e mais coisas, todos os dias, consciente ou inconscientemente. Guardamos toda experiência, toda informação, todo incidente, toda lembrança. E a isto chamamos experimentar, aprender. Mas isto, em absoluto, não é aprender; aprender é coisa de todo diferente. No momento em que se começa a acumular, deixa-se de aprender. Pois só a mente que está fresca, que é nova, só a mente que observa com atenção, aprende.
Penso que devemos perceber a diferença entre estas duas coisas. O conhecimento técnico é acumulativo. A ele vai-se acrescentando mais e mais, e é com base nesse conhecimento que atuamos. Se sois engenheiro, se sois físico, tratais de acumular a maior soma possível de conhecimentos para trabalhar com base nesse conhecimento acumulado. E, por essa razão, nunca há liberdade. É sempre um agir de acordo com o que se aprendeu, consoante o que se adquiriu. No nível do conhecimento técnico, tal ação, tal memória, tal processo acumulativo é absolutamente necessário. Mas nós estamos falando de coisa inteiramente diferente, ou seja que o observar com atenção não implica processo aditivo. Porque, se ficamos meramente adicionando, adquirindo, então, no minuto seguinte de nossa observação, observamos com base no que temos acumulado e, por conseguinte, já não estamos observando. Compreendei isso, por favor.
É importantíssimo compreender que, quando a mente está sempre acumulando, acrescentando algo a si própria e de tal base observando, então tudo o que ela observa recebe o colorido do que antes foi aprendido, do conhecimento prévio. Essa mente, por conseguinte, é incapaz de compreender um fato novo. E a vida é sempre nova; o viver é algo totalmente novo, a cada minuto do dia. Mas, perdemos esse frescor, esse extraordinário sentimento de vitalidade, de beleza, de imensidão, porque vamos sempre ao encontro da vida com nosso conhecimento acumulado e, conseqüentemente, nunca estamos aprendendo, porém apenas adicionando mais alguma coisa às já existentes; com base nesse adicionamento, observamos as coisas, na esperança de aprender.
Assim, a mente que é séria, que está bem consciente da situação mundial, percebe que o mundo se acha num estado de angustiosa confusão. Nota-se um constante declínio em todas as nações; só uns poucos são capazes de funcionar inteligentemente, em liberdade talvez; os demais se limitam a imitar - são pobres imitações dos computadores, sua ação é ineficaz. A dor, a angústia, a ansiedade, o desespero é que são fatos, e não vossas crenças, vossas esperanças, vossos deuses; o fato do desespero, da ansiedade, da extraordinária persistência do sofrimento, sofrimento sem fim; a crescente animosidade e brutalidade - eis o mundo a que pertenceis. E a função da mente verdadeiramente séria é compreender e transcender esse mundo. A mente séria deve observá-lo. Isto é, deveis observar a vós mesmos, porque vós sois o mundo; porque há em vós angústia, sofrimento, solidão, desespero, ansiedade, medo, porque sois impelido pela ambição, a avidez, a inveja - sois esse mundo. Não sois o que pensais ser - que sois Deus, etc. Isto é só absurda especulação. Tendes de partir dos fatos e tendes de aprender a respeito de vós mesmo.
Há, pois, diferença entre aprender e acumular conhecimento. O aprender é infinito, não há fim no aprender a respeito de si mesmo. E, por conseguinte, a mente que não está acumulando, porém aprendendo, é capaz de observar seus conflitos, suas tensões, suas dores e secretos desejos e temores. Se assim fizerdes, não acidentalmente, porém todos os dias, todos os minutos - e isso é possível - se vos mantiverdes em constante observação, vereis que adquirireis uma energia extraordinária. Porque então a autocontradição estará sendo compreendida.
Com a palavra "compreender" não me refiro a algo intelectual. A mente que está fragmentada nunca compreenderá nada. Quando digo que "compreendo uma certa coisa intelectualmente", o que realmente estou dizendo é que ouço a palavra e compreendo a palavra; isso nada tem que ver com a compreensão. Compreensão implica não só o aspecto semântico, isto é, o sentido da palavra, mas também a apreensão do inteiro conteúdo dessa palavra e de seu significado conforme se aplica a nós mesmos. A compreensão, pois, não é uma simples questão de "cerebração" (mentation)(1) mera operação intelectual. Só podeis compreender alguma coisa quando lhe aplicais vossas mente, vosso corpo, vossos sentidos, vossos olhos, vossos ouvidos, tudo. E dessa compreensão resulta a ação total, e não ação fragmentária, contraditória.
Nessas condições, o que interessa - principalmente àqueles que são deveras sérios - é compreender. E a vida exige seriedade, pois não se pode viver neste mundo levianamente. Não podeis estar interessado apenas em vossas próprias aflições, vossos próprios divertimentos, vossos próprios temores. Sois uma parte do mundo e deveis compreender a vós mesmo e ao mundo. Essa compreensão exige extraordinária seriedade, e isto constitui imensa tarefa. E quando sois sério, deveis levar essa compreensão ao extremo, até perceberdes tudo o que a existência implica.
E, também, o conflito é algo que temos de compreender, compreender, e não dominar. Não tenteis negá-lo, não tenteis fugir dele, porém tratai de compreendê-lo, de ver todo o seu significado, de perceber as várias contradições, na palavra, no pensamento, na ação. Em geral, vivemos vidas duplas, ou triplas, ou múltiplas! Funcionamos fragmentariamente, nosso existir é fragmentário; desejamos ser mundanos; desejamos ter todos os confortos que nos são devidos. O conforto, obviamente, é necessário; mas com esse conforto vem a exigência de segurança. Não só desejamos estar seguros em nossos empregos - reação natural e sã - mas também desejamos estar seguros psicologicamente, interiormente.
É possível, em algum tempo, estar-se em segurança psicológica, - isto é, estarmos psicologicamente seguros em nossas relações e psicologicamente seguros em relação àquilo com que estamos identificados? A segurança exterior é evidentemente necessária. Exteriormente, é absolutamente necessário termos morada, um lar, emprego; mas não nos contentamos com isso. Queremos estar em segurança psicologicamente, interiormente; e aí começam as nossas tribulações. Nunca indagamos se existe realmente segurança interior; entretanto, dizemos que precisamos de estar em segurança interiormente, e nasce assim a ilusão. A partir desse momento, começa a desenrolar-se uma série de conflitos, de conflitos intermináveis.
Cumpre-nos, pois, descobrir a verdade em relação a essa formidável questão da segurança psicológica - sem procurarmos saber o que outro qualquer diz. Psicologicamente, vemo-nos inseguros; por essa razão criamos deuses, deuses que se tornam nossa segurança permanente! Isso gera conflitos. Compreendeis o que entendemos por "conflito"? Entendemos: a contradição; a ação fragmentária; os pensamentos que se chocam; os desejos conflitantes entre si; as exigências contraditórias; as pressões do mundo e a exigência interior de viver em paz com o mundo; a aspiração a encontrar algo além da existência diária, monótona, estúpida; o ver-nos presos na engrenagem da existência diária e desesperadora; o nunca termos uma solução para nosso desespero; a angústia imensa, não apenas pessoal, mas também a angústia do mundo, e nunca encontrarmos uma saída dessa angustia. Eis todos os fatores que geram a contradição - dos quais podemos estar conscientes ou não. Onde a mente se acha em contradição, tem de haver conflito.
E, sem dúvida, a mente que se encontra em conflito não pode ir adiante; poderá prosseguir na ilusão, mas não é capaz de avançar para descobrir se algo existe além do tempo, além da medida humana. Por certo, esta é a função da religião. A função da mente religiosa é descobrir o verdadeiro. E a verdade não pode ser encontrada num templo ou num livro, por mais venerando que seja. Vós tendes de descobri-la por vossos próprios meios. Não podeis comprá-la com lágrimas, com orações, com repetições, com rituais; por esse caminho se vai ao absurdo, à ilusão, à insânia.
A mente séria, por conseguinte, deve estar cônscia desse conflito. Com "estar cônscio" quero dizer, observar, escutar. Escutar é uma arte. Com efeito, é uma arte extraordinária o escutar um som. Não sei se já escutasses um som - o som de um pássaro pousado numa árvore, ou o distante buzinar de um carro. Pelo escutar - não pelo julgar, pelo identificar tal som com determinada ave ou determinado carro ou determinado rádio da casa mais próxima, porém pelo simples escutar, vereis - se assim souberdes escutar - como vos tornareis extraordinariamente sensível. A mente se torna sobremodo alertada quando escutamos simplesmente - isto é, não interpretando o que ouvimos, não tentando traduzi-lo, não o identificando com o que já conhecemos - pois isso nos impede de escutar. Mas, se escutardes simplesmente - escutardes vossos pensamentos, vossas exigências, o desespero de vossa existência, não tentando interpretar, traduzir nada, não tentando fazer alguma coisa em relação ao que se escuta vereis que vossa mente se tornará sobremodo lúcida.
E só a mente muito lúcida, a mente sã, racional, lógica, em que não há conflito, consciente ou inconsciente - só essa mente pode prosseguir até descobrir, por si própria, se existe uma Realidade. Só essa mente é religiosa. E só essa mente pode resolver os problemas do mundo. Os problemas do mundo são inumeráveis e se estão multiplicando. E se não fordes capaz de resolvê-los lógica, equilibrada, sãmente, com vosso espírito de todo livre de conflito, estareis apenas criando mais confusão, mais angústias para o mundo e para vós mesmo.
A primeira coisa, por conseguinte, que nos cumpre fazer é observar com atenção, todas as murmurações, todos os temores, ilusões, desesperos de nosso próprio ser. E vereis então, por vós mesmos - e para isso não se necessita de provas, nem de gurus, nem de livros sagrados - se a Realidade existe. E encontrareis, então, um extraordinário sentimento de libertação do sofrimento. Aí existe a claridade, a beleza e aquela coisa que está faltando hoje à mente humana: o amor, a afeição.
Krishnamurti
(1) Cf. Dic. Jayme Seguier - "Cerebração: neol. Atividade intelectual".
Aproveitamento
"Medita estas coisas; ocupa-te
nelas para que o teu aproveitamento
seja manifesto a todos."
- Paulo. (I TIMÓTEO, 4:15.)
Geralmente, o primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar compulsoriamente os outros.
Semelhante propósito, às vezes, raia pela imprudência, pela obsessão. O novo crente flagela a quantos lhe ouvem os argumentos calorosos, azorragando costumes, condenando idéias alheias e violentando situações, esquecido de que a experiência da alma é laboriosa e longa e de que há muitas esferas de serviço na casa de Nosso Pai.
Aceitar a boa doutrina, decorar-lhe as fórmulas verbais e estender-lhe os preceitos são tarefas importantes, mas aproveitá-la é essencial.
Muitos companheiros apregoam ensinamentos valiosos, todavia, no fundo, estão sempre inclinados a rudes conflitos, em face da menor alfinetada no caminho da crença. Não toleram pequeninos aborrecimentos domésticos e mantêm verdadeiro jogo de máscara em todas as posições.
A palavra de Paulo, no entanto, é muito clara.
A questão fundamental é de aproveitamento.
Indubitável que a cultura doutrinária representa conquista imprescindível ao seguro ministério do bem; contudo, é imperioso reconhecer que se o coração do crente ambiciona a santificação de si mesmo, a caminho das zonas superiores da vida, é indispensável se ocupe nas coisas sagradas do espírito, não por vaidade, mas para que o seu justo aproveitamento seja manifesto a todos.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Vinha de Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Lição 13. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br. FEB, 1996.
Nosso Grupo
Livro: Relicário de Luz
André Luiz & Francisco Cândido Xavier
Nosso Grupo de trabalho espírita-cristão, em verdade, assemelha-se ao campo consagrado à lavoura comum. Almas em pranto que o procuram simbolizam terrenos alagadiços que nos cabe arear proveitosamente.
Observadores agressivos e rudes são espinheiros magnéticos que devemos remover sem alarde.
Freqüentadores enquistados na ociosidade mental constituem gleba seca que nos compete irrigar com carinho.
Criaturas de boa índole, mas vacilantes na fé, expressam erva frágil que nos pede socorro até que o tempo as favoreça.
Confrades irritadiços, padecendo melindres pessoais infindáveis, são os arbustos carcomidos por vermes de feio aspecto.
Irmãos sonhadores, eficientes nas idéias e negativos na ação, representam flores improdutivas.
Pedinchões inveterados, que nunca movem os braços nas boas obras, afiguram-se-nos folhagem estéril que precisamos suportar com paciência.
Amigos dedicados ao mexerico e ao sarcasmo são pássaros arrasadores que prejudicam a sementeira.
O companheiro, porém, que traz consigo o coração, é o semeador que sai com Jesus a semear, ajudando incessantemente a execução do Plano Divino e preparando a seara do Amor e da Sabedoria, em favor da Humanidade, no futuro infinito.
André Luiz & Francisco Cândido Xavier
Nosso Grupo de trabalho espírita-cristão, em verdade, assemelha-se ao campo consagrado à lavoura comum. Almas em pranto que o procuram simbolizam terrenos alagadiços que nos cabe arear proveitosamente.
Observadores agressivos e rudes são espinheiros magnéticos que devemos remover sem alarde.
Freqüentadores enquistados na ociosidade mental constituem gleba seca que nos compete irrigar com carinho.
Criaturas de boa índole, mas vacilantes na fé, expressam erva frágil que nos pede socorro até que o tempo as favoreça.
Confrades irritadiços, padecendo melindres pessoais infindáveis, são os arbustos carcomidos por vermes de feio aspecto.
Irmãos sonhadores, eficientes nas idéias e negativos na ação, representam flores improdutivas.
Pedinchões inveterados, que nunca movem os braços nas boas obras, afiguram-se-nos folhagem estéril que precisamos suportar com paciência.
Amigos dedicados ao mexerico e ao sarcasmo são pássaros arrasadores que prejudicam a sementeira.
O companheiro, porém, que traz consigo o coração, é o semeador que sai com Jesus a semear, ajudando incessantemente a execução do Plano Divino e preparando a seara do Amor e da Sabedoria, em favor da Humanidade, no futuro infinito.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
CIÚME E OBSESSÃO
O ciúme, assim como o ódio, são sentimentos que se auto-alimentam. Essa auto-alimentação se faz por intermédio dos pensamentos – formas. O ciumento lança suas dúvidas sobre o objeto amado, do qual ele se julga proprietário, e passa a idealizar situações que corroborem suas suspeitas. Ele plasma mentalmente situações em que o objeto amado o trai, zomba e escarnece dele, alimentando um ódio mesclado com um amor doentio.
Paira pelo mundo aglomerado de sentimentos das mais variadas espécies, de amor, ódio, vingança, rapinagens e toda a gama de sentimentos produzida pelo homem encarnado e desencarnado. Essas formas são alimentadas pelos pensamentos –formas. O ciumento ao desenvolver os pensamentos – formas cria um canal com essas energias. Essas energias também estão conectadas aos desencarnados que se alimentam delas dando vazão ao seu mundo ilusório de sofrimento, onde se faz presente uma forte dose de masoquismo e insegurança. Essa energia ao ser alimentada pelos pensamentos – formas, as repassa aos desencarnados abrindo um canal entres esses e o encarnado emissor da energia. O desencarnado se dirige ao encarnado acoplando-se a ele agora na qualidade de obsessor. O obsessor se alimenta das energias negativas e essas dos pensamentos – formas. O encarnado passa, então, a contar com um suplemento mais eficaz para alimentar seu ciúme.
Isso nos mostra um quadro em que o encarnado, acometido pelo ciúme cria os pensamentos – formas que vão alimentar as energias semelhantes e essas ligam ao encarnado o obsessor que viceja junto delas; o obsessor se dirige a fonte emissora e passa a interagir com ela. A vítima não é apenas o bsidiado mas, também ou principalmente o bjeto do seu ciúme. Esse arca com toda a gama dessa revolta, às vezes, completamente inocente (pelo menos no campo da matéria).
Não é raro, esse quadro acabar se desembocando numa separação ou mesmo no homicídio. O obsessor é um espírito que sofreu essas dores quando encarnado e ainda as sofre como desencarnado. A atitude que ele irá impingir à sua vítima é a titude que adotou quando enfrentou o mesmo quadro; se ele terminou por matar sua vítima, ele instigará o seu pupilo na mesma direção. Para o obsessor, o objeto do obsidiado é o seu objeto, ele o vê como se fosse o seu objeto quando encarnado.
Paira pelo mundo aglomerado de sentimentos das mais variadas espécies, de amor, ódio, vingança, rapinagens e toda a gama de sentimentos produzida pelo homem encarnado e desencarnado. Essas formas são alimentadas pelos pensamentos –formas. O ciumento ao desenvolver os pensamentos – formas cria um canal com essas energias. Essas energias também estão conectadas aos desencarnados que se alimentam delas dando vazão ao seu mundo ilusório de sofrimento, onde se faz presente uma forte dose de masoquismo e insegurança. Essa energia ao ser alimentada pelos pensamentos – formas, as repassa aos desencarnados abrindo um canal entres esses e o encarnado emissor da energia. O desencarnado se dirige ao encarnado acoplando-se a ele agora na qualidade de obsessor. O obsessor se alimenta das energias negativas e essas dos pensamentos – formas. O encarnado passa, então, a contar com um suplemento mais eficaz para alimentar seu ciúme.
Isso nos mostra um quadro em que o encarnado, acometido pelo ciúme cria os pensamentos – formas que vão alimentar as energias semelhantes e essas ligam ao encarnado o obsessor que viceja junto delas; o obsessor se dirige a fonte emissora e passa a interagir com ela. A vítima não é apenas o bsidiado mas, também ou principalmente o bjeto do seu ciúme. Esse arca com toda a gama dessa revolta, às vezes, completamente inocente (pelo menos no campo da matéria).
Não é raro, esse quadro acabar se desembocando numa separação ou mesmo no homicídio. O obsessor é um espírito que sofreu essas dores quando encarnado e ainda as sofre como desencarnado. A atitude que ele irá impingir à sua vítima é a titude que adotou quando enfrentou o mesmo quadro; se ele terminou por matar sua vítima, ele instigará o seu pupilo na mesma direção. Para o obsessor, o objeto do obsidiado é o seu objeto, ele o vê como se fosse o seu objeto quando encarnado.
MEDIUNIDADE ATORMENTADA
Diante das explosões de agressividade sentimental, é preciso considerar não apenas o quadro visível dos companheiros transfigurados de cólera ou desespero.
Se estudas mediunidade e percebes que ela se baseia, acima de tudo, em princípios de sintonia, pondera nas forças desequilibradas que atuam, freqüentemente, nessas ocasiões, por trás da pessoa aparentemente sadia.
Na Terra, sempre nos comovemos perante a chapa radiográfica que acusa a presença de moléstia insidiosa em determinado órgão, predispondo-nos à simpatia pelo doente, e quase nunca refletimos na gravidade do processo obsessivo, por enquanto inauscultável pela perquirição humana, a destruir as melhores possibilidades da criatura. Semelhante anomalia jaz, muitas vezes, enquistada na constituição psíquica do enfermo, alentando-lhe a ligação com as regiões inferiores e dele fazendo um agente movimentado das inteligências que operam no lado negativo da evolução.
Muito mais do que podemos supor, somos defrontados, no plano físico, pelos irmãos dominados por elementos vampirizadores, seja por um minuto, uma hora, um dia ou longo tempo.
A própria sabedoria popular já alcançou intuitivamente o problema, definindo a pessoa, transitoriamente se o controle de si mesma, como sendo alguém que terá entrado, sem perceber, num momento infeliz. Meditemos, não somente nisso, mas, de igual modo, na condição mediúnica de que todos somos portadores, nas faculdades do espírito, quando essa condição sem disciplina e esclarecimento se vê presa, de repente, num círculo magnético de aguilhões constrangedores.
Muitos crimes se cometem e muitos desastres se verificam, unicamente por falta de alguém, com bastante capacidade de entendimento, para levantar o dique do amparo fraterno, ante as arrasadoras projeções do mal.
Pensa e torno disso e ajuda, onde raros irmãos, até agora, conseguem suficiente visão íntima para a prestação de socorro que se faz necessário.
Se já compreendes o poder da hipnose sobre as criaturas que ainda não se ajustaram às leis da vida mental, ergue a muralha defensiva da bondade e da compreensão, do silêncio ou da prece, à frente dos companheiros que a ira ou a inconformação coloca em desgoverno sentimental!... Ninguém consegue calcular os estragos do incêndio, causado por mera faísca atiçada pelo descuido, tanto quanto ninguém consegue avaliar a colheita de bênçãos que fluirá de um simples gesto de auxílio, revestido de amor.
pelo Espírito Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier - Livro – Encontro Marcado.
Se estudas mediunidade e percebes que ela se baseia, acima de tudo, em princípios de sintonia, pondera nas forças desequilibradas que atuam, freqüentemente, nessas ocasiões, por trás da pessoa aparentemente sadia.
Na Terra, sempre nos comovemos perante a chapa radiográfica que acusa a presença de moléstia insidiosa em determinado órgão, predispondo-nos à simpatia pelo doente, e quase nunca refletimos na gravidade do processo obsessivo, por enquanto inauscultável pela perquirição humana, a destruir as melhores possibilidades da criatura. Semelhante anomalia jaz, muitas vezes, enquistada na constituição psíquica do enfermo, alentando-lhe a ligação com as regiões inferiores e dele fazendo um agente movimentado das inteligências que operam no lado negativo da evolução.
Muito mais do que podemos supor, somos defrontados, no plano físico, pelos irmãos dominados por elementos vampirizadores, seja por um minuto, uma hora, um dia ou longo tempo.
A própria sabedoria popular já alcançou intuitivamente o problema, definindo a pessoa, transitoriamente se o controle de si mesma, como sendo alguém que terá entrado, sem perceber, num momento infeliz. Meditemos, não somente nisso, mas, de igual modo, na condição mediúnica de que todos somos portadores, nas faculdades do espírito, quando essa condição sem disciplina e esclarecimento se vê presa, de repente, num círculo magnético de aguilhões constrangedores.
Muitos crimes se cometem e muitos desastres se verificam, unicamente por falta de alguém, com bastante capacidade de entendimento, para levantar o dique do amparo fraterno, ante as arrasadoras projeções do mal.
Pensa e torno disso e ajuda, onde raros irmãos, até agora, conseguem suficiente visão íntima para a prestação de socorro que se faz necessário.
Se já compreendes o poder da hipnose sobre as criaturas que ainda não se ajustaram às leis da vida mental, ergue a muralha defensiva da bondade e da compreensão, do silêncio ou da prece, à frente dos companheiros que a ira ou a inconformação coloca em desgoverno sentimental!... Ninguém consegue calcular os estragos do incêndio, causado por mera faísca atiçada pelo descuido, tanto quanto ninguém consegue avaliar a colheita de bênçãos que fluirá de um simples gesto de auxílio, revestido de amor.
pelo Espírito Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier - Livro – Encontro Marcado.
PENSAMENTOS FORMAS
Há uma proposição que diz: "Toda forma é um conglomerado de coisas". É
justamente o que queremos dizer. Os pensamentos são formas emblemáticas que
transmitimos em muitas dimensões para as mentes da mesma sintonia, e os
sentimentos que plasmamos neles são partes de nós, que ficam nos outros, sob
a nossa responsabilidade.
Há momentos de fraqueza humana em que o pensamento alheio causa distúrbios
inacreditáveis, dependendo do estado de alma de quem o recebe, como do
influxo mental de quem o transmite.
A realidade é que orar e vigiar, como nos propõe o Evangelho, na lavoura das
idéias, é dever sagrado de cada dia. A agenda do cristão deve Ter uma
palavra com letras grandes: VIGILÂNCIA. As formas mentais têm uma força
coesiva sem precedentes, maior que a liga de todas as colas e o traço de
todos os cimentos. Os espíritos de alta envergadura conhecem a ciência, de
modo a desintegrar as formas mentais inferiores, aproveitando-as, como lixo
mental, em adubos, ou canalizando-as para animais da mesma faixa, que as
transmitam em alimentos psíquicos, de certa forma, para eles, suculentos.
A estrutura congênita das idéias, quando se trata de alma evoluída, é de
máxima importância, pois é nessa oportunidade que ela começa a amar o
próximo, inicia seu dia doando o que mais lhe toca o coração. É a verdadeira
caridade espiritual, porque em uma corrente contínua de pensamentos se
estende a mensagem da fraternidade, por não lhes dar o trabalho de limpeza
psíquica. Se a humanidade fosse consciente da grandeza das emoções elevadas,
transformaria o mundo dos sentimentos em fontes puras de amor.
As correntes mentais inferiores, intercruzando os espaços da Terra e se
ajustando, por sintonia, com as pessoas, é que impulsionam os países às
guerras, às calamidades, aos grandes desacertos financeiros. E essa troca de
magnetismo decadente entre os homens proporciona as maiores promiscuidades,
os desajustes dos lares, e os desleixos morais, por entorpecer as mentes e
levá-las às mais baixas vibrações.
Os nossos pensamentos brotam do fulcro mental com uma ardência de vida sem
paralelos na escala das emoções. Quando canalizados aos seus devidos fins,
esvaziam o campo energético da alma, para depois serem reabastecidos pelos
centros de força mais responsáveis pela consciência. Isso é um cinetismo
indescritível do éter cósmico. E não sendo usado para a nobreza do caráter,
o reator emotivo cria colisões nos campos de força, de maneira a demorar o
próprio reabastecimento e adormecer, de certa forma, parte da consciência,
que retarda o seu comando instintivo dos órgãos e deixa de fornecer a cota
de energia protoplasmática ao sensível metabolismo celular.
O místico se embriaga nas suas sábias deduções, caindo em êxtase pelo prazer
que lhe dão as formas mentais elaboradas em sua mente. Todavia, o espírito
inferior sofre com as suas criações, que correspondem à sua própria
inferioridade.
O Cristo, médico das almas, foi também o maior médico dos corpos. A
especulação científica chegará algum dia à realidade do espírito, cinzelando
os fatos com a oficialidade de que os pensamentos bons são capazes de
restaurar os homens e as coisas danificadas, como torturar vidas e
desagregar formas na ação magnética inferior. Poderemos ser médicos de nós
mesmos, elaborar remédios, que nos possam curar. Isso depende da educação da
mente.
A configuração das idéias obedece a um plano evolutivo por excelência e
preestabelecido por esquema do Todo Poderoso. Entretanto, compete a nós
outros uma intervenção, cuja altura devemos alcançar, de determinadas
modificações no que concerne aos valores emotivos. Devemos plasmar, com os
recursos a nós oferecidos no magnetismo estuante da mente, o amor mais puro,
que se irradia em muitas formas de conceitos, porque ele, sendo vida maior,
sustenta todas as vidas, em todos os reinos do alvorecer eterno.
Ao nosso pensamento é justo não faltar o traço que compete à elegância.
Sejamos felizes, deixando o Cristo participar das nossas correntes mentais e
entremos, com Ele, no reino de Deus.
(De "Horizontes da Mente", de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez)
justamente o que queremos dizer. Os pensamentos são formas emblemáticas que
transmitimos em muitas dimensões para as mentes da mesma sintonia, e os
sentimentos que plasmamos neles são partes de nós, que ficam nos outros, sob
a nossa responsabilidade.
Há momentos de fraqueza humana em que o pensamento alheio causa distúrbios
inacreditáveis, dependendo do estado de alma de quem o recebe, como do
influxo mental de quem o transmite.
A realidade é que orar e vigiar, como nos propõe o Evangelho, na lavoura das
idéias, é dever sagrado de cada dia. A agenda do cristão deve Ter uma
palavra com letras grandes: VIGILÂNCIA. As formas mentais têm uma força
coesiva sem precedentes, maior que a liga de todas as colas e o traço de
todos os cimentos. Os espíritos de alta envergadura conhecem a ciência, de
modo a desintegrar as formas mentais inferiores, aproveitando-as, como lixo
mental, em adubos, ou canalizando-as para animais da mesma faixa, que as
transmitam em alimentos psíquicos, de certa forma, para eles, suculentos.
A estrutura congênita das idéias, quando se trata de alma evoluída, é de
máxima importância, pois é nessa oportunidade que ela começa a amar o
próximo, inicia seu dia doando o que mais lhe toca o coração. É a verdadeira
caridade espiritual, porque em uma corrente contínua de pensamentos se
estende a mensagem da fraternidade, por não lhes dar o trabalho de limpeza
psíquica. Se a humanidade fosse consciente da grandeza das emoções elevadas,
transformaria o mundo dos sentimentos em fontes puras de amor.
As correntes mentais inferiores, intercruzando os espaços da Terra e se
ajustando, por sintonia, com as pessoas, é que impulsionam os países às
guerras, às calamidades, aos grandes desacertos financeiros. E essa troca de
magnetismo decadente entre os homens proporciona as maiores promiscuidades,
os desajustes dos lares, e os desleixos morais, por entorpecer as mentes e
levá-las às mais baixas vibrações.
Os nossos pensamentos brotam do fulcro mental com uma ardência de vida sem
paralelos na escala das emoções. Quando canalizados aos seus devidos fins,
esvaziam o campo energético da alma, para depois serem reabastecidos pelos
centros de força mais responsáveis pela consciência. Isso é um cinetismo
indescritível do éter cósmico. E não sendo usado para a nobreza do caráter,
o reator emotivo cria colisões nos campos de força, de maneira a demorar o
próprio reabastecimento e adormecer, de certa forma, parte da consciência,
que retarda o seu comando instintivo dos órgãos e deixa de fornecer a cota
de energia protoplasmática ao sensível metabolismo celular.
O místico se embriaga nas suas sábias deduções, caindo em êxtase pelo prazer
que lhe dão as formas mentais elaboradas em sua mente. Todavia, o espírito
inferior sofre com as suas criações, que correspondem à sua própria
inferioridade.
O Cristo, médico das almas, foi também o maior médico dos corpos. A
especulação científica chegará algum dia à realidade do espírito, cinzelando
os fatos com a oficialidade de que os pensamentos bons são capazes de
restaurar os homens e as coisas danificadas, como torturar vidas e
desagregar formas na ação magnética inferior. Poderemos ser médicos de nós
mesmos, elaborar remédios, que nos possam curar. Isso depende da educação da
mente.
A configuração das idéias obedece a um plano evolutivo por excelência e
preestabelecido por esquema do Todo Poderoso. Entretanto, compete a nós
outros uma intervenção, cuja altura devemos alcançar, de determinadas
modificações no que concerne aos valores emotivos. Devemos plasmar, com os
recursos a nós oferecidos no magnetismo estuante da mente, o amor mais puro,
que se irradia em muitas formas de conceitos, porque ele, sendo vida maior,
sustenta todas as vidas, em todos os reinos do alvorecer eterno.
Ao nosso pensamento é justo não faltar o traço que compete à elegância.
Sejamos felizes, deixando o Cristo participar das nossas correntes mentais e
entremos, com Ele, no reino de Deus.
(De "Horizontes da Mente", de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez)
domingo, 16 de dezembro de 2007
PAZ
Ninguém nega que em torno de nós, agitam-se multidões rogando paz, ignorando como saírem do tumulto.
Impossível, igualmente, desconhecer que não está em nossas mãos arrebatá-las de vez ao torvelinho de inquietações que criaram para si mesmas. Entretanto, ser-nos-á possível estabelecer o reino da paz em nós mesmos, irradiando tranqüilidade e otimismo onde estivermos.
Comecemos pelas bases da compreensão.
Se nos ajustarmos às leis de equilíbrio que nos governam, reconheceremos que os desacertos do mundo são justificáveis.
Aqueles mesmos que se nos fazem companheiros no cotidiano, são portadores dos pequenos desajustes que apresentam a soma das grandes crises que afetam a comunidade nos dias atuais.
Esse, possui recursos materiais para a garantia do trabalho, mas sofre a sede de lucros excessivos e imediatos.
Outro, dispõe de competência para servir, no entanto, embora seja razoavelmente remunerado, reclama sempre novas e mais elevadas compensações.
Aquele, evidencia notável saúde física, mas entende que o tempo dever ser dissipado em distrações vazias.
Aquele outro, carrega indisposições que nada faz por superar e, sobretudo, exagera sintomas, em prejuízo de si próprio.
Outros ainda se ressentem, ante a incompreensão alheia, e trazem o coração conservado no vinagre do melindre ou da rebeldia.
Todos, porém, são detentores de altas virtudes potenciais.
Abstém-te de fixar as deficiências do companheiro e procura destacar as qualidades nobres, nas quais se caracterizam de alguma forma.
Examina o bem, louva o bem e estende o bem, tanto quanto puderes.
A paz pode passar a residir hoje mesmo em nosso campo íntimo. Basta lhe ofereçamos o refúgio da compreensão e isso depende unicamente de nós.
Tanto quanto puderes, burila-te no relacionamento com os outros e aperfeiçoa tudo aquilo que já conheces.
Emmanuel
Livro: Paz - Francisco Cândido Xavier
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
CARIDADE E ESPERANÇA
Lembra-te da esperança para que a tua caridade não se faça incompleta.
Darás ao faminto, não somente a côdea de pão que lhe mitigue a fome, mas também o carinho da palavra fraterna, com que se lhe restaurem as energias.
Não apenas entregarás ao companheiro, abandonado à intempérie, a peça que te sobra ao vestiário opulento, mas agasalhá-lo-ás em teu sorriso espontâneo a fim de que se reerga e prossiga adiante, revigorado e tranqüilo.
Não olvides a paciência divina com que somos tolerados a cada hora.
Qual acontece ao campo da natureza, em que o Sol mil vezes injuriado pela treva, mil vezes responde com a bênção da luz, dentro de nossa vida, assinalamos a caridade infinita de Deus, refazendo-nos a oportunidade de servir e aprender, resgatar e sublimar todos os dias.
Não te faças palmatória dos próprios irmãos, aos quais deves a compreensão e a bondade de que recebes as mais elevadas quotas do Céu, na forma de auxílio e misericórdia, em todos os instantes da experiência.
Não profiras maldição nem espalhes o tóxico da crítica, no obscuro caminho em que jornadeiam amigos menos ditosos, ainda incapazes de libertarem a si mesmos das algemas da ignorância.
Recorda que Jesus nos chamou à senda terrestre para auxiliar e salvar, onde muitos já desertaram da confiança no eterno bem.
Seja onde for e com quem for, atende à esperança para que o mundo conquiste a vitória a que se destina.
Aliviar com azedume é alargar a ferida de quem padece e dar com reprimendas é envolver o socorro em repulsivo vinagre de desânimo ou desespero.
À maneira de raio solar que desce à furna cada manhã, restaurando o império da luz, sem reclamação e sem mágoa, sê igualmente para os que te rodeiam a permanente mensagem do amor que tudo compreende e tudo perdoa, amparando e auxiliando sem descansar, porque somente pela força do amor alcançaremos a luz imperecível da vida.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Emmanuel.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
A CURA PELO AMOR
Interessa-te pelo teu doente. Prova-lhe que o ama, dedicando-lhe atenção, zelo e carinho. Transmite-lhe, pelos gestos e atitudes, tuas lições de serenidade, paciência e confiança em Deus. Dá-lhe o exemplo da fé viva e mostra-lhe que a resignação é anestésico para a dor e que o amor vale por todos os remédios.
Não há males que o amor não cure. Um simples copo d’agua dado com amor é tônus incomparável no refazimento do ânimo. Os medicamentos curam pelos elementos químicos contidos na sua composição. O amor cura a alma por seus compostos divinos constituídos dos sentimentos de solidariedade.
Uma injeção de amor pode salvar muitas vidas pelo seu efeito multiplicador. Numa casa em que todos se amam, a doença não faz morada, porque há um estoque de amor disponível nos corações! O doente amado não se expõe aos tóxicos do desespero. Mas o doente que ama é mais resistente ainda às investidas dos vírus do pessimismo. Ele é o próprio amor agindo na intimidade do enfermo, anulando todo o poderio das infecções do desânimo e predispondo-o à assimilação dos agentes da cura – a vontade, a fé e a esperança!
Se tens um doente à tua volta, irradia sobre ele a energia do amor. O amor é a poderosa tomada que liga o homem a Deus, que opera todas as curas. Não cura todas as doenças porque nem todos os doentes desejam a cura e há os que a desejam, mas nada fazem por merecê-la. Mas é Deus que manipula todas as substâncias geradoras do amor. É do amor divino que se extrai o amor inoculado nos corações dos homens.
Por isso, quando doamos do nosso amor, estamos doando, na verdade, porções do amor divino, doses das energias de Deus, em favor da saúde do próximo. E quando a alma está saudável, o seu estado se reflete sobre o corpo, operando as defesas do organismo. Se a alma adoece, si as potências inabaláveis do amor poderão rearmonizá-la com a saúde que verte de Deus.
Cuida do teu doente com amor. Não lhe dês a entender jamais que lhe assiste por obrigação, mas por amor; pelo amor renúncia que é capaz de curar os males sem cura. Uma palavra de amor é injeção que envivece. “Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa”, ordenou Jesus ao paralítico de Cafarnaum. (Marcus 2,11). É que o amor é um concentrado de virtudes celestes que transformam o homem, curando-o dos males sem conta. É “alimento das almas”, como aprende André Luiz em Nosso Lar. (Cap. 18).
Com as bênçãos de Jesus, Nosso Senhor e Mestre.
Joana
Pereira, Wanderley. Ditado pelo Espírito Joana.
Nos Dons da Pregação
Livro: *Messe de Amor*
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco
Não te desalentes, na difusão dos nobres princípios cristãos, porque
os ouvidos que te recolhem as palavras continuam desatentos.
Se o companheiro que parecia seguro caiu, levanta-o, distendendo as
mãos afeiçoadas, e reconforta-o outra vez.
Se o ouvinte partiu, ansioso, para se entregar, inerme, ao erro,
considera-lhe a imprevidência, e volta a encorajá-lo na luta contra o mal.
Se o doente, em recuperando a saúde, retornou à posição anterior,
distante dos companheiros e dos compromissos morais, esclarece-o, ainda
mais, quanto à responsabilidade e ao dever.
Se o acompanhante se apresenta entediado, com evidente sinais de
enfado, renova-lhe as forças na fé puro, e demora-te ajudando.
Se a injúria te chega ao coração, desculpa o golpe partido do
beneficiado das tuas mãos, e persevera socorrendo.
Se a maldade enrosca os teus pés no poste da aflição, examina a
própria atitude, e permanece amparando.
Se desprezado, não revides com azedume, e esforça-te para ser útil
sempre.
Se insultado pelos comensais do teu carinho e dos teus ensinos,
esquece qualquer ofensa, e ampara sem mágoa.
O desatento é espírito imaturo.
O perseguidor é instrumento de várias enfermidades.
O zombeteiro ignora-se.
O imprevidente é "criança espiritual".
O mau é náufrago em si mesmo.
No meio de todas as deserções e fracassos, originados na pobreza de
forças que te rodeiam, cobra alento novo em Jesus Cristo, estando seguro de
que és apenas servidor, em tarefa de auxílio e que todos os resultados a Ele
pertencem, como todo bem dEle procede. E, após as fadigas, continuando
feliz, descobrirás, nos recessos da alma, a virtude e o amor resplandecentes
como luz de Deus a clarear-te por dentro.
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