terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Convite ao Desprendimento

"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem
os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam..." (Mateus:
capítulo 6º, versículo 19.)

Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice nem
dissipação.
Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob condicionamentos
retentivos se transforma em cadeia escravizante.
Os objetos a que o homem se apega valem os preços que lhes são
emprestados, constituindo-se elos a impedirem o avanço do possuidor,
na direção do futuro...
Desapego, portanto, em forma de libertação do liame pessoal egoístico
e tormentoso que constitui presídio e patíbulo para quem se fixa
negativamente como para aquele que se faz sua vítima afetiva.
Libertar-se das aflições constritivas, asfixiantes, para marchar com
segurança.
Doa com alegria quanto possas, generosamente.
O que distribuis com equilíbrio e lucidez multiplica-se, o que reténs
reduz-se.
Abundância, como excesso engendram miséria e loucura.
Distende assim, mão generosa na alfândega da fraternidade, mas libera-
te da emotividade desregrada, da posse afetuosa a objetos, animais e
pessoas, porquanto mais carinhos que te mereçam, mais devoção que
lhes dês, chegará o dia de atravessares o portal do túmulo, fazendo-o
em soledade, livre de amarras ou jungido ao que se demorará, a
desgastar-se pela ferrugem, pelo azinhavre, corroído ou simplesmente
em trânsito por outras mãos ante a tua tormentosa impossibilidade de
reter e interferir.

Livro: Convites da Vida - 12
Joanna de Ângelis e Divaldo P. Franco

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