O HOMEM DE LOMBROSO

A teoria desenvolvida pelo psiquiatra italiano Cesare
Lombroso, sustenta que o homem criminoso nato, é portador de um
atavismo que remonta ao homem primitivo.

É esse atavismo que o coloca à margem da lei, com capacidade para
matar sem qualquer

Resquício de remorso, piedade ou qualquer sentimento nobre. Esse homem
é o que nós denominamos como psicopata. Ele pode estrangular a própria
mãe, jogar o corpo para um canto, sem verter uma lágrima, sem qualquer
remorso.

A teoria freudiana sustenta que o homem é portador de dois instintos
básicos: Eros e Thanátos. Em Eros reside o amor, a carícia, a
meiguice; sentimentos de natureza feminina. Enquanto em Thanátos
reside a agressividade cega. Thanátos deseja destruir o ser vivo para
retornar à matéria inorgânica de onde proveio, ao estado do nirvana
onde não há repressão, nem cobranças...Para Freud, Eros é o sentimento
mais recente no homem, é com ele que começa o processo civilizatório.
Portanto, antes de Eros não havia os sentimentos de amor ou qualquer
traço de sociabilidade no homem.

Para Jung, o homem tem dois elementos: um masculino e um feminino, são
as personalidades anima no homem e animus na mulher. No homem, o
traço feminino está em menor evidência, sobressaindo o traço
masculino. Com a mulher se dá o contrário: o traço feminino está em
maior quantidade e o masculino em menor.

Portanto, somos de concluir que Lombroso não estava
totalmente errado. Assim como nasce crianças sem braços, sem cérebros
e com tantas anomalias, poderia ocorrer de haver um distúrbio em que a
criança nascesse sem o traço feminino. À míngua desse traço onde
reside a carícia, o amor e toda a gama de sentimentos nobres, esse
homem contém em si apenas o seu lado masculino, o Thanátos freudiano.
Daí porque, esse homem não tem sentimentos, é um psicopata.

É esse traço feminino que possibilita a conquista da
mulher. O homem chega à mulher adotando traços que são dela, a
serenata, o buquê de flores e outros dessa índole, são elementos
femininos.

O homem primitivo, antes do aparecimento de Eros, não
tinha essas sutilezas, ele não conquistava a mulher, ele a
capturava...A espreitava por entre as àrvores, lhe dava uma porretada
na cabeça e a arrastava para a caverna mais próxima. Ali ele saciava a
sua fome, não esquecendo que sexo é um instinto famélico. O que
sucedia com a mulher e o filho que viesse, ele não tomava
conhecimento...seguia seu caminho sem qualquer preocupação.

Platão nos fala, adotando o nome de Aristófanes, que o homem
primordial era um ser hermafrodita, os deuses o dividiram em dois,
separando o feminino do masculino. É meio nebulosa a definição de
Platão, mas é isso que ele quer dizer.

Sabemos que o livro da gênese bíblica não é originário dos
judeus. Ele proveio da religião sumérica. Os judeus o assimilaram
quando estiveram no cativeiro da Babilônia e segundo consta, tem mais
de 9 mil anos.

Existe outra versão para a história no paraíso. Ela diz
que Adão era um ser hermafrodita, Deus o rachou no meio separando o
masculino do feminino. A mulher que surge é chamada Lilith. Lilith era
rebelde e contestava a supremacia de Adão, uma das suas manias é que
não admitia o fato de Adão ficar por cima no ato sexual (vê se pode
!!!). Pois bem, Lilith abandonou Adão e se juntou ao demônio Samael.
Isso está no livro Zohar, que compõe a kabala.

A biologia comprova esses mitos. Segundo ela, o embrião
até o 60º dia é um ser hermafrodita...desenvolve os dois sexos...após
então, um desses sexos começa a se atrofiar e o outro a se destacar,
definindo o sexo da criança. Portanto, não existe o homem 100% macho
nem a mulher 100% fêmea...todos nós somos mais ou menos machos e
mais ou menos fêmea. O elemento 100% não existe, o ,espermatozóide
e o ovo não são 100% puros, já que são provenientes de um homem e uma
mulher.

Isso corrobora a tese de Jung, sabendo que desde o
nascedouro trazemos os dois elementos. Mas fulmina a teoria de Freud,
porque o Thanátos freudiano não seria 100% macho, antes do advento de
Eros. Mas já li em
alguma obra de Freud que ele diz que Thanátos contém elementos de Eros
e vice-versa. A única forma que vejo para isso suceder, é que Thanátos
absorveu elementos de Eros e Eros os de Thanátos. Ou será que Freud,
conhecendo a teoria de Jung, forçou um pouco a barra ?

Antônio Amâncio de Oliveira