quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O FENÔMENO ESPÍRITA

Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como
facho aceso de sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes
da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento
de que as mais rudimentares organizações humanas guardam no intercâmbio com
os "mortos" suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual
assinalam a marcha das tribos e das povoações do princípio.
No Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial
importância para a civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o
guardião das sombras e presidia à viagem das almas para o julgamento que
lhes competia no Além.
Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da
fé. Em todas as circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são
consultados pelos descendentes, recebendo orações e promessas, flores e
sacrifícios.
Na Índia encontram nos "rakchasas", Espíritos maléficos que
residem nos sepulcros, os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam
por "demônios" ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução
de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da
intimidade doméstica, onde são interpretados como divindades menores. Para a
antiga comunidade latina, as almas bem intencionadas, que haviam deixado, na
Terra, os traços da sabedoria e da virtude eram os "deuses lares", com
recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas
perversas eram conhecidos habitualmente por "larcas", cuja aproximação
causava dissabores e enfermidades.
Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações
recuadas substituídos por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos
guerreiros e sobre a coroa dos príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a
vinda do Cristo, a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita
comparece por vívido clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as
supremas realizações do esforço coletivo.
Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na
Terra adquire novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da
Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam,
sonham e morrem para doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena
vitória sobre a morte, mas a política do Império Romano reduz, por dezesseis
séculos consecutivos, o movimento libertador.
Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em
seguida às sombras da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo - doutrina do Cristo...
Espiritismo - doutrina dos Espíritos...
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana,
constituída por mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências,
incorreríamos talvez no perigo de comprometermos o progresso do mundo,
isolados em nossos pontos de vista e em nossas concepções deficitárias, mas,
regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a perfeição espiritual, a
fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas educativas da
carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência: - "vós
sois deuses"...
(De "Roteiro", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel)

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