quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

INDULGÊNCIA PERMANENTE






Escasseia, cada vez mais, no comportamento humano, a indulgência.
Relevante para o êxito da criatura em si mesma e em relação ao próximo, o
pragmatismo negativo dos interesses imediatos vem, a pouco e pouco,
desacreditando-a, deixando-a à margem.
Sem a indulgência no lar, diante das atitudes infelizes dos familiares
ou em referência aos seus equívocos, instala-se a malquerença; na
oficina de atividades comerciais, produz a desconfiança; no trato social
propicia o desconforto moral e responde pela competição destrutiva...
Tentando substituí-la, as criaturas imprevidentes colocam nos lábios a
mordacidade no trato com o semelhante, a falsa superioridade, a
ofensa freqüente, a hipocrisia em arremedos de tolerância.
A indulgência para com as faltas alheias é perfeita compreensão da
própria fragilidade, a refletir-se no erro de outrem, entendendo que
todos necessitam de oportunidade para recuperar-se, e facultando-a sem
assumir rígido comportamento de censor ou injustificável postura de
benfeitor.
A indulgência é um sentimento de humanidade que vige em todas as
pessoas, aguardando desdobramento e vitalidade que somente o esforço de cada
qual logra realizar.
É calma e natural, fraterna e gentil, brotando como linfa cristalina ao
alcance do sedento.
Generosa, não guarda qualquer ressentimento, olvidando as ofensas a
benefício do próprio agressor.
A indulgência é um ato de amor que se expande e de caridade que se
realiza.
Mede-se a conquista moral de um homem pelo grau de indulgência que
possui em relação aos limites e erros alheios.
Ninguém que jornadeie, no mundo, sem errar e que, por sua vez, não
necessite da indulgência daqueles a quem magoa ou contra os quais se
levanta.
A indulgência pacifica o infrator, auxiliando-o a crescer em espírito e
abre áreas de simpatia naquele que a proporciona.
Virtude do sentimento, a indulgência revela sabedoria da razão. Agredido
pela ignorância do poviléu, ou pela astúcia farisaica, ou pela
covardia dos amigos, ou pela pusilanimidade de Pilatos, Jesus foi
indulgente para com todos, não obstante jamais houvesse recebido ou
necessitasse da indulgência de quem quer que fosse.
Lecionando o amor, toda a Sua vida é um hino à indulgência e uma
oportunidade de redenção ao equivocado.

Sê, pois, tu também, indulgente em relação ao teu próximo, quão
necessitado te encontras da indulgência dos outros assim como da Vida.
(De: "Viver e amar", de Divaldo P. Franco - Joanna de Ângelis)

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