Hoje experimentas maior soma de aflições. Observaste a grande mole dos
sofredores: mães desnutridas apertando contra o seio sem vitalidade filhos,
misérrimos, desfalecidos, quase mortos; mutilados que exibiam as
deformidades à indiferença dos passantes na via pública; aleijões que se
ultrajavam a si mesmos ante o desprezo a que se entregavam nos "pontos" de
mendicância em que se demoram; ébrios contumazes promovendo desordens
lamentáveis; enfermos de vária classificação desfilando as misérias visíveis
num festival de dor; jovens perturbados pela revolução dos novos conceitos e
vigentes padrões éticos; órfãos...
Pareceu-te mais tristonha a paisagem humana, e consideras mentalmente os
dramas íntimos que vergastam o homem, na actual conjuntura social, moral e
evolutiva do Planeta.
Examinas as próprias dificuldades, e um crepúsculo de sombras lentamente
envolve o sol das tuas alegrias e esperanças.
Não te desalentes, porém.
O corpo é oportunidade iluminava mesmo para aqueles que te parecem
esquecidos e que supões descendo os degraus da infelicidade na direcção do
próprio aniquilamento.
Nascer e morrer são acidentes biológicos sob o comando de sábias leis que
transcendem à compreensão comum.
Há, no entanto, acompanhando todos os caminhantes a forma carnal, amorosos Benfeitores interessados na libertação deles. Não os vendo, os teus olhos se enganam na apreciação; não os ouvindo, a tua acústica somente regista lamentos; não os sentindo, as parcas percepções de que dispões não anotam suas mãos quais asas de caridade a envolvê-los e sustentá-los.
Perdido em meandros o rio silencioso e perseverante se destina ao mar.
Agita e submissa nas mãos do oleiro a argila alcança o vaso precioso.
Sofrido o Espírito nas malhas da lei redentora atinge a paz.
Ante a sombra espessa da noite não esqueças o Sol fulgurante mais além. E
aspirando o subtil aroma de preciosa flor não olvides a lama que lhe sustenta
as raízes...
Viver no corpo é também resgatar.
O Espírito eterno, evoluindo nas etapas sucessivas da vestimenta carnal, se
despe e se reveste dos tecidos orgânicos para aprender e sublimar.
Numa jornada prepara o sentimento, noutra aprimora a emoção, noutra mais aperfeiçoa a inteligência...
Nascer ou renascer simplesmente não basta.
O labor, interrompido, pois, prosseguirá agora ou depois.
Não cultives, portanto, o pessimismo, nem te abatam as dores.
Cada um se encontra no lugar certo, à hora própria e nas circunstâncias que
lhe são melhores para a evolução. Não há ocorrência ocasional ou improvisada na Legislação Divina.
Quando retornou curado para agradecer a Jesus da morféia de que fora
libertado, o samaritano que formava o grupo dos dez leprosos, conforme a
narração evangélica, fez-nos precioso legado: o do reconhecimento.
Quando o centurião afirmou ao Senhor que uma simples ordem Sua faria curado o seu servo, ofertou-nos sublime herança: a fé sem limites.
Quando a hemorroíssa, vencendo todos os obstáculos, tocou o Rabi, deixou-nos precioso ensino: a coragem da confiança.
Identificado ao espírito do Cristo, não te deixes consumir pelo desespero ou
pela melancolia, sob revolta injustificada ou indiferença cruel. Persevera,
antes, no exame da verdade e insiste no ideal de libertação interior,
ajudando e prosseguindo, além, porque se hoje a angústia e o sofrimento te
maceram, em resgate que não pode transferir, amanhã rutilará no corpo ou
depois dele o sol sublime da felicidade em maravilhoso amanhecer de perene
paz.
"Tem ânimo filhos: perdoados são os teus pecados." - Mateus: 9-2.
"Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que
podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta
a vontade". - Cap. XIV ´Item 9, § 9.
(De "Florações Evangélicas", de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)
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