sábado, 11 de agosto de 2007

CANDOMBLÉ


Candomblé
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Ilê Axé Iya Nassô Oká - Terreiro da Casa Branca - casa mais antiga de Salvador Bahia
Ilê Axé Iya Nassô Oká - Terreiro da Casa Branca - casa mais antiga de Salvador Bahia

Candomblé, culto dos orixás, de origem totêmica e familiar, é uma das Religiões Afro-Brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em países adjacentes como Uruguai, Argentina, e Venezuela.

A religião [1], que tem por base a "anima" (alma) da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás/Inquices/ Voduns, sua cultura, e seu idioma, entre 1549 e 1888.

Embora confinado originalmente à população de escravos, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. É agora uma das religões principais estabelecidas, com seguidores de todas as classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião. [2] Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas mutuamente como exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. [3] Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.

O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões Afro-Brasileiras com similar origem; e com religiões Afro-derivadas similares em outros países do Novo Mundo, como o Voodoo Haitiano, a Santeria Cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos (similar ao Tchamba [4][5] africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem iorubá, os quais foram desenvolvidos independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecididos no Brasil.
Crenças

Candomblé é uma religião monoteísta, embora alguns defendem que cultuem vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Zambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.

Os Orixás/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro, como é o caso do Deus Cristão que na maioria das vezes são confundidos.

* os Orixás da Mitologia Yoruba foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos Yoruba;
* os Voduns da Mitologia Fon foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fon;
* os Nkisis da Mitologia Bantu, foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e criador.

O Candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.

Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.

[editar] Sincretismo

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus Orixás, Inkices e Voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.

Depois da libertação dos escravos começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é facto que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do Cristianismo. Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos, Orixás eram freqüentemente identificados com Santos Católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos, que eram consideradas pagans como os Orixás.

Mesmo usando imagens e crucificos inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo nem o que era isso.

No últimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos Cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos Africanos.

[editar] Templos
Ilê Axé Opó Afonjá
Ilê Axé Opó Afonjá

Os Templos de Candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros. As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:

* Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou ialorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguineos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.

* Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
o Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorixá.
+ Ilé Axé Iyá Nassô Oká - Casa Branca-Engenho Velho - considerada a primeira casa a ser aberta em Salvador, Bahia
+ Ilé Iyá Omi Axé Iyámase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia
+ Ilé Axé Opó Afonjá - Opó Afonjá - Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de Janeiro
# Ilé Omo Oyá Legi - Opó Afonjá - Mesquita, Rio de Janeiro - Iya Palmira de Oya Oyáijikuta ligação externa
+ Zoogodô Bogum Malê Rondó - Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia
+ Querebentan de Zomadônu - Casa das Minas - fundada +/- 1796 - São Luiz, Maranhão

*
o Casas de linhagem patriarcal: (só homens) assumem a liderança da casa como Babalorixá no Culto aos Orixá ou Babaojé no Culto aos Egungun.
+ Ilê Agboulá - Ilha de Itaparica
+ Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá - Ilê Axipá - Salvador, Bahia

*
o Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderança da casa.
+ Ilé Maroialaji - Terreiro do Alaketu - Salvador, Bahia
+ Ilé Axé Oxumarê - Casa de Oxumare - Salvador, Bahia
+ Ilé Axé Odó Ogè - Terreiro Pilão de Prata - Salvador, Bahia
+ Obá Ogunté - Sitio de Pai Adão - Recife, Pernambuco
+ Kwé Ceja Houndé - Roça do Ventura - Cachoeira e São Felix, Bahia


A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas em Brasil que viram seu 100° aniversário.

[editar] Sacerdócio

Nas Religiões Afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:

* Babalorixá ou Iyalorixá - Sacerdotes de Orixás
* Doté ou Doné - Sacerdotes de Voduns
* Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices
* Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de Ifá
* Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa
* Babalosaim - Sacerdote de Ossaim
* Babaojé - Sacerdote do Culto aos Egungun
* Lista sacerdotes do candomblé

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