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Este é um espaço reservado para que possamos refletir um pouco sobre a espiritualidade. Estudem, comentem e estejam à vontade!
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domingo, 30 de setembro de 2007
TERAPÊUTICA ESPÍRITA-Joana de Ângelis/QUANDO O HOMEM SILENCIAR - Ramatís
TERAPÊUTICA ESPÍRITA
Pára, no turbilhão que te desequilibra, e medita.
Meditação é combustível precioso que mantém o vigor moral.
Emerge das areias movediças e sedutoras das atrações fáceis e medita nas
responsabilidades morais que enfeixas nas mãos.
Meditação é dínamo poderoso que movimenta a máquina da ação.
Estaciona, no caminho de inquietudes por onde seguem os teus pés, e faze um
exame dos teus atos, demorando-te um pouco em meditação.
Meditação é terapia que oferece paz.
Esquece sombras e pesadelos e, antes de reiniciares as tarefas que acalentas,
deixa-te ficar algum tempo em meditação.
Meditação é amiga fiel que corrige com bondade e esclarece com humildade.
Se desejas, realmente, um método eficiente para ser mantido o alto
índice de produtividade, evitando insucessos continuados ou erros
constantes, elege a meditação como hábito salutar em tua vida.
O cristão, e em particular o espírita, tem necessidade de meditar como de
orar, porquanto se a vigilância decorre da meditação, esta é conseqüência dela.
Acreditas-te em soledade e por isso sofres. Medita e verificarás outros
corações mais solitários ao teu lado.
Levanta-te, visita-os e apresenta-lhes a Mensagem Espírita.
Consideras-te enfermo e alquebrado, caminhando sem arrimo. Medita e
encontrarás, próximos de ti, sofredores mais atormentados,
contemplando em ti a felicidade que dizes não possuir. Dirige-te a eles
e oferece a fraternidade que podes haurir nas Lições Espíritas.
Aceitas como fato consumado a tua falta de sorte, no que diz respeito
às atividades comuns a todos os homens.
Medita e enxergarás corações vencidos, que te invejam o sorriso e a fortuna
que afirmas não ter. Alonga até eles a compreensão espírita.
Descobrirás, se meditares, que a Terra é um imenso hospital de almas mais
sofredoras do que a tua e que, com os recursos de terapêutica espírita,
poderás operar valiosas contribuições em favor delas, constatando a exatidão
da máxima evangélica: "Mais se dará àquele que mais der", porque, ao
ajudares, sentir-te-ás também ajudado.
Faze pequeno curso de Espiritismo em casa para ti próprio, estudando a
Codificação; aplica passes; oferece água magnetizada; concede palavras de
alento; freqüenta serviços de desobsessão; desperta para a vida
espírita dentro de ti mesmo e, meditando para agir com acerto, desfrutarás a
felicidade perfeita que ambicionas, porque meditar no bem é começar a fruir
o bem desde agora mesmo.
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Dimensões de Verdade]
[Editora LEAL]
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Quando o homem silenciar...
Os humildes, os que amam, os que temem serão coroados em seus apelos; pedem com o coração.
As dificuldades do momento atual, tanto do entendimento entre os povos, como do entrosamento entre irmãos, têm sido uma das causas mais graves deste período em que o homem está atravessando planos mais sutis, pois ele quer ver e todos estes fatos lhe perturbam a visão.
Estando em tamanha convulsão, o meio ambiente atua diretamente sobre o organismo humano e em todos os animais; todos estão sofrendo influências no plano sutil de seus componentes orgânicos.
- As atitudes dos homens têm a ver com circunstâncias ocasionais?
Sim, tudo em que o homem se lança projeta seu raciocínio, entra em jogo seu metabolismo físico; e quem sofrerá perturbações se não seu corpo físico, que atuando no campo sutil, passa-lhe seus miasmas e, portanto, desequilibra sua harmonia?
- Por que existe este intercâmbio?
Simples de entendimento; o homem, sentindo-se perturbado em seus sentimentos, desequilibra-se momentaneamente e passa o choque a seus demais corpos. A sintonia seria perfeita se o homem se mantivesse em equilíbrio emocional.
- Como reflete, ou melhor, se dá essa ressonância?
Se algum choque vibra uma barra de ferro, ela vai vibrando até a outra extremidade, vai subindo de intensidade. Assim também o homem sente um choque emocional, desequilibra-se e essa ressonância se propaga, e ele não se sentirá bem, é claro, faltará seu ponto de apoio da harmonia e, sem esta, nada poderá atingir,
- O estado emocional é assim tão primordial?
O estado emocional físico é a base de todo o sistema. Quando o homem diz que seus nervos estão em frangalhos, ele pressente que está à beira de um estado emocional descontrolado, e daí passa influência desequilibrada para todo seu sentir; seu estado emocional é perturbado. Vemos muitos humanos dentro de casas de sofrimento, simplesmente por estarem desequilibrados fisicamente.
- Como poderá isso ser evitado?
No momento presente é difícil, pois o homem atravessa uma fase de grande tensão, de estresse, e preocupações inúteis, mas que são de sua manutenção terrena; tem compromissos inadiáveis com sua família, está na rua entre barulho ensurdecedor, buzinas e freios, palavras e atos. Esse homem é vulnerável e não tem mais sua oportunidade de silêncio, não pode estar só, pois o que o perturba são sons que ressoam em seus ouvidos e vão deslocando seu equilíbrio.
- O homem atual é, então, produto do movimento?
Sim, o homem que, já por si, não tem seu intento claro, segue às escuras em seu viver diário, convive com a morte dos sentidos a toda hora, está sofrendo e perdendo a grande oportunidade de viver, pois não lhe deixam estar só, perturbam-lhe a razão, e o mais triste deste ato é que é próprio homem seu algoz.
- Mas haverá esperança?
Sempre há esperança, e quando os sons se apagarem, quando o homem silenciar, ele encontrará, com certeza, seu caminho de volta, e cremos que não será tarde, pois sempre encontrará a grande saída na LUZ, na PAZ, no AMOR.
*É PRECISO CUIDAR PARA QUE SEU RUÍDO NÃO PERTURBE O SILÊNCIO DE SEU IRMÃO. VIVA E DEIXE QUE ELE TAMBÉM VIVA!
Ramatis
Psicografia: Maria Margarida Liguori
Livro: O HOMEM E O PLANETA TERRA
JUSTIÇA
O quadro era muito triste. Olhamos aquela mulher outra vez. E a mente rapidamente calculou os meses intermináveis que a detém ao leito de dores.
Contemplando-lhe o corpo minado pela enfermidade, o cansaço estampado na face, a memória que a trai a cada instante, com imensos lapsos de esquecimento do passado distante, quanto do ontem ainda presente, confrangeu-nos o coração.
Imaginamos a sua vida de trabalho e operosidade. Mulher dinâmica, valorosa, criou cinco filhos quase a sós. A profissão do esposo o mantinha semanas a fio longe do lar.
Sempre foi ela quem decidiu, opinou, escolheu. Disciplina lhe foi nota constante. Valor que passou aos cinco filhos. Disciplina de horários, na palavra, na conduta.
Dinâmica e corajosa enfrentou enfermidades dos filhos, dificuldades financeiras imensuráveis.
Os anos se somaram. Os filhos cresceram. Casaram e constituíram a própria família.
Vieram os netos e a soma de trabalhos não cessou, pois que agora os pequeninos lhe eram deixados à guarda, por horas, sim, desde que as forças já não eram as mesmas da juventude ativa e sadia.
E então, quando o inverno dos anos lhe cobriu de neve os cabelos, intensificaram-se as dores.
Morreram-lhe em curto espaço de anos, o esposo e três filhos, em circunstâncias abruptas e trágicas.
Feneceram-lhe as forças e o coração ferido se deixou desfalecer.
Acresceram-se as inquietudes e a doença se instalou, vigorosa.
Olhando-a agora, sobre a cama, semi-desfalecida, recordamos os esforços que fez para a preservação da vida dos filhos, pela sua educação.
Lembrando os anos de atividade e labuta, perguntamo-nos o porquê de tanto sofrimento.
As pessoas dizem que é o ciclo natural da vida. Nascer, crescer, enfermar, morrer.
Mas a pergunta não cala em nós. Desejamos resposta mais convincente.
Afinal, dói-nos na alma observar a debilidade e a dependência da mulher-mãe, esposa, avó.
Enquanto oramos por ela, soam-nos aos ouvidos as exortações do Evangelho de Jesus: “A cada um segundo as suas obras.”
É como se pudéssemos, no recesso do espírito, escutar a voz do cantor Galileu, em plena natureza.
Tornamos a olhar para o corpo da enferma e agradecemos a divindade. Podemos agora entender a sua serenidade na dor.
Ela sabe que é a justiça de Deus que a alcança, permitindo-lhe o resgate de faltas cometidas em dias passados, de existências anteriores.
Por isso ela sorri, ora, e espera. Aguarda os dias do reencontro com os seus amores, afirmando convicta: “Quando Deus quiser, hei de partir. E estou me esforçando para seguir viagem vitoriosa.”
* * *
Você sabia que ninguém sofre de forma injusta?
Se assim não fosse, não poderíamos conceber que Deus, nosso Pai, fosse infinitamente justo e bom, pois puniria a bel prazer uns e outros, concedendo felicidade a outros tantos.
Desta forma, cabe-nos cultivar a resignação ante os problemas que nos atingem e não podem ter seu curso alterado, por nossa vontade.
Contudo, é sempre bom lembrar que cada um de nós, sobre a Terra, pode se tornar instrumento da divindade, para aliviar a carga do seu irmão, socorrendo-o.
Eis porque a fraternidade é um dever de todos.
MHM 08/12/1997
Equipe de Redação do Momento Espírita
www.momento.com.br
A IMITAÇÃO DE CRISTO - CAP.25
CAPÍTULO 25
Da diligente emenda de toda a nossa vida
1. Sê vigilante e diligente no serviço de Deus, e pergunta-te a miúdo: a que vieste, para que deixaste o mundo? Não será para viver por Deus e tornar-te homem espiritual? Trilha, pois, com fervor o caminho da perfeição, porque em breve receberás o prêmio dos teus trabalhos; nem te afligirão, daí por diante, temores nem dores. Agora, terás algum trabalho; mas depois acharás grande repouso e perpétua alegria. Se tu permaneceres fiel e diligente no seu serviço, Deus, sem dúvida, será fiel e generoso no prêmio. Conserva a firme esperança de alcançar a palma; não cries, porém
2. segurança, para não caíres em tibieza ou presunção.
1. Certo homem que vacilava muitas vezes, ansioso, entre o temor e a esperança, estando um dia acabrunhado pela tristeza, entrou numa igreja, e diante dum altar, prostrado em oração, dizia consigo mesmo: Oh! se eu soubesse que havia de perseverar! E logo ouviu em si a divina respostas: Se tal soubesses, que farias? Faze já o que então fizeras, e estarás bem seguro. Consolado imediatamente, e confortado, abandonou-se à divina vontade, e cessou a ansiosa perplexidade. Desistiu da curiosa indagação acerca do seu futuro aplicando-se antes em conhecer qual fosse a vontade e
o perfeito agrado de Deus para começar e acabar qualquer boa obra.
1. Espera no Senhor e faze boas obras, diz o profeta, habita na terra e serás apascentado com suas riquezas (Sl 36,3). Há uma coisa que esfria em muitos o fervor do progresso e zelo da emenda: o horror da dificuldade ou o trabalho da peleja. Certo é que, mais que os outros, aproveitam nas virtudes aqueles que com maior empenho se esmeram em vencer a si mesmos naquilo que lhes é mais penoso e contrariam mais suas inclinações. Porque tanto mais aproveita o homem, e mais copiosa graça merece, quanto mais se vence a si mesmo e se mortifica no espírito.
2. Não custa igualmente a todos se vencer e mortificar-se. Todavia, o homem diligente e porfioso fará mais progressos, ainda que seja combatido por muitas paixões, que outro de melhor índole, porém menos fervoroso em adquirir as virtudes. Dois meios, principalmente, ajudam muito a nossa emenda, e vêm a ser: apartar-se valorosamente das coisas às quais viciosamente se inclina a natureza, e porfiar em adquirir a virtude de que mais se há mister. Aplica-te também a evitar e vencer o que mais te desagrada nos outros.
3. Procura tirar proveito de tudo: se vês ou ouves relatar bons exemplos, anima-te logo a imitá-los; mas, se reparares em alguma coisa repreensível, guarda-te de fazê-la, e, se em igual falta caíste, procura emendar-te logo dela. Assim como tu observas os outros, também eles te observam a ti. Que alegria e gosto ver irmãos cheios de fervor e piedade, bem acostumados e morigerados! Que tristeza, porém, e aflição, vê-los andar desnorteados e descuidados dos exercícios de sua vocação! Que prejuízo descurar os deveres do estado e aplicar-se ao que Deus não exige!
4. Lembra-te da resolução que tomaste, e põe diante de ti a imagem de Jesus crucificado. Com razão te envergonharás, considerando a vida de Jesus Cristo, pois até agora tão pouco procuraste conformar-te com ela, estando há tanto tempo no caminho de Deus. O religioso que, com solicitude e fervor, se exercita na santíssima vida e paixão do Senhor, achará nela com abundância tudo quanto lhe é útil e necessário, e escusará buscar coisa melhor fora de Jesus. Oh! se entrasse em nosso coração Jesus crucificado, quão depressa e perfeitamente seríamos instruídos!
5. O religioso cheio de fervor tudo suporta de boa vontade e executa o que lhe mandam. O relaxado e tíbio, porém, encontra tribulação sobre tribulação, sofrendo de toda parte angústias: é que ele carece da consolação interior e lhe é vedado buscar a exterior. O religioso que transgride a regra anda exposto a grande ruína. Quem busca a vida cômoda e menos austera, sempre estará em angústias, porque uma ou outra coisa sempre lhe desagrada.
6. Que fazem tantos outros religiosos que guardam a austera disciplina do claustro? Raro saem, vivem retirados, sua comida é parca, seu hábito grosseiro, trabalham muito, falam pouco, vigiam até tarde, levantam-se cedo, rezam muito, lêem com freqüencia e conservam-se em toda a observância. Olha como os cartuxos, os cistercienses, e os monges e monjas das diversas ordens se levantam todas as noites para louvar o Senhor. Vergonha, pois, seria, se tu fosses preguiçoso em obra tão santa, quando tamanha multidão de religiosos entoa a divina salmodia.
7. Oh! se nada mais tivesses que fazer senão louvar a Deus Nosso Senhor de coração e boca! Oh! se nunca precisares comer, nem beber, nem dormir, mas sempre pudesses atender aos louvores de Deus e aos exercícios espirituais! Então serias muito mais ditoso do que agora, sujeito a tantas exigências do corpo! Oxalá não existissem tais necessidades, mas houvesse só aquelas refeições que - ai! - tão raro gozamos!
8. Quando o homem chega ao ponto de não buscar sua consolação em nenhuma criatura, só então começa a gostar perfeitamente de Deus, e anda contente, aconteça o que acontecer. Então não se alegra pela abundância, nem se entristece pela penúria, mas confia inteira e fielmente em Deus, que lhe é tudo em todas as coisas, para quem nada perece nem morre, mas por quem vivem todas as coisas e a cujo aceno, com prontidão, obedecem.
9. Lembra-te sempre do fim, e que o tempo perdido não volta. Sem empenho e diligência, jamais alcançarás as virtudes. Se começares a ser tíbio, logo te inquietarás. Se, porém, procurares afervorar-te, acharás grande paz e sentirás mais leve o trabalho com a graça de Deus e o amor da virtude. O homem fervoroso e diligente está preparado para tudo. Mais penoso é resistir aos vícios e às paixões que afadigar-se em trabalhos corporais. Quem não evita os pequenos
defeitos pouco a pouco cai nos grandes. Alegrar-te-ás sempre à noite, se tiveres empregado bem o dia. Vigia sobre ti, anima-te e admoesta-te e, vivam os outros como vivem, não te descuides de ti mesmo. Tanto mais aproveitarás, quanto maior for a violência que te fizeres. Amém.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
O Culto Cristão no Lar
Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:
- Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?
O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:
- Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os resíduos da pesca.
Jesus sorriu e perguntou, de novo:
- E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?
- Certamente, Senhor - redargüiu o pescador, intrigado -, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:
- E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?
O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:
- Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.
Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:
- Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?
Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:
- Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:
- Mestre, seja feito como desejas.
Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão do lar.
(De “Jesus no Lar”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio)
Mensagem de Mãe Maria
"Amados Filhos,
Que as bênçãos do amor tragam paz aos vossos corpos, mentes e corações.
Alegria!
É chegado o tempo de expressar a mais pura alegria, aquela que emerge de vosso âmago e que se expande através de vosso coração para se derramar sobre tudo que chega até vós.
Eis que surge a primavera e com ela a renovação, o início de mais um ciclo, de mais uma oportunidade para exercitardes escolhas conscientes que vos ofereçam novas oportunidades de ser feliz.
Olhai, pois a vossa volta para que possais sentir alegria.
Olhai para as flores que desabrocham mostrando em sua exuberância a beleza da vida; olhai para o verde que se renova em suas múltiplas tonalidades, preenchendo vossos olhos e alimentando vossos espíritos com a seiva que cura, cura, cura todos os vossos males.
Deixai que a chuva benfazeja vos banhe, para retirar as últimas camadas de limites que foram por vós criadas, devolvendo a todos a sensação de leveza dos puros de coração que tocam a fímbria da verdade do Pai Criador.
Entregai ao vento vossos pensamentos impuros, deixando que vossas almas finalmente assumam o controle de todos os vossos passos.
Pisai com amor e devoção vosso solo sagrado, resgatando a cada passo a memória eterna que essa terra preserva, para que o resgate da sabedoria possa finalmente ser possível para todos os Filhos da Terra.
Entregai-vos, amados, a força do sol que nutre vossos corpos alimentando a força necessária para que eles continuem sendo o veículo incansável que serve ao Pai servindo as almas neles contida.
Reconhecei, amados, a cada instante sagrado deste novo momento o tempo da alegria onde o amor incondicional emerge puro de cada coração, para mostrar o verdadeiro caminho ainda a percorrer.
Percebei com gratidão que após longo tempo o caminho hoje se vos apresenta com a clareza e nitidez daqueles que já se despojaram dos limites, que já curaram todas as feridas, que já conseguiram resgatar sua criança interior, já reconhecem sua linguagem e já permitem que ela se expresse livre dos grilhões do passado, livre dos condicionamentos, livre da fragmentação que vos tornavam escravos de um passado obscuro que se refletia, sem controle, no vosso presente e limitava vosso futuro.
Hoje vosso presente aí está para ser o palco que revela a alegria daqueles que voltam sua atenção para o coração, sabendo que é nesse lugar sagrado, no santo sacrário onde pulsa e vibra a perfeição do que sois que a realidade do tempo novo se acha gravada como um filme, pronta para ser projetada no mundo da 3ª dimensão.
Aceitai, pois este momento como uma dádiva de vossas almas que brindam vossos esforços na busca da transformação, esforços que exigiram de vós olhar para vossos limites e assumir a responsabilidade de curá-los, curando as feridas abertas pela incompreensão que permeava vossas mentes mantendo ocultos vossa filiação divina e o poder infinito que sempre detivestes como um Filho de Deus.
Hoje sabeis quem sois, hoje sabeis de onde viestes e porque ; sabeis também o imenso trabalho a que vos propusestes para resgatar vosso direito divino de ser feliz.
Segui em frente em vosso trabalho consciente para avançar no caminho, aceitando que, por merecimento, a vida hoje vos mostra – na força da Mãe Natureza - a alegria contida na jornada daqueles que se despojaram do peso da ilusão onde os ingredientes eram sempre a culpa, a dor, a escassez, a doença e a desilusão.
Hoje sabeis que todos estes ingredientes não mais precisam estar presentes em vosso dia a dia, eis que a falsa separação entre vós e Deus que os originou já foi dissolvida pelo intenso trabalho consciente que vos permitiu conseguir unificar pensamentos, sentimentos e ações.
Bem amados, rejubilai-vos, pois na entrada desta primavera, reconhecendo nela o início de um novo tempo, para cada um de vós, tempo onde a esperança de um mundo melhor finalmente deixa de ser uma remota possibilidade, para se mostrar como uma certeza a ser concretizada no agora por todos aqueles que, libertos do passado, enxergam o futuro como um tempo de alegria que se sustenta somente da força do amor incondicional.
Bem amados, que vossas orações continuem sendo o alimento que faz germinar a semente da perfeição contida em cada Filho da Terra, para que a alegria se sobreponha a todas as tristezas que ainda se fazem presente para os que vivem e acreditam no mundo da ilusão.
Bem amados, Eu vos deixo agora derramando sobre todos vós as minhas bênçãos e envolvendo a todos no meu manto de proteção, porque Eu Sou Maria, vossa Mãe."
Sp- 25/09/07 - jmr
Mensagem de Mãe Maria32-2007
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
A desgraça Real
Desgraça é todo acontecimento funesto, desonroso, que aturde e desarticula
os sentimentos, conduzindo a estados paroxísticos, desesperadores.
Não somente aqueles que se apresentam trágicos, mas também inúmeros outros
que dilaceram o ser íntimo, conspirando contra as aspirações do
ideal e do Bem, da fraternidade e da harmonia íntima.
Chegando de surpresa, estiola a alegria, conduzindo ao corredor escuro
da aflição.
Somente pode avaliar o peso de angústias aquele que lhes experimenta
o guante cruel.
Há, no entanto, desgraças e desgraças. As primeiras são as que irrompem
desarticulando a emoção e desestruturando a existência física e
moral da criatura que, não raro, sucumbe ante a sua presença e
aqueloutras, que não são identificadas por se constituírem conseqüências de
atos infelizes, arquitetados por quem ora lhes padece os efeitos danosos.
Essa, sim, são as desgraças reais.
Há ocorrências que são enriquecedoras por um momento, trazendo alegrias e
benesses, para logo depois se converterem em tormentos e sombras,
escassez e loucura. No entanto, quando se é responsável pela infelicidade
alheia, ao trair-se a confiança, ao caluniar-se, a investir-se contra os
valores éticos do próximo, semeando desconforto ou sofrimento, levando-o
ao poste do sacrifício, ou à praça do ridículo, a isso chamaremos desgraça
real, porque o seu autor não fugirá da própria nem da Consciência Cósmica.
Assim considerando, muitos infortúnios de hoje são bênçãos, pelo
que resultarão mais tarde, favorecendo com paz e recuperação o déspota e
infrator de ontem, em processo de recuperação do mal praticado.
Sob outro aspecto, o prazer gerado na insensatez, os ganhos desonestos, as
posições de relevo que se fixam no padecimento de outras vidas, o triunfo
que resulta de circunstâncias más para outrem, os tesouros acumulados sobre a
miséria alheia, os sorrisos da embriaguez dos sentidos, o desperdício
e abuso ante tanta miséria, constituem fatores propiciadores de dolorosos
efeitos, portanto, são desgraças inimagináveis, que um dia ressurgirão
em copioso pranto, em angústias acerbas, em solidão e deformidade de toda ordem,
pela necessidade de expungir-se e reeducar-se no respeito às Leis soberanas
da Vida e aos valores humanos desrespeitados.
O Homem-Jesus não poucas vezes chamou a atenção para essa desgraça, não
considerada, e para a felicidade, por enquanto envolta em problemas, mas
única possibilidade de ser fruída por definitivo.
Todos os que choram, os famintos e os sequiosos de justiça, os padecentes de
perseguições, todos momentaneamente em angústia, logo mais receberão o quinhão
do pão, da paz, da vitória, se souberem sofrer com resignação, após haverem
resgatado os compromissos infelizes a que se entregaram anteriormente, e
geradores da situação atual aflitiva.
Aqueles porém, que sorriem na loucura da posse, que se locupletam sobre os
bens da infâmia e da cobiça, que são aplaudidos pelas massas e anatematizados
pela consciência, oportunamente serão tomados pelas lágrimas, pela falta,
pelo tormento...
São inderrogáveis as Leis da Vida, constituindo ordem e harmonia no
Universo. [...]
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Jesus e o Evangelho – À Luz da Psicologia Profunda]
[Editora LEAL]
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Objurgatórias / VIDA EM FAMÍLIA
Objurgatórias
Explicas a rebeldia atual e a debandada das
trilhas luminosas da fé, porque a decepção
marcou as experiências religiosas em que te
envolveste, povoando-te de aflição e ralando-
te o coração de dor.
Pedias paz e encontraste somente lutas.
Esperavas tranqüilidade e achaste inquietude.
Desejavas saúde e enfrentaste enfermidades.
Aguardavas solicitude do Alto e os Ouvidos
Cerúleos pareciam-te moucos às rogativas.
É natural, justificas, que a revolta se
instalasse no coração.
Formulavas, a respeito do Espiritismo,
conceitos diferentes; e a decepção,
inevitavelmente, foi o amigo que te atendeu.
Todavia, és o único responsável.
Fé é lâmpada que clareia interiormente.
Roteiro, e não transporte; estrada, e não
porto de repouso.
O Espiritismo não equaciona dificuldades,
consoante o engano de observação a que
estás afeiçoado, na Terra.
Para muitos a Misericórdia divina deveria
ser uma escrava às ordens de todas as
paixões.
Todavia, o melhor remédio para determinadas
baciloses é o bacilo-vacina.
Para muitas necessidades o socorro é, ainda,
a necessidade em forma de aguilhão.
Deus nos ajuda, não como desejamos, mas
consoante nossas reais necessidades.
Para certas feridas, o cautério com ferro
em brasa é o melhor método curador...
Por que, então fazer do Nosso Pai ou da fé,
nossos servos, transformando a justiça da Lei
que nos conduz ao resgate, em preferencialismo
para conosco, de maneira negativa e danosa?
Devem receber mais os que mais pedem ou
aqueles que mais trabalham?
Abandona, portanto, objurgatórias e
reclamações injustas, e serve.
Compromisso espiritista é ligação com deveres
maiores.
Os Amigos Espirituais não te atenderão as
comezinhas apelações, solucionando os problemas
que deves resolver; no entanto, dar-te-ão, em
colóquios sem palavras e estímulos sem nome, a
harmonia que é o caminho da paz legítima e da
felicidade real, longe de toda dor, agonia e
morte, no formoso labor que se manifesta na
luta de cada dia.
[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Messe de Amor]
[Editora LEAL]
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RECEITA DA PAZ
Ora com mais confiança em Deus.
Trabalha um tanto mais.
Serve com mais alegria.
Age mais caridosamente.
Desculpa as faltas alheias com mais compaixão pelos ofensores.
Usa mais calma, particularmente nas horas difíceis.
Tolera, com mais paciência, as situações desagradáveis.
Coloca mais gentileza no trato pessoal.
Emprega mais serenidade na travessia de qualquer provação.
E, assim, com a bênção de Deus, encontrarás mais segurança e paz nas estradas do tempo, garantindo-te o êxito nos deveres de cada dia, a caminho da Vida Maior.
Emmanuel
Psicografia: Francisco Candido Xavier
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
VIDA EM FAMÍLIA
Os filhos não são cópias xerox dos pais, que apenas produzem o corpo, graças
aos mecanismos do atavismo biológico.
As heranças e parecenças físicas são decorrências dos gametas; no entanto, o
caráter, a inteligência e o sentimento procedem do Espírito que se corporifica
pela reencarnação, sem maior dependência dos vínculos genéticos com os
progenitores.
Atados por compromissos anteriores, retornam ao lar, não somente aqueles
seres a quem se ama, senão aqueloutros a quem se deve ou que estão com
dívidas...
Cobradores empedernidos surgem na forma fisiológica, renteando com o
devedor, utilizando-se do processo superior das Leis de Deus para o reajuste de
contas, no qual, não poucas vezes se complicam as situações, por indisposições
dos consortes...
Adversários reaparecem como membros da família para receber amor, no
entanto, na batalha das afinidades padecem campanhas de perseguição
inconsciente, experimentando o pesado ônus da antipatia e da animosidade.
A família é, antes de tudo, um laboratório de experiências reparadoras, na
qual a felicidade e a dor se alternam, programando a paz futura;
Nem é o grupo da bênção, nem o élan da desdita.
Antes -, é a escola de aprendizagem e redenção futura.
Irmãos que se amam, ou se detestam, pais que se digladiam no proscênio
doméstico, genitores que destacam uns filhos em detrimento dos outros, ou filhos
que agridem ou amparam pais, são Espíritos em processo de evolução, retornando
ao palco da vida física para a encenação da peça em que fracassaram, no passado.
A vida é incessante, e a família carnal são experiências transitórias em
programação que objetiva a família universal.
Abençoa, desse modo, com a paciência e o perdão, o filho ingrato e calceta.
Compreende com ternura o genitor atormentado que te não corresponde às
aspirações.
Desculpa o esposo irresponsável ou a companheira leviana, perseverando ao
seu lado, mesmo que o ser a quem te vinculas queira ir-se adiante.
Não o retenhas com amarras de ódio ou de ressentimento. Irá além, sim, no
entanto, prossegue tu, fiel no posto e amando.
Não te creais responsável direto na provação que te abate ante o filho
limitado física ou mentalmente.
Tu e ele sois comprometidos perante os códigos Divinos pelo pretérito
espiritual.
O teu corpo lhe ofereceu os elementos com que se apresenta, porém foi ele, o
ser espiritual, quem modelou a roupagem na qual comparece para o compromisso
libertador.
Ante o filhinho deficiente não te inculpes. Ama-o mais e completa-lhe as
limitações com os teus recursos, preenchendo os vazios que ele experimenta.
Suas carências são abençoados mecanismos de crescimento eterno.
Faze por ele, hoje, o que descuidaste antes.
A vida em família é oportunidade sublime que não deve ser descuidada ou
malbaratada.
Com muita propriedade e irretorquível sabedoria, afirmou Jesus, ao doutor da
Lei:
"Ninguém entrará no Reino dos Céus se não nascer de novo."
E a Doutrina Espírita estabelece com segurança:
"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre - tal é a Lei. Fora da
caridade não há salvação."
(Divaldo Pereira Franco por Joanna de Ângelis . In: SOS Família)
Vícios - Entrevista de Chico Xavier / A Irritação-Joanna de Ângelis
Vícios - Entrevista de Chico Xavier
Fonte: Lições de Sabedoria - Chico Xavier
Marlene R. S. Nobre
Entrevista do jornalista Fernando Worm a Chico Xavier e Emmanuel, sobre os vícios, em agosto de 1978, inserida no livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.
Fernando Worm - A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando?
EMMANUEL - O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do perispírito, o que na maioria das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo em que o hábito perdurou na existência física do fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si costume inconveniente, o tratamento dele, no mundo espiritual, ainda exige cotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo.
Fernando Worm - Se o fumante não abandonar o cigarro durante o transcurso da vida física terá de fazê-lo, inarredavelmente, na esfera espiritual? E quanto tempo exigirão o tais tratamentos antitabágicos para fumantes desencarnados? Na vida extrafísica também ocorrem reincidências ou recaídas dos dependentes do fumo?
EMMANUEL - Justo esclarecer que não apenas quanto ao fumo, mas igualmente quanto a outros hábitos prejudiciais, somos compelidos na espiritualidade a esquecê-los, se nos propormos seguir para diante, no capítulo da própria sublimação. O tratamento da Vida Maior para que nos desvencilhemos de costumes nocivos perdura pelo tempo em que nossa vontade não se mostre tão ativa e decidida quanto necessário para a libertação precisa, de vez que nos planos extrafísicos, nas vizinhanças da Terra propriamen-te dita, as reincidências ocorrem com irmãos numerosos que ainda se acomodam com a indecisão e a insegurança.
Fernando Worm - Pesquisas médicas revelam que a dependência física dos fumantes costuma ser mais compulsiva que a dependência orgânica dos viciados em narcóticos. Isto é certo se o enfoque for do plano espiritual para o plano físico?
EMMANUEL - Acreditamos que ambos os tipos de dependência se equiparam na feição compulsiva com que se apresenta, cabendo-nos uma observação: é que o fumo prejudica, de modo especial, apenas ao seu consumidor, enquanto os narcóticos de variada natureza são suscetíveis de induzir seus usuários a perigosas alucinações que, por vezes, lhes situam a mente em graves delitos, comprometendo a vida comunitária.
Fernando Worm - Você considera o hábito de fumar um suicídio em câmara lenta? Por quê?
F. C. Xavier (Chico) - Creio que o hábito de fumar não pode ser definido por suicídio conscientemente considerado. Será um prejuízo que o que se deve estudar com esclarecimento, sem condenação, para que a pessoa se conscientize quanto às conseqüências do fumo, no campo da vida, de maneira a fazer as suas próprias opções.
Fernando Worm - Você teria alcançado condições de desempenho de seu mandato mediúnico, ao longo de mais de meio século de trabalho incessante, se fosse um dependen-te da nicotina?
F. C. Xavier (Chico) - Creio que não, com referência ao tempo de trabalho, de vez que a ingestão de nicotina agravaria as doenças de que sou portador, mas não quanto a supostas qualidades espirituais para o mandato referido, de vez que considero o hábito de cultivar pensamentos infelizes uma condição pior que o uso ou o abuso da nicotina e, sinceramente, do hábito de cultivar pensamento infelizes ainda não me livrei.
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A Irritação
Livro: Celeiro de Bênçãos
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco
Distonia com caráter etiológico de ampla complexidade, a irritação é síndrome de processo que denuncia grave perturbação interior.
Inicia-se em clima de inquietação mental, exteriorizando-se, de quando em quando, como cansaço desta ou daquela natureza, para transformar-se em azedume freqüente, culminando em descontrole sistemático, que normalmente conduz a estados de anarquia psíquica, em forma de agressividade e loucura.
Trai-se por meio de animosidade inconsciente que medra no imo, ampliando o campo de ação como insatisfação em relação a tudo e antipatia para com todos.
Manifestando-se como impaciência, arma o homem contra pessoas e coisas, tornando-o descortês e rude, em cujas aparências desdobra tentáculos asfixiantes, que terminam por destruir aqueles que a cultivam.
Mas, como não é correto falar numa tônica melíflua e artificial, não menos certos é o tom arrogante e superior que se imprime ao verbo, para contestar, responder ou argumentar.
A expressão dura produz reação no ouvinte, que recebe o impacto desagradável e revida com descarga mental de revolta e antipatia.
Necessário fazer um exame mental para modificar atitudes.
Se percebes manifestações de irritação constante, examina-lhes a procedência.
Recua nas atitudes animosas, restabelecendo o círculo de amigos que se te fazem arredios e logo baterão em retirada.
Se identificas cansaço pertinaz como geratriz do problema, muda de atividades, altera programas, motiva os horários de serviço com otimismo, mas reage.
Não absorvas tudo nos misteres que abraças.
Aprende a repartir labores e confiança, pouco importando se recebes ou não retribuição.
Atitude infeliz a que engendra qualquer tipo de discriminação.
Se gostas deste amigo, não construas prevenções contra aqueloutro.
Possivelmente as qualidades positivas que lhe atribuis, como a carga de idiossincrasias que depositas nos outros, estão apenas em ti, pela maneira como os vês ou como gostarias que fossem.
O trabalho no qual te encontras, - o da própria redenção - é roteiro de simpatia e cordialidade, por meio do qual pretendes lograr a paz real e a felicidade pura e simples.
Não elejas, então, uns afeiçoados com destaque, em detrimento de outros. Tal comportamento far-te-á irritadiço e desagradável em relação a quantos não privam da tua eleição. .
Recorda que o amor tem a função de unir, nunca à de separar.
Muita irritação pertence à programática obsessiva, mediante a qual se destroem excelentes realizações, malogram vidas em abençoada edificação.
Semelhante a gás de sutil penetração, os fluidos da irritabilidade intoxicam, gerando enfermidades de longo curso. Não apenas no campo psíquico, como também no metabolismo orgânico.
Precatar-se contra a irritação de qualquer procedência é mister impostergável.
Para tal desiderato sê humilde e ora.
A humildade fortalecer-te-á a paz íntima, e o conúbio com o Senhor, através da oração, dar-te-á forças capazes de vencer essa fraqueza cruel que vem destruindo homens e dificultando a concretização de vigorosos ideais com prejuízos incalculáveis.
Em oposição a essa constritora perseguição da irritabilidade, ama e refugia-te no Cristo, em qualquer conjuntura. Ele, o Excelso Amigo de toda hora, conceder-te-á inspiração para desatrelar-te da malsinante armadilha de modo a avançares, jovial, no rumo da Vera fraternidade.
domingo, 23 de setembro de 2007
ONDE ESTÁS DEUS,QUE NÃO RESPONDES?
Assim, o poeta Castro Alves inicia seu poema Vozes da África. É o lamento do Continente Africano, vendo seus filhos serem levados como animais ao mercado de escravos.
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes!
Em que mundo, em qu´estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos Te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, senhor Deus?
À semelhança dos versos do poeta, muitas vozes se ergueram quando aconteceu o 11 de setembro de 2001, para indagar onde estava Deus naquele momento.
Por que permitiu que mais de duas mil vidas fossem destroçadas naquela manhã?
Por quê?
Poder-se-ia perguntar ainda onde estava Deus quando fomentamos a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Quando eliminamos seis milhões de judeus, em nome de uma inexistente superioridade ariana.
E quando empreendemos as cruzadas, levando a morte àqueles que qualificávamos como infiéis?
E durante a Inquisição de tanta barbárie?
E todos os dias, onde está Deus?
Onde está Deus quando enganamos nosso irmão? Quando mentimos para conseguir favores que desejamos?
Quando desonramos o lar, com o adultério? Quando eliminamos a vida no ventre materno, porque não desejamos o ser em gestação?
Onde está Deus quando deixamos nossos filhos à matroca, sem orientação, porque preferimos a acomodação?
Onde está Deus quando, utilizando o poder que o mundo nos confere, ferimos pessoas, destruímos a honra de outras vidas?
Onde está Deus quando levantamos as bandeiras da pena de morte ao nosso irmão? Ou da eutanásia?
Para todas as perguntas, a resposta é a mesma:
Deus está dentro de nós, dentro de cada criatura.
Soberanamente sábio, criou-nos a todos iguais, partindo de um mesmo ponto de simplicidade e ignorância.
Criou os mundos para que neles trabalhássemos, utilizássemos nossas forças e crescêssemos em intelecto e moral.
A ninguém concedeu privilégios. A todos concedeu o livre-arbítrio, com a conseqüente Lei de Causa e Efeito.
Estabeleceu que a cada um será dado conforme as suas obras e que todos deverão chegar ao mesmo destino, não importa quanto demore: a perfeição.
Ele nos permite a livre semeadura, mas estabelece que a colheita seja obrigatória.
Por isso, uns semeiam ventos e colhem tempestades. Outros lançam ao solo as sementes da bondade, do bem e alcançam felicidade.
Uns estão semeando hoje. Outros tantos estão realizando a colheita das bênçãos ou das desgraças que se permitiram semear.
Conhecedor das fragilidades de Seus filhos, aguarda que cada um desperte, a seu tempo, cansado das dores que para si mesmo conseguiu.
Portanto, não indague onde está Deus, quando você contemple a injustiça. Trabalhe pela justiça.
Não pergunte onde está Deus, quando observe a violência. Semeie a paz.
Não questione onde está Deus quando a miséria campeia. Utilize seus recursos para semear riquezas.
Enfim, onde quer que você esteja, lembre que Deus está em você e com você. E espera que você seja o Seu mensageiro de bênçãos, onde se encontre.
Pense nisso.
Pense agora e comece a demonstrar ao mundo o Deus que existe em sua intimidade.
Texto da Redação do Momento Espírita.
RECEITA DA PAZ
Ora com mais confiança em Deus.
Trabalha um tanto mais.
Serve com mais alegria.
Age mais caridosamente.
Desculpa as faltas alheias com mais compaixão pelos ofensores.
Usa mais calma, particularmente nas horas difíceis.
Tolera, com mais paciência, as situações desagradáveis.
Coloca mais gentileza no trato pessoal.
Emprega mais serenidade na travessia de qualquer provação.
E, assim, com a bênção de Deus, encontrarás mais segurança e paz nas estradas do tempo, garantindo-te o êxito nos deveres de cada dia, a caminho da Vida Maior.
Emmanuel
Psicografia: Francisco Candido Xavier
Joseph Maitre — O cego
Allan Kardec
O Céu
e o
Inferno
SEGUNDA PARTE
Capítulo VIII
EXPIAÇÕES TERRESTRES
Joseph Maitre — O cego
Pertencia à classe mediana da sociedade e gozava de modesta abastança, ao amparo de quaisquer privações. Os pais o destinavam à indústria e deram-lhe boa educação, porém, aos 20 anos, ele perdeu a vista. Com perto de 50 anos, veio finalmente a falecer, isto em 1845. Dez anos antes fora acometido por outra enfermidade que o deixou surdo, de modo que só pelo tato mantinha relações com o mundo dos encarnados. Ora, não ver, já é um suplício; não ver e não ouvir é duplicado suplício, principalmente para quem depois de fruir as faculdades desses sentidos tiver de suportar essa dupla privação. Qual a causa de sorte tão cruel? Naturalmente não era a sua última existência, sempre moldada numa conduta exemplar. Assim é que sempre foi bom filho, possuidor de caráter meigo e benévolo e, quando por cúmulo de infelicidade, se viu privado da audição, aceitou resignado sem um queixume, esta prova. Pela sua conversação pressentia-se na lucidez do seu Espírito uma inteligência pouco comum. Pessoa que o conhecera, na presunção de que poderia receber instruções úteis, evocou-lhe o Espírito e obteve a seguinte mensagem, em resposta às perguntas que lhe dirigira. (Paris—1863)
"Agradeço, meus amigos, o terdes vos lembrado de mim. Pode ser que isso se não fosse independente da suposição de proveito da minha comunicação, mas, ainda assim, estou certo de que motivos sérios vos animam e eis porque com prazer atendo ao chamado, uma vez que, por feliz, me é permitido orientar-vos. Assim possa o meu exemplo avolumar as provas assaz numerosas que os Espíritos vos dão da justiça de Deus. Cego e surdo me conhecestes e para logo vos propusestes saber a causa desse destino.
Eu vo-lo digo: antes de tudo, importa dizer que era a segunda vez que eu expiava a privação da vista. Na minha precedente existência, em princípios do último século, fiquei cego aos 30 anos, consecutivamente a excessos de todo o gênero que, arruinando-me a saúde, me enfraqueceram o organismo. Note-se que era já isso uma punição por abuso dos dons providenciais de que fora largamente cumulado. Em vez porém, de me atribuir a causa original dessa enfermidade, entrei de acusar a Providência, na qual, aliás, pouco cria.
Anatematizei Deus, reneguei-O, acusei-O, acrescentando que, se acaso existisse, devia ser injusto e mau, por deixar assim penar as criaturas. Entretanto, eu deveria dar-me ainda por feliz, isento como estava de mendigar o pão, à feição de tantos outros míseros cegos como eu. Mas é que eu só pensava em mim, na privação de gozos que me impunham. Influenciado por idéias assim, que o ceticismo mais exaltava, tornei-me nervoso, exigente, numa palavra, insuportável aos que comigo privavam. Além disso, a vida era-me um moto-contínuo, pois que eu não pensava no futuro, uma quimera.
Depois de esgotar embalde os recursos da Ciência e considerada impossível a cura, resolvi antecipar a morte: suicidei-me. Que despertar, então, que foi o meu, imerso nas mesmas trevas da vida! Contudo, não tardou muito o reconhecimento da minha situação, da minha transferência para o mundo espiritual. Era um Espírito, sim, porém cego.
A vida de além-túmulo tornava-se-me, pois, a realidade! Procurei fugir-lhes, mas em vão... Envolvia-me o vácuo. Pelo que ouvia dizer, essa vida deveria ser eterna e com ela a minha situação. Idéia horrenda! Eu não sofria, mas impossível é descrever as angústias e tormentos espirituais experimentados.
Quanto tempo teriam eles durado? Ignoro-o... Mas quão longo me pareceu esse tempo!
Extenuado, fatigado, pude finalmente analisar-me a mim próprio; compreendi o ascendente de um poder superior, que sobre mim aluava e considerei que se essa potência podia oprimir-me, também poderia dar-me alívio. E implorei piedade. À medida que orava e o fervor ia aumentando, alguém me dizia que a minha situação teria um termo. Por fim se fez a luz e extremo foi o meu arroubo de alegria ao entrever as claridades celestes, distinguindo os Espíritos que me rodeavam, sorrindo, benévolos, bem como aqueles que, radiosos, flutuavam no Espaço.
Ao querer seguir-lhes os passos, força invisível me reteve. Foi então que um deles me disse: "O Deus que negaste teve consideração do teu arrependimento e permitiu-nos te déssemos a luz, mas tu só cedeste pelo sofrimento, pelo cansaço. Se queres participar desta felicidade aqui fruída, forçoso é provares a sinceridade do teu arrependimento, as boas disposições, recomeçando a prova terrestre em condições que te predisponham às mesmas faltas, porque esta nova provação deverá ser mais rude que a outra"
Aceitei pressuroso e prometi não mais falir. Assim voltei à Terra nas condições que sabeis. Não me foi difícil compreender a situação, porque eu não era mau por índole; revoltara-me contra Deus e Deus me puniu. Reencarnei trazendo a fé inata, razão porque não murmurei, antes aceitei a dupla enfermidade, resignado, como expiação que era, oriunda da soberana justiça.
O insulamento dos meus derradeiros anos nada tinha de desesperador, porque me bafejava a fé no futuro e a misericórdia de Deus. Demais, esse insulamento me foi proveitoso, pois que durante a longa noite silenciosa a minha alma mais livremente se alçava ao Eterno, entrevendo o infinito pelo pensamento. Quando, por fim, terminou o exílio, o mundo espiritual só me proporcionou esplendores, inefáveis gozos. O retrospecto ao passado faz que me julgue muito feliz, relativamente, pelo que dou graças a Deus; quando, porém, olho para o futuro, vejo a grande distância que ainda me separa da completa felicidade.
Tendo já expiado, ainda me faltava reparar. A última encarnação só a mim aproveitou, pelo que espero recomeçar brevemente por existência que me permita ser útil ao próximo, reparando por esse meio a inutilidade anterior. Só assim me adiantarei na boa senda, sempre franqueada aos Espíritos possuídos de boa vontade.
Amigos, eis aí a minha história; e se o meu exemplo puder esclarecer quaisquer dos meus irmãos encarnados, de modo que evitem a má ação que pratiquei, terei por principiado o resgate da minha dívida."
José.
COMO CONHECER
O espírito reconhece, quando no mundo espiritual, aqueles que com ele conviveu na Terra. Imagens das vivências se plasmam nos centros mais sensíveis da consciência, vindo à tona de acordo com as necessidades de cada um.
Entremente, há espíritos que nada reconhecem, pelo seu estado de desnutrição espiritual. São almas que perderam suas qualificações como espírito e ignoram tudo o que se passa em seu derredor. Os sentidos se embotam, devido ao mau uso feito deles; é a chamada degradação.
Todavia, os espíritos mais elevados podem, pela sua vontade, recordar vidas passadas e reconhecer todos os seus companheiros de variadas existências, e que lhe serviram de instrumento de evolução.
Na Terra, já muito se fala nas regressões de memória. A vontade é a chave no mundo espiritual; quanto mais puro o espírito, mais recordações lúcidas ele tem, com a serenidade que já possui. Ele reconhece todas as suas companhias e, nesta operação, pode buscá-las onde quer que seja, ajudando-as, se necessário.
Às vezes, a regressão de memória para os espíritos elevados é uma fonte de informações que os leva à caridade, descobrindo onde se encontram os que lhes foram caros em muitas reencarnações, passando a dar-lhes assistência espiritual e até avalizando-os em outras vidas no mundo. O amor é uma força poderosa, de modo a sustentar todos os caídos e ativar vida nos que buscaram, pelos procedimentos, a morte. Enfim, todos somos irmãos.
Se ainda não descobrimos os que nos foram caros, mesmo estando na carne, vejamos o nosso próximo; só pelo fato de se encontrarem perto de nós, já é motivo de merecerem a nossa ajuda, com carinho e alegria.
Não se deve amar somente a família na carne. Se o homem já entende as vidas sucessivas, percebe quantas famílias já possuiu. Certamente que inúmeras. Quantos pais? Quantos irmãos? E parentes e amigos? O número é sem conta, para mostrar ao homem a irmandade universal.
Não devemos ter a curiosidade de somente conhecer os que nos foram unidos pela carne. Trabalhemos onde formos chamados e amemos a todos com o mesmo amor, que Deus, Jesus, os anjos e os benfeitores mais próximos ao nosso coração, dar-nos-ão todo o amparo para descobrir essa verdade que nos liberta.
É, pois, Jesus quem nos pede para amar aos nossos inimigos, se os tivermos, porque amar aos que nos amam, isso até os perversos fazem com dedicação. O amor endereçado aos que nos perseguem ajuda-os a se afastarem da maldade, e essa semente cresce em seus corações, impulsionando-os a fazer o mesmo.
Se já temos a condição de ver a nossa vivência pretérita e ler nela os nossos feitos, não iremos nunca julgar os que nos apedrejam, por encontrarmos neles os mesmos procedimentos nossos, que talvez tenham sido piores. Por isso o homem deve ser manso e justo, tolerante e pronto a ajudar a quem ainda não descobriu que somente o amor salva.
Aconcheguemo-nos ao Cristo, que Ele se encontra mais perto de nós do que pensamos; quanto mais nos aproximarmos do Mestre, mais seremos inspirados por Ele. A nossa segurança, em todas as sendas de elevação, está no conhecimento de nós mesmos e nos reparos devidos que podemos fazer. Deixando crescer nossos bons atributos eles nos mostrarão os caminhos para o verdadeiro céu, na cidade íntima do nosso coração.
Miramez
Filosofia Espírita VI
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ABORTO
Falamos naturalmente acerca de relações internacionais, sociais, públicas, comerciais, clareando as obrigações que elas envolvem; no entanto, muito freqüentemente marginalizamos as relações sexuais — aquelas em que se fundamentam quase todas as estruturas da ação comunitária.
Esquece-se, habitualmente, de que o homem e a mulher, via de regra, experimentam instintivo horror à solidão e que, à vista disso, a comunhão sexual reclama segurança e duração para que se mostre assente nas garantias necessárias.
Impraticável, sem dúvida, impor a continuidade da ligação entre duas criaturas, a preço de violência; no entanto, à face das contingências e contratempos pelos quais o carro da união esponsalícia deve passar pelas estradas do mundo, as leis da vida, muito sabiamente, estabelecem nos filhos os elos da comunhão entre os cônjuges, atribuindo-lhes a função de fixadores da organização familiar; com a colaboração deles, os deveres do companheiro e da companheira, no campo da assistência recíproca, se revelam mais claramente perceptíveis e o lar ser alteia por escola de aperfeiçoamento e de evolução, em marcha para a aquisição de mais amplos valores do espírito, no Mundo Maior.
De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida.
É pela conjunção social entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no Planeta; em virtude disso, entre pais e filhos residem os mecanismos da sobrevivência humana, quanto à forma física, na face do orbe.
Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor — do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus.
Com semelhantes notas, objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever.
Habitualmente — nunca sempre — somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos.
Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria.
Criamos projetos, aventamos sugestões, articulamos providências e externamos votos respeitáveis, englobando-nos com eles em salutares compromissos que, se observados, redundarão em bênçãos substanciais para todo o grupo de corações a que se nos vincula a existência.
Se, porém, quando instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje — e isto ocorre bastas vezes, em todas as comunidades da Terra — inimigos recalcados que se nos entranham à vida íntima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimento e aflição que se estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e inquietação.
Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões.
“Vida e Sexo” - Cap. 17 – Emmanuel
sábado, 22 de setembro de 2007
APRENDAMOS QUANTO ANTES / JULGAMENTO ALHEIO
"Como, pois, recebestes o Senhor Jesus-Cristo, assim também andai
nele." - Paulo. (Colossenses, 2:6).
Entre os que se referem a Jesus-Cristo podemos identificar duas
grandes correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por
informações e a dos que lhe receberam os benefícios. Os primeiros
recolheram notícias do Mestre nos livros ou nas alheias exortações,
entretanto caminham para a situação dos segundos, que já lhe
receberam as bênçãos. A estes últimos, com mais propriedade, dever-
se-á falar do Evangelho.
Como encontramos o Senhor, na passagem pelo mundo? Às vezes, sua
divina presença se manifesta numa solução difícil de problema
humano, no restabelecimento da saúde do corpo, no retorno de um ente
amado, na espontânea renovação da estrada comum para que nova luz se
faça no raciocínio.
Há muitas gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas
que já lhe absorveram a salvadora caridade.
É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto
quanto experimentam alegria na dádiva, sintam igual prazer no
trabalho e no testemunho.
Não bastará fartarmo-nos de bênçãos. É necessário colaborarmos, por
nossa vez, no serviço do Evangelho, atendendo-lhe o programa
santificador.
Muitas recapitulações fastidiosas e muita atividade inútil podem ser
peculiares aos espíritos meramente informados; todavia, nós, que já
recebemos infinitamente da Misericórdia do Senhor, aprendamos,
quanto antes, a adaptação pessoal aos seus sublimes desígnios.
Emmanuel
Livro: Pão Nosso
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
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JULGAMENTO ALHEIO
Famosos são os julgamentos da História. O de Nuremberg, que o Mundo todo acompanhou, opinando pela punição dos que barbaramente, durante a Segunda Guerra Mundial, haviam torturado e matado seres humanos.
O de Jesus, em que se verifica a injustiça gritando alto e superando o bom senso da justiça e da verdade.
Julgamentos de pessoas famosas que cometeram atos criminosos ou desabonadores.
Julgamentos de criminosos que, de alguma forma, envolveram pessoas famosas, como o caso do raptor do filho de Lindenberg.
Em tais processos, sempre a opinião pública se inflama e de alguma forma, influencia os próprios jurados, de maneira a que esses condenem ou absolvam.
Desde as primeiras idades, quando a chama tênue do pensamento de justiça acendeu no homem, ele começou a julgar os seus irmãos.
Muitas vezes, o sentimento de justiça ficou empanado pelas paixões e interesses mesquinhos, levando o homem a cometer erros, punindo seu semelhante com o cerceamento da liberdade, o confisco de bens e a morte.
Nos dias atuais, prosseguimos a julgar o semelhante com todo rigor, sem estabelecer critérios e princípios básicos.
Afoitos, opinamos e damos a nossa sentença tão logo a imprensa torne pública a conduta desta ou daquela criatura, embora desconhecendo detalhes e razões.
E não tememos aumentar um pouco a intensidade da falta cometida, mesmo para justificar a impiedade com que julgamos e a sentença que proferimos.
Por vezes, a inveja por não ter conseguido alcançar a posição social, o cargo ou a função do julgado, nos incita ainda mais ao julgamento arbitrário.
E, mesmo assim, prosseguimos a nos afirmar cristãos. Seguidores de Jesus que ensinou:
"Não julgueis para não serdes julgados, porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros."
Há necessidade de cultivarmos a indulgência e a empatia. A indulgência para olharmos os que erram com olhos de quem sabe que o equivocado é sempre um Espírito enfermo.
Não necessita do nosso frio julgamento, mas do nosso auxílio para superar sua problemática.
A empatia, a fim de nos situarmos no lugar daquele que julgamos e nos indagarmos se fôssemos nós os julgados, como nos sentiríamos?
Fosse nosso filho o julgado, como estaria o nosso coração?
A questão do julgamento nos parece fácil, porque os que são trazidos à barra pública do Tribunal não passam de números. Sequer nos recordamos que são seres humanos.
Mas são Espíritos imortais, exatamente como nós, e merecem receber justiça, não impiedade ou a carga das nossas frustrações.
Você sabia?
Você sabia que a autoridade para censurar está na razão direta da moralidade daquele que censura?
Que, aos olhos de Deus, a única autoridade legítima é a que se apoia no exemplo do bem?
E que a base da Justiça Divina se assenta na misericórdia de nosso Pai Criador?
É por esse motivo que Ele nos concede a reencarnação como bendita oportunidade de reparação de nossas faltas, ao tempo que nos faculta crescer e produzir no bem.
Redação do Momento Espírita
ESMOLA E CARIDADE
pintura mediúnica
Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando
precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos
famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto
aos desabrigados.
Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral,
que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais
difícil de ser praticada. Exemplos? Eis alguns:
Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais,
vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se
enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se
considerem nossos inimigos.
Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos
intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto
desprezivo de quem se julgue superior a nós.
Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo,
fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus
problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele,
senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.
Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos
momentaneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de
todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.
Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos
referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando
adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a
honra ou abalar a reputação alheia.
Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos
induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de
expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os
familiares.
Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento
maligno, o aconselhássemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo-o
de o levar a efeito.
Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer
de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos
pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência,
curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.
Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar
nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre,
contra a prepotência do forte e a usura do rico.
Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de
proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma
atmosfera de paz, tranqüilidade e bom humor.
Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra
de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário,
matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.
Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício
ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a
serem atendidos em primeiro lugar.
Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos
sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos
mal.
Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de
má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes
estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.
Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não
nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição,
sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos
tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na
paisagem social.
Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos
irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.
Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles
que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a
nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.
Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós
mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições
daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na
sociedade.
E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam
ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma
simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de
todas as virtudes.
Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que
se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.
Porquê? É porque esse tipo de caridade não transpõe as
fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção,
nem provoca glorificações.
Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com
leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do
erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos
vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos
iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses
alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e
familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim,
todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que
nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do
amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a
nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.
Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!
Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente
desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.
Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou
sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a
caridade é o cumprimento da Lei."
(De "As leis morais", de Rodolfo Calligaris)
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BARREIRA
Quero avançar mas não consigo. Desejo elevar-me em direção ao alto,
mas sinto que uma força descomunal prende-me ao chão; uma nuvem escura
impede-me a visão das coisas; meus ouvidos estão lacrados e meu coração está
gelado no peito.
- Que barreira será esta, Senhor?
E do recôndito de mim mesmo uma voz respondeu-me:
- Essa barreira, filho meu, é o monstro do egoísmo que te envolve
com sustentáculos terríveis. O egoísta é um morto na carne, um ser inútil
que deambula pelo mundo, pois, em verdade, toda criatura que só pensa em si,
exclusivamente em si, sem coragem para ajudar ninguém, é um morto, embora
respire, e essa barreira só será quebrada com a dinamite da dor.
Calou-se a voz e, de olhos molhados, entreguei-me à oração.
(De "Escalada de Luz", de Jerônimo Mendonça)
Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando
precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos
famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto
aos desabrigados.
Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral,
que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais
difícil de ser praticada. Exemplos? Eis alguns:
Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais,
vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se
enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se
considerem nossos inimigos.
Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos
intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto
desprezivo de quem se julgue superior a nós.
Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo,
fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus
problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele,
senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.
Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos
momentaneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de
todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.
Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos
referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando
adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a
honra ou abalar a reputação alheia.
Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos
induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de
expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os
familiares.
Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento
maligno, o aconselhássemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo-o
de o levar a efeito.
Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer
de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos
pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência,
curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.
Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar
nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre,
contra a prepotência do forte e a usura do rico.
Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de
proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma
atmosfera de paz, tranqüilidade e bom humor.
Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra
de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário,
matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.
Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício
ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a
serem atendidos em primeiro lugar.
Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos
sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos
mal.
Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de
má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes
estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.
Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não
nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição,
sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos
tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na
paisagem social.
Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos
irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.
Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles
que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a
nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.
Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós
mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições
daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na
sociedade.
E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam
ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma
simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de
todas as virtudes.
Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que
se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.
Porquê? É porque esse tipo de caridade não transpõe as
fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção,
nem provoca glorificações.
Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com
leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do
erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos
vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos
iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses
alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e
familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim,
todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que
nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do
amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a
nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.
Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!
Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente
desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.
Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou
sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a
caridade é o cumprimento da Lei."
(De "As leis morais", de Rodolfo Calligaris)
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BARREIRA
Quero avançar mas não consigo. Desejo elevar-me em direção ao alto,
mas sinto que uma força descomunal prende-me ao chão; uma nuvem escura
impede-me a visão das coisas; meus ouvidos estão lacrados e meu coração está
gelado no peito.
- Que barreira será esta, Senhor?
E do recôndito de mim mesmo uma voz respondeu-me:
- Essa barreira, filho meu, é o monstro do egoísmo que te envolve
com sustentáculos terríveis. O egoísta é um morto na carne, um ser inútil
que deambula pelo mundo, pois, em verdade, toda criatura que só pensa em si,
exclusivamente em si, sem coragem para ajudar ninguém, é um morto, embora
respire, e essa barreira só será quebrada com a dinamite da dor.
Calou-se a voz e, de olhos molhados, entreguei-me à oração.
(De "Escalada de Luz", de Jerônimo Mendonça)
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
O HÁBITO NOCIVO
Hábito é o que incorporamos ao nosso dia a dia. É nossa maneira usual de
ser. É o que realizamos de forma mecânica.
Atitudes que assumimos e realizamos, sem nos darmos conta.
Vejamos: quantas vezes já nos aconteceu de chegar em casa e colocar as
chaves sobre algum lugar?
Tão mecanicamente é executada a ação que, ao precisar das chaves, algum
tempo depois, não conseguimos recordar onde as deixamos.
Saímos de casa, apagamos as luzes, passamos a chave na porta. Depois de
andarmos algumas quadras, nos questionamos se fechamos ou não a casa.
E precisamos retornar para ter a certeza, a fim de que não permaneçamos o
restante do dia em desassossego.
Muitas outras coisas fazemos de forma automática.
Tomamos café, regamos as plantas, alimentamos o gato, sem pensar.
Ao lado dessas questões, outros hábitos temos não muito saudáveis. E, por
incorporados à nossa forma de ser, não nos apercebemos o quão danosos são.
É comum se observar, antes de uma palestra ou conferência, um grande
burburinho pelo salão.
Natural, num primeiro momento, pelo reencontro com amigos, cumprimentos,
saudações, sorrisos, torna-se desagradável quando uma música se faz
presente, e não modificamos nossa postura.
Alguém toca ao piano delicada melodia, ou dedilha um violão, ou canta e nós
prosseguimos a falar, como se nada estivesse acontecendo.
A impressão que se têm é que chegamos ao local programados para ouvir a
palestra. E tudo o mais que antes aconteça, não tomamos conhecimento, não
registramos.
Mau hábito, que caracteriza, inclusive, grande indelicadeza de nossa parte,
desde que o artista que vai se apresentar naquele momento, merece, ao menos,
que permaneçamos em silêncio, para ouvir a sua arte.
E não menos grave é quando, concluída a palestra que nos propusemos ouvir,
de imediato, nos erguemos e saímos com ruído.
Não aguardamos a real conclusão do evento para um lembrete final que se
fará, um agradecimento ao orador, uma advertência útil.
E o mesmo se repete nos cinemas quando, acabado o filme, nos erguemos e
vamos saindo, esquecidos de que muitos apreciam ver todos os créditos.
O que não lhes é permitido porque em nos levantando, obstruímos a sua visão
da tela.
É essa mesma atitude que nos permite observar a miséria perambulando pelas
ruas, sem que nos atinja. Habituamo-nos de tal sorte às cenas que nos
tornamos insensíveis.
Habituamo-nos a ver a corrupção triunfar, que já não desejamos fazer coisa
alguma para a debelar.
Hábitos... Hábito de ver a mentira adquirir forma, volume e não emitirmos
movimento algum no sentido de esclarecer a verdade, de defender o caluniado.
Hábito de receber a bênção da chuva, os raios do sol, as carícias do vento,
sem nenhuma gratidão. Como se o Universo inteiro nos devesse o favor de
servir.
Hábito de não ouvir quem nos fala da sua dor, da sua dificuldade. Hábito de
não pensar senão em si mesmo.
É hora de parar para pensar e buscar refazer atitudes.
Reflitamos que o bom da vida é viver. E para viver intensamente é preciso se
sentir tudo que se faz, tudo que nos chega.
É preciso olhar em torno, estar presente, agir, tomar atitudes pensadas,
atentas.
Desta forma, alteremos o rumo.
Aprendamos a observar o dia, a olhar as pessoas nos olhos, a perceber o que
acontece ao nosso redor.
Moldemos hábitos de gentileza, de delicadeza, de gratidão.
Vivamos mais conscientes. Aprendamos a sentir prazer nas pequenas coisas
como andar, correr, comer, molhar-se na chuva ou aquecer-se ao sol.
Aprendamos a olhar para as estrelas, a nos extasiar com a noite enluarada, a
vibrar com a música, o perfume, as pessoas.
Abandonemos hábitos nocivos e nos tornemos mais felizes, desde agora.
Redação do Momento Espírita.
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O ANIMAL
SATISFEITO
DORME
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O pensamento que intitula esta reflexão é de Guimarães Rosa, e encerra, por trás de aparente obviedade, um profundo alerta existencial.
O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital, toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão.
Rende-se assim à sedução do repouso e imobiliza-se na perigosa acomodação.
A advertência é preciosa pois, segundo o pensador Mario Sérgio Cortella, que aborda o tema, a satisfação conclui, encerra, termina.
A satisfação não deixa margem para a continuidade, para prosseguimento, para a persistência, para desdobramento.
A satisfação acalma, limita, amortece.
Diz ainda, que, quando alguém nos fala: Fiquei muito satisfeito com você ou Estou muito satisfeito com seu trabalho, é algo assustador.
Explica ele que tal expressão pode ser entendida como uma barreira ao crescimento, dizendo que nada mais de nós desejam, ou que aquele é nosso limite, nossa possibilidade.
O está bom como está pode ser um grande cerceador da evolução, pois pode nos acomodar à situação atual.
Segundo ele, seria muito melhor ouvir a seguinte expressão: Seu trabalho é bom mas fiquei insatisfeito, e portanto, quero conhecer outras coisas.
Percebamos que ele se utiliza da expressão insatisfeito, não para criticar ou depreciar o trabalho, mas para incentivar seu autor à continuidade.
Um bom filme, por exemplo, não é aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando quietos para a tela, enquanto passam os créditos, desejando que não acabe?
Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos no colo, absortos e distantes, pensando que poderia não terminar?
Uma boa festa, um bom passeio, uma boa viagem, não é aquela que desejamos se prolongue, que nunca acabe?
É desta forma que, segundo Cortella, a vida de cada um também deve ser, afinal de contas, não nascemos prontos e acabados.
Ainda bem, pois estar plenamente satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.
Termina ele dizendo que somos seres de insatisfação, e precisamos alguma dose de ambição em nossas existências.
O animal satisfeito dorme, pois não tem objetivos de vida, não tem razão para sair do lugar.
O ser insatisfeito, sedento por melhorar-se, pára por pouco tempo, avalia-se, celebra e valoriza o que já conseguiu. Depois, segue em frente, rumo ao inexplorado.
* * *
A reencarnação e suas leis são um grande incentivo ao progresso.
Como se acomodar perante um horizonte sem limites?
Como parar de caminhar sabendo que muito nos aguarda à frente?
Como deixar de buscar o aprimoramento constante, se percebemos que quanto mais conseguimos, mais felicidade conquistamos?
Despertemos, aqueles de nós que ainda dormimos o sono da acomodação!
Redação do Momento Espírita com base no texto Não nascemos prontos, do livro Não nascemos prontos - provocações filosóficas, de Mário Sérgio Cortella, ed. Vozes.
www.momento.com.br
A IMITAÇÃO DE CRISTO-CAP.23 E 24
CAPÍTULO 23 Da meditação da morte
1. Mui depressa chegará teu fim neste mundo; vê, pois, como te preparas: hoje está vivo o homem, e amanhã já não existe. Entretanto, logo que se perdeu de vista, também se perderá da memória. Ó cegueira e dureza do coração humano, que só cuida do presente, sem olhar para o futuro! De tal modo te deves haver em todas as tuas obras e pensamentos, como se fosse já a hora da morte. Se tivesses boa consciência não temerias muito a morte. Melhor fora evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã? O dia de amanhã é incerto, e quem sabe se te será concedido?
2. Que nos aproveita vivermos muito tempo, quando tão pouco nos emendamos? Oh! nem sempre traz emenda a longa vida, senão que aumenta, muitas vezes, a culpa. Oxalá tivéssemos, um dia sequer, vivido bem neste mundo! Muitos contam os anos decorridos desde a sua conversão; freqüentemente, porém, é pouco o fruto da emenda. Se for tanto para temer o morrer, talvez seja ainda mais perigoso o viver muito. Bem-aventurado aquele que medita sempre sobre a hora da morte, e para ela se dispõe cada dia. Se já viste alguém morrer, reflete que também tu passarás pelo mesmo caminho.
3. Pela manhã, pensa que não chegarás à noite, e à noite não te prometas o dia seguinte. Por isso anda sempre preparado e vive de tal modo que te não encontre a morte desprevenido. Muitos morrem repentina e inesperadamente; pois na hora em que menos se pensa, virá o Filho do Homem (Lc 12,40). Quando vier àquela hora derradeira, começarás a julgar mui diferentemente toda a tua vida passada, e doer-te-á muito teres sido tão negligente e remisso.
4. Quão feliz e prudente é aquele que procura ser em vida como deseja que o ache a morte. Pois o que dará grande confiança de morte abençoada é o perfeito desprezo do mundo, o desejo ardente do progresso na virtude, o amor à disciplina, o rigor na penitência, a prontidão na obediência, a renúncia de si mesmo e a paciência em sofrer, por amor de Cristo, qualquer adversidade. Mui fácil é praticar o bem enquanto estás são; mas, quando enfermo, não sei o que poderás. Poucos melhoram com a enfermidade; raro também se santificam os que andam em muitas peregrinações.
5. Não confies em parentes e amigos, nem proteles para mais tarde o negócio de tua salvação, porque mais depressa do que pensas te esquecerão os homens. Melhor é providenciar agora e fazer algo de bem, do que esperar pelo socorro dos outros. Se não cuidas de ti no presente, quem cuidará de ti no futuro? Mui precioso é o tempo presente: agora são os dias de salvação, agora é o tempo favorável (2Cor 6,2). Mas, ai! Que melhor não aproveitas o meio pelo qual podes merecer viver eternamente! Tempo virá de desejares, um dia, uma hora sequer, para a tua emenda, e não sei se a alcançarás.
6. Olha, meu caro irmão, de quantos perigos te poderias livrar e de quantos terrores fugir, se sempre andasses temeroso e desconfiado da morte. Procura agora de tal modo viver, que na hora da morte te possas antes alegrar que temer. Aprende agora a desprezar tudo, para então poderes voar livremente a Cristo. Castiga agora teu corpo pela penitência, para que possas então ter legítima confiança.
7. Ó louco, que pensas viver muito tempo, quando não tens seguro nem um só dia! Quantos têm sido logrados e, de improviso, arrancados ao corpo! Quantas vezes ouviste contar: morreu este a espada; afogou-se aquele; este outro, caindo do alto, quebrou a cabeça; um morreu comendo, outro expirou jogando. Estes se terminaram pelo fogo, aqueles pelo ferro, uns pela peste, outros pelas mãos dos ladrões, e de todos é o fim a morte, e, depressa, qual sombra, acaba a vida do homem (Sl 143,4).
8. Quem se lembrará de ti depois da morte? E quem rogará por ti? Faze já, irmão caríssimo, quanto puderes; pois não sabes, quando morrerás nem o que te sucederá depois da morte. Enquanto tens tempo, ajunta riquezas imortais. Só cuida em tua salvação, ocupa-te só nas coisas de Deus. Granjeia agora amigos, venerando os santos de Deus e imitando suas obras, para que, ao saíres desta vida, te recebam nas eternas moradas (Lc 16,9).
9. Considera-te como hóspede e peregrino neste mundo, como se nada tivesses com os negócios da terra. Conserva livre teu coração, e erguido a Deus, porque não tens aqui morada permanente. Para lá dirige tuas preces e gemidos, cada dia, com lágrimas, a fim de que mereça tua alma, depois da morte, passar venturosamente ao Senhor. Amém.
CAPÍTULO 24
Do juízo e das penas dos pecadores
1. Em todas as coisas olha o fim, e de que sorte estarás diante do severo Juiz a quem nada é oculto, que não se deixa aplacar com dádivas, nem aceita desculpas, mas que julgará segundo a justiça. Ó misérrimo e insensato pecador! Que responderás a Deus, que conhece todos os teus crimes, se, às vezes, te amedronta até o olhar dum homem irado? Por que não te acautelas para o dia do juízo, quando ninguém poderá ser desculpado ou defendido por outrem, mas cada um terá assaz que fazer por si? Agora o teu trabalho é frutuoso, o teu pranto aceito, o teu gemer ouvido, satisfatória a tua contrição.
2. Grande e salutar purgatório tem nesta vida o homem paciente: se, injuriado, mas se dói da maldade alheia, que da ofensa própria; se, de boa vontade, roga por seus adversários, e de todo o coração perdoa os agravos; se não tarda em pedir perdão aos outros; se mais facilmente se compadece do que se irrita; se constantemente faz violência a si mesmo, e se esforça por submeter de todo a carne ao espírito. Melhor é expiar já os pecados e extirpar os vícios, que adiar a expiação para mais tarde. Com efeito, nós enganamos a nós mesmos pelo amor desordenado que temos à carne.
3. Que outra coisa há de devorar aquele fogo senão os teus pecados? Quanto mais te poupas agora e segues a carne, tanto mais cruel será depois o tormento e tanto mais lenha ajuntas para a fogueira. Naquilo em que o homem mais pecou, será mais gravemente castigado. Ali os preguiçosos serão incitados por aguilhões ardentes, e os gulosos serão atormentados por violenta fome e sede. Os impudicos e voluptuosos serão banhados em pez ardente e fétido enxofre, e os invejosos uivarão de dor, à semelhança de cães furiosos.
4. Não há vício que não tenha o seu tormento especial. Ali, os soberbos serão acabrunhados de profunda confusão, e os avarentos oprimidos com extrema penúria. Ali será mais cruel uma hora de suplício do que cem anos aqui da mais rigorosa penitência. Ali não há descanso nem consolação para os condenados, enquanto aqui, às vezes, cessa o trabalho e nos consolam os amigos. Relembra agora e chora teus pecados, para que no dia do juízo estejas seguro entre os escolhidos. Pois erguer-se-ão, naquele dia, os justos com grande força contra aqueles que os oprimiram e desprezaram (Sab 5,1). Então se levantará, para julgar, Aquele que agora se curvou humildemente ao juízo dos homens. Então terá muita confiança o pobre e o humilde, mas o soberbo estremecerá de pavor.
5. Então se verá que foi sábio, neste mundo, quem aprendeu a ser louco e desprezado, por amor de Cristo. Então dará prazer toda tribulação, sofrida com paciência, e a iniqüidade não abrirá a sua boca (Sl 106,42). Então se alegrarão todos os piedosos e se entristecerão todos os ímpios. Então mais exultará a carne mortificada, que se fora sempre nutrida em delícias. Então brilhará o hábito grosseiro e desbotarão as vestimentas preciosas. Então terá mais apreço o pobre tugúrio que o dourado palácio. Mais valerá a paciente constância que todo o poderio do mundo. Mais será engrandecida a singela obediência que toda a sagacidade do século.
6. Mais satisfação dará a pura e boa consciência que a douta filosofia. Mais valerá o desprezo das riquezas que todos os tesouros da terra. Mais te consolará a lembrança duma devota oração que a de inúmeros banquetes. Mais folgarás de ter guardado silêncio, do que de ter falado muito. Mais valor terão as boas obras que as lindas palavras. Mais agradará a vida austera e árdua penitência que todos os gozos terrenos. Aprende agora a padecer um pouco, para poupar-te mais graves sofrimentos no futuro. Experimenta agora o que podes sofrer mais tarde. Se não podes agora sofrer tão pouca coisa, como suportarás os eternos suplícios? Se tanto te repugna o menor incômodo, que te fará então o inferno? Certo é que não podes fruir dois gozos: deleitar-se neste mundo, e depois reinar com Cristo.
7. Se até hoje tivesses vivido sempre em honras e delícias, que te aproveitaria isso se tivesses que morrer neste instante? Logo, tudo é vaidade, exceto amar a Deus e só a ele servir. Pois quem ama a Deus, de todo o coração, não teme nem a morte, nem o castigo, nem o juízo, nem o inferno, porque o perfeito amor dá seguro acesso a Deus. Mas quem ainda se delicia no pecado, não é de estranhar que tema a morte e o juízo. Todavia, é bom que, se do mal não te aparta o amor, te refreie ao menos o temor do inferno. Aquele, porém, que despreza o temor de Deus, não poderá por muito tempo perseverar no bem, e depressa cairá nos laços do demônio.
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