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domingo, 23 de setembro de 2007
COMO CONHECER
O espírito reconhece, quando no mundo espiritual, aqueles que com ele conviveu na Terra. Imagens das vivências se plasmam nos centros mais sensíveis da consciência, vindo à tona de acordo com as necessidades de cada um.
Entremente, há espíritos que nada reconhecem, pelo seu estado de desnutrição espiritual. São almas que perderam suas qualificações como espírito e ignoram tudo o que se passa em seu derredor. Os sentidos se embotam, devido ao mau uso feito deles; é a chamada degradação.
Todavia, os espíritos mais elevados podem, pela sua vontade, recordar vidas passadas e reconhecer todos os seus companheiros de variadas existências, e que lhe serviram de instrumento de evolução.
Na Terra, já muito se fala nas regressões de memória. A vontade é a chave no mundo espiritual; quanto mais puro o espírito, mais recordações lúcidas ele tem, com a serenidade que já possui. Ele reconhece todas as suas companhias e, nesta operação, pode buscá-las onde quer que seja, ajudando-as, se necessário.
Às vezes, a regressão de memória para os espíritos elevados é uma fonte de informações que os leva à caridade, descobrindo onde se encontram os que lhes foram caros em muitas reencarnações, passando a dar-lhes assistência espiritual e até avalizando-os em outras vidas no mundo. O amor é uma força poderosa, de modo a sustentar todos os caídos e ativar vida nos que buscaram, pelos procedimentos, a morte. Enfim, todos somos irmãos.
Se ainda não descobrimos os que nos foram caros, mesmo estando na carne, vejamos o nosso próximo; só pelo fato de se encontrarem perto de nós, já é motivo de merecerem a nossa ajuda, com carinho e alegria.
Não se deve amar somente a família na carne. Se o homem já entende as vidas sucessivas, percebe quantas famílias já possuiu. Certamente que inúmeras. Quantos pais? Quantos irmãos? E parentes e amigos? O número é sem conta, para mostrar ao homem a irmandade universal.
Não devemos ter a curiosidade de somente conhecer os que nos foram unidos pela carne. Trabalhemos onde formos chamados e amemos a todos com o mesmo amor, que Deus, Jesus, os anjos e os benfeitores mais próximos ao nosso coração, dar-nos-ão todo o amparo para descobrir essa verdade que nos liberta.
É, pois, Jesus quem nos pede para amar aos nossos inimigos, se os tivermos, porque amar aos que nos amam, isso até os perversos fazem com dedicação. O amor endereçado aos que nos perseguem ajuda-os a se afastarem da maldade, e essa semente cresce em seus corações, impulsionando-os a fazer o mesmo.
Se já temos a condição de ver a nossa vivência pretérita e ler nela os nossos feitos, não iremos nunca julgar os que nos apedrejam, por encontrarmos neles os mesmos procedimentos nossos, que talvez tenham sido piores. Por isso o homem deve ser manso e justo, tolerante e pronto a ajudar a quem ainda não descobriu que somente o amor salva.
Aconcheguemo-nos ao Cristo, que Ele se encontra mais perto de nós do que pensamos; quanto mais nos aproximarmos do Mestre, mais seremos inspirados por Ele. A nossa segurança, em todas as sendas de elevação, está no conhecimento de nós mesmos e nos reparos devidos que podemos fazer. Deixando crescer nossos bons atributos eles nos mostrarão os caminhos para o verdadeiro céu, na cidade íntima do nosso coração.
Miramez
Filosofia Espírita VI
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ABORTO
Falamos naturalmente acerca de relações internacionais, sociais, públicas, comerciais, clareando as obrigações que elas envolvem; no entanto, muito freqüentemente marginalizamos as relações sexuais — aquelas em que se fundamentam quase todas as estruturas da ação comunitária.
Esquece-se, habitualmente, de que o homem e a mulher, via de regra, experimentam instintivo horror à solidão e que, à vista disso, a comunhão sexual reclama segurança e duração para que se mostre assente nas garantias necessárias.
Impraticável, sem dúvida, impor a continuidade da ligação entre duas criaturas, a preço de violência; no entanto, à face das contingências e contratempos pelos quais o carro da união esponsalícia deve passar pelas estradas do mundo, as leis da vida, muito sabiamente, estabelecem nos filhos os elos da comunhão entre os cônjuges, atribuindo-lhes a função de fixadores da organização familiar; com a colaboração deles, os deveres do companheiro e da companheira, no campo da assistência recíproca, se revelam mais claramente perceptíveis e o lar ser alteia por escola de aperfeiçoamento e de evolução, em marcha para a aquisição de mais amplos valores do espírito, no Mundo Maior.
De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida.
É pela conjunção social entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no Planeta; em virtude disso, entre pais e filhos residem os mecanismos da sobrevivência humana, quanto à forma física, na face do orbe.
Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor — do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus.
Com semelhantes notas, objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever.
Habitualmente — nunca sempre — somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos.
Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria.
Criamos projetos, aventamos sugestões, articulamos providências e externamos votos respeitáveis, englobando-nos com eles em salutares compromissos que, se observados, redundarão em bênçãos substanciais para todo o grupo de corações a que se nos vincula a existência.
Se, porém, quando instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje — e isto ocorre bastas vezes, em todas as comunidades da Terra — inimigos recalcados que se nos entranham à vida íntima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimento e aflição que se estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e inquietação.
Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões.
“Vida e Sexo” - Cap. 17 – Emmanuel
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