domingo, 2 de setembro de 2007

LENDA DAS MAIAS



"Os Maios... As Maias!"

Na procura de outro significado (se é que esta explicação vai ajudar), podemos dizer que ambas as designações estão certas!

O Maio, na sua manifestação mais simples, é um "home" ou raparigo (menina), coberto de flores que, seguido de moços ou crianças, em procissão, percorria, antigamente, nossas vilas e aldeias.

A Maia, chamada, também, "Rainha do Maio", ou "Rosa do Maio", era uma boneca de palha de centeio, em torno da qual havia descantes toda a noite (1.º de Maio); outras vezes, uma menina coroada com flores, que se enfeitava com o vestido branco, jóias, etc., sendo colocada num trono florido, e venerada todo o dia com danças e cantares.

Esta festa, sem dúvida com reminiscências pagãs (celtas-romanas), foi proibida várias vezes (caso de Lisboa onde em 1402, por carta régia de 14 de Agosto se determinava aos juizes e á câmara que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse Mayas ou Janeiras, e outras coisas contra a ley de Deus).

No Alto Minho, esta velha tradição mantém-se. Na manhã do 1.º de Maio, as casas das nossas aldeias aparecem todas enfeitadas com raminhos de giesta, relembrando os costumes de coroação (Maio ou Maia), conforme já descritos.

Com o cristianismo deu-se a este velho ritual pagão (rito da fertilidade para uns, novo ciclo da natureza, o triunfo da primavera, o reverdescer das plantas, o começo de um ano agrícola; rito da fecundidade, prognosticando boas colheitas), um carácter religioso (sua ligação á festa de Santa Cruz – Festa das Cruzes – Barcelos ou, mesmo, ao Corpo de Deus).

A lenda que se conta, e a mais habitual do Alto Minho, é a seguinte:

Herodes soube que a Sagrada Família na fuga para o Egipto pernoitaria numa certa aldeia. E estava já disposto a mandar matar todas as crianças do sexo masculino. Perante tal morticínio, um outro Judas, informa-o de que tal não valeria a pena. Também, não lhe dizia onde estava o Menino Jesus, mas colocaria um ramo de giesta florida na casa onde ele pernoitasse. Assim, bastaria à soldadesca procurar a tal casa e, pronto!...

Porém, qual não foi o espanto dos legionários quando, na manhã seguinte, todas as casas da aldeia apareceram com o tal raminho de giesta florida!... Verdade ou ficção, a lenda ainda perdura, mas já com variantes!

Assim, em Santa Marta de Portuzelo, antes de nascer o sol no 1.º de Maio, põem raminhos de giesta em flor nas portas e janelas, e espetam-nas no linho (só no linho e não nas outras novidades); em Arcos de Valdevez coloca-se o Maio à janela, só ou com outra flor, para se afastar a fome; noutras, ainda, para afugentar o feiticeiro... a entrada das bruxas!

Em Calheiros (Ponte de Lima), dizem que nesse dia o diabo anda à solta e que não entra onde haja o Maio; noutras é para o "burro" não morder o gado ou dar cabo do cereal (o burro é um bichinho que sobe pela palheira do cereal).

http://arquivo.rtam.pt/novidades/new-200304_11.html

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