domingo, 24 de agosto de 2008

Mediunidade Útil

Livro: Mediunidade e Apostolado
Odilon Fernandes & Carlos A.Baccelli

“A manifestação do espírito é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso.” 1 Coríntios, cap. 12 – v.7

A mediunidade útil é aquela que cumpre com a sua finalidade na edificação espiritual das criaturas.

Mediunidade não é uma aventura que se empreende nos caminhos do psiquismo, nem um dom para ser ostentado qual se fosse privilegio concedido a poucos. Mediunidade é Instrumento de serviço, semelhante à enxada nas mãos do lavrador... quem o possui, deve dispor-se a servir em prol da comunidade, sem preocupar-se somente em auferir-lhe os benefícios.

Infelizmente, a grande maioria dos médiuns não sabe dar um direcionamento proveitoso as suas faculdades. Abraça a mediunidade a maneira de quem estivesse abraçando um fardo espinhoso e excessivamente pesado. Lamenta a sua condição de médium estima inspirar a piedade dos outros, faz chantagem emocional, dá trabalho aos dirigentes das sessões que freqüentam...

Ora, a mediunidade, se de fato é, digamos, uma conquista cármica para o individuo, não deixa de ser também uma carta de credito a fim de que ele amenize os seus débitos.

O médium que não se preocupa em ser útil no exercício de suas funções é candidato ao desequilíbrio, atraindo para si as forças de caráter negativo que, então, passam a vampirizá-los. Os sanatórios e hospitais psiquiátricos estão repletos de médiuns que preferiram a internação ao trabalho perseverante.

A inconstância do médium é um dos maiores entraves que os espíritos enfrentam, na tarefa do intercambio com os homens. Medianeiros existem que, por descrerem das próprias faculdades, negam aos outros o alimento da fé que, do Alto, lhes chega por seu intermédio.

Quando o médium deseja, dificilmente alguém poderá ser mais útil do que ele junto àqueles que sofrem sem esperança. Polarizando as expectativas espirituais da criatura em torno de sua sobrevivência à morte do corpo, o médium poderá contribuir decisivamente para que ela dê a sua vida um sentido novo, concentrando-se no trabalho da construção intima.

Em meio à escuridão da descrença que impera no mundo, o médium é farol que norteia quantos se interessam pelo rumo certo, livrando-os do naufrágio definitivo no oceano revolto das paixões.

É compreensível, em sua condição humana, que o médium vacile, sofra o assedio da tentação, do desanimo, da falta de vontade de prosseguir... É admissível que padeça insegurança e incerteza quanto qualquer dos mortais, no entanto não se deve furtar ao serviço do consolo e do amparo aos que parecem crer mais do que ele mesmo em sua condição de medianeiro.

O médium que persevera no sustento da fé aos semelhantes, esforçado-se ele próprio para manter-se de pé diante de suas dúvidas, é digno de grande respeito por parte da Espiritualidade Superior.

Tomé, o apostolo da duvida, continuava no ministério que considerava sagrado, embora lhe faltassem elementos para inabalável convicção... Apesar de ter tocado as chagas do Cristo redivivo, é possível que tenha se questionado vez ou outra se não teria sido vitima de uma alucinação.

A dúvida faz, e durante um bom tempo ainda fará, parte do quadro cármico do homem na Terra.

Os médiuns não têm a obrigação de convencer quem quer que seja; têm, isto sim, o dever de ser úteis a espiritualização que cada um deverá empreender por si mesmo, à custa das dores de parto que antecedem o nascimento do homem novo.

O medianeiro que se preza não deve insular-se, fugindo a casa espírita onde, com mais propriedade, é chamado ao exercício de suas funções. Ao grupo que se formar ao redor dele, necessita ser constante inspiração ao trabalho, porquanto os frutos da mediunidade são avaliados sempre pelo que ela consegue materializar no campo das boas obras.

O médium não deve se prestar ao entretenimento dos que anseiam manter longas conversações com os desencarnados... Os Espíritos Superiores identificam-se pela sua capacidade de síntese com as palavras e pela sua objetividade na concretização do Bem.

O médium que não encontrar meio de ser útil através da mediunidade deve procurar sê-lo de outra forma, nem que, para tanto, deva renunciar ao seu exercício, porquanto mais importante do que ser médium é ser homem de bem.

Lidar com a mediunidade por vaidade pessoal é lamentável equivoco do medianeiro, que arcará com as conseqüências de sua imprevidência.

A finalidade precípua da mediunidade, portanto, é a de vitalizar espiritualmente as criaturas, fecundando-lhes o psiquismo, para que façam resplandecer a sua própria luz, caminhando conscientes para a sua plena integração com Deus.

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