domingo, 24 de agosto de 2008

Tarefas Diversificadas na Mediunidade

Livro: Mediunidade e Apostolado
Odilon Fernandes & Carlos A.Baccelli

"E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo." 1 Coríntios, cap. 12 – v.5

Não há médium superior a outro médium. Os Espíritos Superiores não disputam há primazia da Verdade entre os homens.

Consoante a assertiva paulina, as tarefas medianímicas, por mais diversificadas sejam, concorrem para o mesmo objetivo.

A água do mar não cumpre com a finalidade do diminuto filete que, deslizando humilde entre as pedras, atende a sede do peregrino.

As mãos que escrevem livros sob a inspiração do Alto talvez não sejam dotadas do dom de curar, e a palavra que arrebata multidões pode não ser aquela que toca as almas em profundidade.

Na imensa gleba da Doutrina Espírita, todos os que se dispõem a cultivá-la são imprescindíveis e estão a serviço do Dispensador de todas as bênçãos.

Não existe médium que seja insubstituível e nenhuma tarefa que se interrompa por falta de obreiro. Os que cuidam na Terra dos interesses do Senhor revezam-se no corpo e, quando um chega ao termo da jornada, outro logo desponta no caminho...

No colegiado cristão de Corinto, um dos núcleos do Cristianismo nascente onde os dons de profetizar eram mais cultivados, disputas internas começavam a se constituir em obstáculos a livre manifestação dos espíritos... Os profetas, que eram os médiuns de antanho, qual acontece aos médiuns de agora, envaideciam-se dos próprios espíritos que por eles se manifestavam. Começava a surgir perigosa hierarquia, feito a da casta dos sacerdotes que, infelizmente, contribuiu, mais tarde, para desviar o movimento cristão de seus rumos. Sempre atento, Paulo, exímio conhecedor das fraquezas humanas, deliberou, com sua autoridade inconteste, pulverizar qualquer pretensão de superioridade espiritual entre os companheiros do Evangelho.

Ninguém saberia dizer dos que, anonimadamente, tombaram nos circos do martírio... Muitos que a memória da Cristandade reverencia na condição de santos não passaram de espíritos comuns que praticamente foram constrangidos ao sacrifício que não puderam evitar.

A história do Espiritismo, apesar de recente, também está repleta de heróis anônimos da mediunidade e de espíritos que, não se identificando, cooperam com Allan Kardec na obra ciclópica da Codificação.

Vejamos os insofismáveis exemplos da Natureza... O verme que se arrasta nas entranhas da terra é tão útil quanto o peixe que vitaliza as águas dos rios e os pássaros que cooperam com o vento no trabalho de espalhar as sementes das mais variadas espécies...

Que os espíritas desavisados cessem, de vez, de fomentar discussões em torno de quem seria o maior no campo da mediunidade. Foi para pôr fim em contenda semelhante que Jesus, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos apóstolos...

Quem mais se aproxima daquele que mais sabe é justamente aquele que tem consciência de sua ignorância.

As diferentes atividades levadas a efeito pela mediunidade formam, em seu todo, um conjunto harmonioso, e o médium, seja ele qual for, é peça importante nos mecanismos do Bem.

Que os dirigentes espíritas não privilegiem ou destaquem este ou aquele medianeiro, em detrimento daquele que talvez não tenha tido ainda oportunidade de revelar o seu potencial. Não basta que a semente seja boa: é necessário que ela encontre terreno propicio a germinação...

Médiuns que vivem em ambiente que não lhes facilite o aprimoramento das faculdades não conseguem deslanchar a tarefa. E, depois, há ainda o egoísmo dos médiuns veteranos que, enciumados, não orientam a contento os que estejam se iniciando, qual se fossem detentores de um segredo que guardassem só para si, reeditando, no mundo, as antigas escolas de iniciação existentes no Egito e na Índia.

O Espiritismo não tem mistérios e os médiuns mais experimentados a ele estarão prestando relevante serviço na orientação, sem rodeios, aos companheiros que se revelam bem intencionados, em seu propósito de exercer a mediunidade.

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