domingo, 17 de agosto de 2008

Riqueza da vida interior




"E assim podermos servir em novidade de espírito e náo na caducidade da letra."
(Romanos, 7:6)

O Cosmo pode ser comparado a um incomensurável arquivo vivo que guarda inúmeras colecóes de obras-primas.

Cada texto escrito representa as diversas experiencias que tivemos nas múltiplas encarnacóes ao longo do tempo. Cada um de nós é o somatório desses mesmos textos, compilados num único livro.

Em virtude disso, podemos encontrar "anotacóes sagradas" nas entrelinhas da própria alma. A divindade colocou um selo cunhado no Espírito, mas apenas quem o ve descobre sua filiacáo celeste.

Cada um de nós é uma "obra-prima" de Deus, única e com características peculiares.

Como somos todos "livros diferentes", o sucesso de uma vida plena é ler-nos e, a partir daí, nos expressarmos perante o mundo usando nossa originalidade.

Quem náo exercita a leitura de si mesmo provavelmente ficará retido na capa e distanciado do seu conteúdo.

É necessário pesquisar o "índice interno": lista alfabética de nomes, lugares e assuntos, que nos permite localizar a "página íntima", onde os nossos temas podem ser encontrados, para náo ficarmos presos à "capa-revestimento" .

Só nos pertence realmente aquilo que interpretamos. Apenas retemos aquilo que tenha vindo de nossas experiencias, análises e inspiracóes.

Se náo soubermos ler a nós mesmos, dificilmente aprenderemos a escolher bons livros. Só vence a alucinacáo da capa quem mergulha nas profundezas do conteúdo da vida interior.

Há um excessivo número de livros que apenas distraem a mente. Quantas vezes adquirimos obras iludidos pela aparencia externa! Capas multicoloridas, títulos extravagantes, que camuflam romances simplistas, histórias infantis sem valor pedagógico, dramas sensacionalistas. Há ocasióes em que temos o disparate de comprá-las sem ao menos consultar o sumário.

A capa pode ficar amassada e envelhecida, a página pode ser despedacada e separada do livro, todavia nenhuma criatura amassa, tritura, rasga ou aparta idéias, sentimentos e emocóes que uma alma interpretou e guardou em seu amago.

A mente entretida bloqueia a fonte sapiencial e polui a via de acesso pela qual escolhemos "livros externos" através do conteúdo de nosso "texto interno".

Portanto, quando desenvolvemos a habilidade de "fazer a mente silenciar", penetramos na essencia das coisas e, como resultado, passamos a escolher os livros que nos levem a maiores reflexóes e, ao mesmo tempo, a tomar posse da "biblioteca viva" que existe dentro de nós.

° Ler para compreender o mundo interior.
° Ler para assimilar com profundeza os sentimentos.
° Ler para observar o funcionamento da mente.
° Ler para atingir o cerne da própria alma.
° Náo ler só para ficar na superfície romanceada.
° Náo ler para considerar apenas uma face ou um aspecto dos fatos.
° Náo ler somente para divagar em histórias fantasiosas e repetitivas.
° Náo ler para únicamente abstrair-se das dificuldades, mas para resolve-las.

Paulo de Tarso, o grande divulgador do Cristianismo, escreve aos romanos: "servir em novidade de espírito e náo na caducidade da letra".

Concluímos, ajustando o texto paulino ao nosso entendimento: náo possui validade por si só o que está escrito "ao pé da letra", mas o "espírito" da idéia, a intencáo real do que está no texto.

A "novidade de espírito" quer dizer: é necessário decifrar o novo - que náo se manifesta claramente e que está além do literal -, do contrário a leitura passa a ser uma distracáo banal, e náo um meio de despertar os valores inatos da alma.

A "caducidade da letra" significa que o que está escrito pode ser considerado caduco, sem validade, ou se tornar indevido, se náo for descoberto o sentido implícito ou subentendido da escrita.

"A letra mata, mas o Espírito comunica a vida" faz-nos entender que o que se le náo tem significacáo ou valor se náo houver preocupacáo de interpretar o que é simbólico.

Escolhem-se "obras externas" por meio do "livro interno". Nosso sistema de pensamento cognitivo e os demais processos espirituais estáo ligados à nossa "enciclopédia sagrada".

Os recursos de que necessitamos para bem viver náo estáo na exterioridade; estáo dentro de nós, visto que cada ser humano é um "livro transcendental" repleto de conhecimentos imortais.
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Texto extraído do livro Um modo de Entender - uma nova forma de viver
ditado pelo Espírito Hammed - através de Francisco do Espírito Santo Neto.

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