sábado, 21 de julho de 2012

Reencarnação em Platão






Por Ana Lucia Santana
O filósofo Sócrates, como Jesus Cristo, apenas defendeu seus pensamentos verbalmente, não deixando escritos. Seus ideais foram disseminados por seu principal discípulo, Platão. Entre outros conceitos afirmados por seu mestre, ele afirmava que as almas, após uma passagem pelo Hades, reino dos mortos, eram novamente levadas ao universo dos seres vivos, no qual experimentavam inúmeras existências, por um tempo mais ou menos longo.
Alguns acreditam que a reencarnação é uma ideia que prepondera tão somente na religiosidade oriental, mas ela também foi largamente propagada na esfera ocidental. Diversos cultos religiosos, envoltos em enigmas e desconhecidos rituais iniciáticos, desenvolviam uma vasta diversidade de ritos e convicções espirituais em torno da reencarnação.
Determinadas fraternidades religiosas antigas, como o Orfismo, culto greco-romano, vigente entre os séculos VI e VII a.C., mantinham a crença em uma alma que não se entregava à morte e, assim, podia se refugiar em um corpo encarnado, como ser humano ou algum outro mamífero.
Os seguidores de Orfeu, entidade mítica, defendiam também que a alma podia ser fracionada e preservada em cativeiro no interior da matéria. Mas, se ela construísse uma existência fundamentada no bem e na luz, privando-se de alimentos como a carne, de vinho e da prática sexual, teria a oportunidade de encontrar o paraíso após a morte; do contrário, ela seria punida em uma região infernal. Eles não acreditavam, porém, na vida eterna, e sim na reencarnação.
Os discípulos de Pitágoras foram profundamente influenciados por esta doutrina e, por sua vez, inspiraram Platão. Ele defendia igualmente que o espírito reencarnava diversas vezes e tinha a intuição de que o Planeta Terra era circundado por sete círculos planetários e uma oitava faixa de estrelas estáveis. A atuação do Criador emanaria de um campo situado além desta última esfera, e seria a responsável pela movimentação do Universo.
Platão concorda com os pitagóricos que a alma é uma essência autônoma; ela pré-existe ao corpo humano no qual reside, e é capaz de se perpetuar além da existência atual, mesmo sem a presença do organismo físico. Para ele, as substâncias espirituais provinham de outros planetas, vinham à Terra, colavam-se aos corpos materiais e finalmente esforçavam-se para se liberarem e retornarem ao mundo estelar.
Através do pensamento platônico a reencarnação se converteu em um dos elementos mais significativos da mentalidade ocidental na Antiguidade; com este conceito o filósofo transcende as doutrinas de Sócrates e Pitágoras. Ele enfoca este tema principalmente em seus diálogos Menon, Fédon, Fedro e a República.
Platão descreve nestas obras sua visão de uma trajetória humana cíclica, através da qual o Homem atravessa períodos de morte e renascimento; segundo ele, morrer não significa atingir o fim da vida, pois somente a matéria deixa de existir, a alma continua sua viagem, mais viva do que nunca, nascendo de novo em outro organismo humano e principiando uma nova etapa, que se somará às existências anteriores. O filósofo também afirma que a alma humana, ao percorrer o caminho traçado pelas divindades, terá o poder de mirar as Verdades Eternas, as quais se encontram na esfera superior dos céus, em uma região que se assemelha a uma residência metafísica, denominada Hiperurânio, ou seja, o famoso mundo das ideias elaborado por Platão, do qual a realidade material é apenas uma mera reprodução.
Fontes:
http://pessoas.hsw.uol.com.br/reencarnar3.htm
http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2009/06/platao-e-reencarnacao.html
Alessandro César Bigheto. Educação e Reencarnação em Platão, in Dora Incontri. Educação e Espiritualidade – Interfaces e Perspectivas. Editora Comenius, Bragança Paulista, 2010, pp. 282

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