domingo, 29 de julho de 2012

TREINAMENTO PARA A MORTE

O fenômeno da morte somente causa estranheza a quem da vida apenas lhe
conhece a face externa, material e transitória.

Considerada esta na sua realidade plena, isto é, a mesma, no corpo e
fora dele, quando ocorre o episódio da morte ou desencarnação, o
acontecimento deve ser encarado com a naturalidade de que se reveste e
a atenção que lhe compete, sem qualquer tipo de exagero, seja no
desespero ou na indiferença.

É de compreender-se que a alma, encarcerada no corpo, encharca-se das
vibracoes orgânicas e adapta-se aos condicionamentos próprios da
matéria.

O desligamento celular não implica em libertação profunda, desde que
as impressões mais fortes permanecem, produzindo estados de verdadeira
alucinação, nos quais o real e o aparente se confundem, causando
perturbação.

Nos processos de desdobramento da personalidade, no sono natural como
no provocado, o Espírito ignora o sucedido, surpreendendo-se ante a
visão do corpo, sem entender o que lhe está ocorrendo.

Somente o treinamento consciente logra, ao largo do tempo, a perfeita
mobilidade do ser espiritual com a sua conseqüente lucidez em torno do
acontecimento.

Ocorrência idêntica dá-se com a morte.

Despreparado para o processo liberativo, por falta do hábito da
reflexão e do desapego da matéria, o Espírito permanece no reduto
familiar, experimentando lamentável turbação que o infelicita quanto
prejudica aqueles com os quais se afina ou se afeiçoa.

Reserva tempo mental e emocional ao exame da morte.

Considera, vez que outra, o fenômeno, como se já houvesse ocorrido
contigo e analisa então como estarias e de que forma te sentirias.

Da mesma maneira, pensa na partida de um ser querido e considera qual
seria a tua conduta nesse momento.

Não te tenhas na conta de inatingível.

Quando a provação demora a chegar, é sinal de que se aproxima.

Não vivendo, pessoa alguma, em regime de exceção, conscientiza-se de
que tua vez não tardará, por mais tenhas sido poupado ao testemunho por
que todos passam.

A morte é inevitável.

A única opção que se encontra ao teu alcance, racional e oportuna, é a
de realizares um treinamento mental para ela, em ti ou em pessoa
querida que te fale à sensibilidade.

Reencontrarás os teus mortos, que vivem e te esperarão.

Se felizes, aguardam-te em triunfo, ensejando-te as alegrias a que faça jus.

Se desditosos, necessitam das tuas orações e pensamentos de simpatia
que os acalmarão.

Não os retenhas na revolta, nem os maceres com as tuas mágoas e
blasfêmias injustas.

Se o teu é um grande amor por eles, tem paciência, pois logo mais
seguirás na sua direção.

De qualquer forma, prepara-te para morrer, vivendo cada dia como se
fosse o último da tua existência planetária.

A morte é, também, abençoado portal de luz, aberto na direção da
ressurreição ditosa, para quem cumpre corretamente os seus deveres e
prepara-se, treina-se, com amor, para o grande momento.

Joanna de Ângelis

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