sexta-feira, 10 de agosto de 2007

BUDISMO




Uma breve visão sobre o Budismo
O Budismo tal como é normalmente conhecido, surgiu na Índia como uma filosofia de protesto há cerca de 2.600 anos atrás. Nasceu como uma escola que reconhecia a decadência do então chamado Bramanismo, com as suas castas rígidas, sacrifícios, sacerdotes profissionais e rituais, cujo sentido havia sido perdido. Nesse mesmo período, nascia na Índia o Jainismo e o materialismo histórico chamado Carvaka, que veio a ser a semente de onde viria a nascer no século XIX o comunismo e o ateísmo.
Historicamente, portanto, o Budismo está ligado à figura do Príncipe Sidharta Gautama, do clã dos Sakyas, um pequeno território governado pela família dos Sakyas, na região do atual Nepal, fronteira com a Índia. Sidharta Gautama iria tornar-se, mais tarde, um Buda— um iluminado que passou a ser também conhecido como Sakya-muni, ou seja, o sábio da família Sakya.
A cronologia hindu afirma que o nascimento do futuro Buda ocorreu em uma terça-feira do mês de maio do ano 2.478 de Kali Yuga o que corresponde ao ano de 623 a.C. O acontecimento é festejado em grande parte do mundo budista na noite da lua cheia de maio (Wesak ou Vaisakh).
Ele nasceu no pequeno reino dos Sakyas, situado na fronteira da Índia com o atual Nepal. o ponto exato foi o Jardim de Lumbini, localizado na capital, Kapilavastu, cerca de 160 km a nordeste da cidade de Varanasi (antigamente Benares) e a 60 km dos majestosos Himalaias. Sidharta Gautama era filho de Dushodana, que pertencia ao clã dos guerreiros Sakyas. A criança recebeu o nome de Sidharta, sendo Gautama o sobrenome da família, sobrenome que ainda hoje é usado na Índia. O título mais comum aplicado a Sidharta é o de Buda, que quer dizer o iluminado, o desperto, aquele que atingiu Bodhi (a iluminação suprema). Da mesma forma, Cristo é também um nome genérico que significa o "ungido".
Sidharta vivia rodeado de todo luxo e conforto. Conta-se que possuía três palácios: um para a estação quente, outro para o inverno, e um para a época das chuvas. O velho rei Sudhodana tentava, por todos os meios, evitar a previsão de um vidente, que por ocasião do nascimento de Sidharta, dissera que ele abandonaria toda a riqueza e partiria em busca da iluminação. Desse modo, o Rei procurava impedir que o coração sensível do jovem fosse atingido pela triste realidade do mundo.
Era virtualmente um prisioneiro dentro dos seus suntuosos palácios e parques, e vivia cercado de fontes, relvados, flores, música constante e belas dançarinas.
Somente jovens podiam se aproximar do príncipe a fim de que ele continuasse iludido sobre a realidade da vida. Quando demonstrava vontade de ir até Kapilavastu, o Rajá Sudhodana mandava pintar todas as casas das ruas onde passaria o séquito do príncipe. Engalanava as casas, ordenava o povo que vestisse roupas novas e afastava todos os velhos e doentes. Certa vez, iludindo a vigilância paterna, Sidharta sai disfarçado, com o seu fiel escudeiro Channa, para ir até a cidade. É clássico no Budismo a descrição desse passeio e do choque produzido no jovem príncipe quando viu a realidade no seu trajeto, encontrando um velho alquebrado, um doente cheio de pústulas e coberto de moscas, um cadáver e um saniasi com seu hábito amarelo. Esta é a forma poética com que é apresentada a insatisfação do príncipe. O seu desalento diante da vida fútil e sem sentido que era obrigado a levar. Retorna ao palácio cabisbaixo, cheio de sofrimento e angústia. Contempla então o seu palácio e os jardins adormecidos, banhados pelo luar. E vê as formosas bailarinas vencidas pelo sono, com as bocas semi-abertas e as vestes em desalinho, parecendo corpos sem vida. Em torno de si, só vê o transitório, o inútil. Chama então o seu fiel escudeiro Channa e manda arriar o seu belo cavalo Kantakha. Aproxima-se de sua esposa adormecida, que tem nos braços o filho Rahula, e contempla-os pela última vez. Sente o desejo de afagá-los, mas receia que acordem. Então, resolve partir.
O corte dos cabelos é um dos episódios mais representados na arte budista. Encontra-se esculpida na rocha em vários locais, inclusive existe uma magnífica escultura em Sanchi. Após se despedir de seu fiel escudeiro Channa e de seu cavalo Kantakha, o Príncipe Sidharta dirige-se para Rajagaha, capital de Magadha, hoje Rajgir, ao sul de Patna. Nessa época, ali reinava o Rei Bimbisara, que ao saber da sua presença vem ao seu encontro com toda a sua corte. O Rei Bimbisara tenta em vão convencer Sidharta a permanecer em Magadha. Gautama então prossegue sua jornada em direção a Uruvela, uma localidade próxima de Bodhi-Gaya. Nas florestas dessa região viviam dois eremitas - Alara Kalama e Udaka - de quem se faz discípulo. Insatisfeito com os ensinamentos, pouco depois, embrenha-se ainda mais na densa floresta e ali, em companhia de cinco outros eremitas, inicia uma série de mortificações e jejuns, a tal ponto que mais tarde chegou a confessar que "quando tocava o ventre sentia a espinha dorsal, e quando esfregava as pemas todos os pelos caiam". Sua fraqueza era tanta que, certo dia, ao banhar-se no rio Nairanja, desmaiou, só se salvando com a ajuda de uma camponesa chamada Sujata, que passava pelas proximidades e que o alimentou com algumas gotas de leite. Reanimado, chega a conclusão da inutilidade do rigoroso método de mortificação física a que se submetera durante seis longos anos. Um poema nos fala a esse respeito da seguinte forma:
"A verdade está dentro de nós. Não surge das coisas externas, mesmo que assim acreditemos. Há um centro interno onde a verdade habita em sua plenitude. Mas as espessas camadas da carne grosseira impedem o seu esplendor. A pervertida rede carnal frusta, emaranha e faz tudo parecer errôneo. Para alcançar a sabedoria, o indivíduo tem que abrir de dentro para fora, um caminho. Por onde o aprisionado esplendor possa passar. Ao invés de tentar absorver a luz, supondo que ela se encontre além de si mesmo."
Despede-se dos companheiros, que o julgam um fraco, e parte para Bodhi Gaya. Lá sentado à sombra da árvore Bo, voltado para o leste, com o firme propósito de só se levantar após alcançar a auto-iluminação, a sabedoria suprema e absoluta, permanece durante sete semanas à mercê das tentações de Mara (o gênio do mal), que lhe oferece toda sorte de riquezas. Mantém-se, entretanto, imperturbável. O sutra 36 do Digha Nikaya relata os pensamentos que se apresentaram ao espírito do grande ser: "Em verdade, este mundo se resume numa grande miséria. O ser humano nasce, envelhece, morre e torna a renascer. Ninguém conhece o meio para fugir a isso." A seguir, um pensamento ocorre na mente do Boddhisatva (o futuro Buda): "Qual é a origem da dor?" E assim, de etapa em etapa, aprofunda-se cada vez mais, chegando finalmente a sintonizar-se com aquele foco interno que, um dia, irá nos dar a onisciência. O acontecimento, segundo a tradição, ocorreu no ano 215 de Kali Yuga, no plenilúnio do mês de maio. Tinha então Sidharta Gautama 35 anos, quando se transformou no iluminado, no Buda. Após atingir o Nirvana, o Buda hesita em difundir sua experiência entre os homens. Poderiam eles compreender a lei do karma (de causa e efeito)? Poderiam libertar-se da idéia animista da existência de uma alma, e atingir a verdadeira natureza do ser? Poderiam prescindir do auxílio de sacerdotes e rituais para, por fim, atingirem a salvação, acreditando apenas em si mesmos? Perceberiam o verdadeiro significado do Nirvana? Resolve, então, depois do apelo feito pelo próprio deus Brahma, pregar a mensagem entre os homens. Diz o seguinte:
"Irei entre as nações, E abrirei as portas que conduzem à imortalidade, Deixai que ouça todo aquele que tem ouvidos, Para que conquiste a nobre senda da salvação."
Firme na sua resolução, dirige-se então à cidade de Varanasi, onde reencontra os cinco ascetas que foram seus antigos companheiros nas florestas de Uruvela. No parque das Gazelas faz o seu primeiro e clássico sermão. Nele formula as quatro verdades e aponta a Senda Óctupla, que conduz a libertação final e é aceita por todas as escolas de Budismo.
As quatro nobres verdades são: Dukka - a dor; Samadoya – a origem da dor; Nirodha - cessação da dor; Marga – o caminho.
obreirosdavidaeterna@groups.msn.com

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