sexta-feira, 6 de julho de 2012

OS MESTRES E O DISCERNIMENTO ESPIRITUAL



- Por John Baines -

Há uma barreira muito forte que costuma afastar os levianos do estudo hermético: a ausência do atrativo exótico, que constitui um anseio seguro para pessoas ingênuas, que buscam a imagem chamativa, em detrimento da verdade intelectualmente discernida.
Deste modo, prestam toda a sua atenção aos supostos mestres que usam vestimentas insólitas e de cores chamativas, ou que usam turbantes e estranhas gemas. O sujeito de aparência comum passará seguramente inadvertido, ainda que seja um grande e genuíno mestre.

O problema reside em que pessoas que têm tido algum tipo de contato com o esotérico, difundem a crença de que os mestres são seres etéreos, que vivem isolados da matéria e que não necessitam talvez comer, defecar e nem respirar. Pensam que a espiritualidade deverá transparecer de tal maneira que o sujeito será sempre incrivelmente formoso, vidente, telepata, possuidor de um estado contínuo de desdobramento e que repudie as coisas materiais.

Para o vulgo, um mestre espiritual não pode ser de aparência comum. Deve ser muito ancião; fazer milagres; viver em um templo, gruta ou retiro.
Deve vestir-se de maneira diferente; ter uma biografia cheia de eventos milagrosos e ter tido como mestre alguma autoridade superior a ele mesmo. Um homem estelar!
Segundo este critério, deveria parecer um extraterrestre; usar gemas provenientes de outro planeta e vestir roupas de estilo galáctico.

Nada disto por certo corresponde ao real, já que um autêntico mestre não se diferencia em nada do homem comum, e assim deve ser precisamente. Muitos bobos perguntam de onde vem a autoridade de determinado mestre, acreditando, talvez, que se alcance esta condição por delegação de funções de uma espécie de "sindicato de mestres".

Nisto influi consideravelmente o costume dos títulos profissionais, dignidades outorgadas pela sociedade aos que têm êxito em determinadas matérias. Provavelmente, se considera que se chega a ser mestre da mesma forma, isto é, sendo nomeado por um comitê de autoridades superiores.

É preciso assinalar que a condição de mestre corresponde a um nível de desenvolvimento espiritual, e não a uma dignidade outorgada por outras pessoas, mesmo que para chegar a ser mestre seja preciso fazê-lo sob a direção de alguém que já possua esse dito estado de consciência.
Existe por acaso algum tipo de documento que possa certificar que "fulano de tal" possui um estado de consciência determinado?

Tal suposição é absurda, já que o nível consciente se demonstra na prática, e não pelo aval de supostos colégios superiores de iniciados ou mestres.
A maestria é um estado de consciência alcançado dentro do mecanismo das leis da natureza, não uma concessão graciosa de alguma divindade ou autoridades superiores.

O autêntico mestre é reconhecido invariavelmente pelos guardiões ocultos que existem no plano da energia/mente, e só estes, ao reconhecê-lo como tal, podem dar-lhe o passe para atuar em determinados contextos.
Estes guardiões a que nos referimos são grandes mestres da antiguidade, que vivem sem o corpo físico, e que têm por missão manter a pureza do conhecimento hermético, evitando que seja contaminado pelas ambições pessoais de pseudosmestres.
Estes seres se encarregam de anular os estudantes de hermetismo que chegaram a obter certos conhecimentos e pretendem fazer péssimo uso deles.

Perguntemos a nós mesmos qual a diferença entre um menino e um adulto, e o óbvio da resposta nos permitirá, de maneira equivalente, separar o falso mestre do autêntico, já que só o desenvolvimento efetivo do ser estabelece a diferenciação.

- Nota de Wagner Borges: Esse texto foi extraído do livro "El Desarollo Interno" - de autoria do ocultista e filósofo chileno Dario Salas (que se utiliza do pseudônimo John Baines em suas andanças pela América).

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