Ano 1232. No dia 30 de Maio, o papa Gregório IX canonizou Santo António de Lisboa (Pádua).
Santo António de Lisboa marcou uma época na História da Igreja pelas suas
virtudes, pela sua pregação e pelos seus milagres, que fizeram dele o Santo
Milagreiro, pelo que ele conhecido ainda hoje como santo popular.
Nasceu em Lisboa segundo uma velha tradição, no dia 15 de Agosto de 1195, dia da Assunção de Nossa Senhora, e no
baptismo recebeu o nome de Fernando Martins.
Todavia, não há uma certeza histórica e há factos que obrigam a recuar a
data do seu nascimento para 1190 ou 1191.
O dia e o mês deve-os ter imaginado a devoção popular, mas o ano saiu de
cálculos não muito certos.
Era filho de Martinho de Bulhões e de D. Teresa Taveira.
Devia portanto chamar-se Fernando de
Bulhões.
A sua infância e juventude passou-as ele na casa abastada de seus pais
junto à Sé de Lisboa, e a lenda polvilhou aqueles seus dias do pitoresco
maravilhoso em que o povo afirma o culto muito humano que lhe
presta.
No pleno deflagrar da juventude arreceou-se das seduções do ambiente
malsão, e a robusta fé cristã que lhe enchia a alma, levou-o a abraçar a vida
religiosa entre os cónegos regrantes de S. Vicente de
Fora.
Desejoso ainda de mais segurança, aos
17 anos, alegando que as visitas da família e dos amigos lhe perturbavam
a paz e o recolhimento, passou-se
depois para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde largos anos frequentou os
estudos claustrais e meditou os caminhos de Deus, e ao fim foi ordenado
sacerdote.
O vasto saber que mais tarde iluminou sua prodigiosa eloquência e enche
os escritos que nos legou, em Santa Cruz de Coimbra o
aprendeu.
A filosofia da Ordem mendicante cativou tanto Santo António que ele
aos 26 anos resolveu aderir a ela e foi
nessa altura que mudou o seu nome.
Em 1217 começaram a frequentar o
"hospital" do mosteiro revoadas de Franciscanos que passavam no seu apostolado
original de pregação.
Por eles se interessou o santo, e sobretudo pelo grupo que, exuberante de
alegria, em 1219 se dirigiu a Marrocos à
conquista dos Mouros para Cristo, e dali a um ano, nem tanto, voltou : voltaram os ossos deles trazidos pelo
infante D. Pedro para o tesouro do Mosteiro, pois haviam sofrido o martírio, os
Santos mártires de Marrocos.
No entusiasmo daquela Cruzada nova de Paz e Bem, o santo pediu aos
Franciscanos, que já então moravam no eremitério de Santo António dos Olivais, o
admitissem na Ordem, para também se ir aos Mouros a pregar a fé cristã.
E ainda naquele ano de 1220, já
feito franciscano, se embarcou para Marrocos.
Logo à chegada caiu doente; e tão doente continuou que, descorçoado,
tentou regressar a Portugal, mas no caminho o barco, apanhado pela tempestade,
levou-o à Itália.
Refeitas as forças, em Julho de
1221 assistiu ao Capítulo Geral que S. Francisco reuniu em Assis quando
voltou da sua missão no Egipto.
A encantadora singeleza dos milhares de frades ali reunidos a louvar o
Senhor e a planear conquistas de bondade confundiu-o, e então retirou-se para o
eremitério de Montepaolo, para aí se entregar à
meditação.
Obrigado a pregar na cerimónia de ordenação de alguns frades, a sua
eloquência assombrou o auditório.
E dali a pouco, S. Francisco de Assis lhe escrevia a mandar que ensinasse
aos outros frades, a santa Teologia, tão precisa para o ministério da
pregação.
E assim Santo António ensinou nas escolas de Bolonha e depois em
Mompilher e Tolosa no Sul da França, por onde tinha alastrado a heresia dos
Albigenses; e ao mesmo tempo, ia pregando às multidões a Palavra do
Senhor.
À morte de S. Francisco, em 1226,
regressou a Itália para assistir em Assis ao Capítulo Geral da Ordem, e o
Superior Geral que foi eleito, Fr. João Parente, que anos antes em Coimbra lhe
vestira o burel de S. Francisco, mandou-o à Lombardia, para governar os frades e
continuar o seu ministério de ensino e de pregação.
Talvez com algum
exagero alguns biógrafos dizem que o entusiasmo pelos seus sermões era tal que o
povo corria em tanta quantidade que não cabia nas Igrejas.
Santo António resolveu pregar nos campos para todos o poderem ouvir.
Assistia o bispo, o clero e os religiosos.
As lojas fechavam porque os comerciantes também o queriam
ouvir.
No derradeiro tempo da sua existência viveu em Pádua e aí veio a morrer
em 13 de Junho de 1231.
O seu funeral foi uma apoteose, e no seu túmulo foram tantos os milagres
que logo em 30 de Maio de 1232, o papa Gregório IX o canonizou elevando-o à glória dos
altares.
Sobre o seu túmulo levantaram depois os crentes, a Basílica de Pádua, e
por toda a Cristandade lhe foram dedicados Igrejas e
Altares.
A consagrar a sua doutrina e o seu saber, o Papa Pio XII o proclamou Doutor da Igreja em 16 de Janeiro de 1946 pela bula que começava com estas
palavras : "Exulta, ó feliz
Lusitânia"!
Os Italianos chama-lhe Santo António de Pádua porque foi lá que ele
morreu.
Os portugueses chama-lhe Santo António de Lisboa porque foi em Lisboa que
ele nasceu, mas o Papa Leão XIII
chamou-lhe o Santo de todo o mundo..