Fábio José Lourenço Bezerra
Na pergunta Nº 597 de "O Livro dos 
Espíritos", temos: "Pois que os animais possuem uma inteligência que 
lhes faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente 
da matéria?"
Resposta: "Há, e que sobrevive ao 
corpo."
"—Será esse princípio uma alma semelhante á do 
homem?"
Resposta: "É também uma alma, se quiserdes, 
dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do 
homem. Há entre a alma dos animais e do homem distância equivalente à que medeia 
entre a alma do homem e Deus."
Na pergunta Nº 600, temos: "Sobrevivendo ao 
corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se, depois da morte, num 
estado de erraticidade, como a do homem?"
Resposta: "Fica numa espécie de erraticidade, 
pois que que não mais se acha unida a um corpo, mas não é um Espírito errante. O 
Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica 
faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui 
o principal atributo do espírito. O do animal, depois da morte, é classificado 
pelos espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não 
lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas." 
Na pergunta Nº 607, temos: 
"Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado 
da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia 
para a vida. Onde passa o espírito essa primeira fase do seu 
desenvolvimento?"
Resposta: "Numa série de existências que 
precedem o período que chamais Humanidade."
"– Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo 
sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?"
Resposta: "Já não dissemos que tudo em a 
natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade 
estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se 
individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. 
É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do 
qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra 
então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, 
capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, 
a fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da 
madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão 
humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os 
geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade 
perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para 
apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a 
grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na 
Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado 
seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por 
sobre todas as suas criaturas."
Muito interessantes as respostas que os Espíritos deram, 
acima, em uma época (meados do século XIX) em que o pensamento dominante era que 
os animais não passavam de meros robôs biológicos, guiados pelo 
instinto.
O Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido 
Xavier, na obra "No Mundo Maior", no Capítulo 3, nos 
diz:
"Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um 
paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando 
valores, de experiência em experiência, de milênio em milênio. Não há 
favoritismo no Templo Universal do Eterno, e todas as forças de Criação 
aperfeiçoam-se no infinito. A crisálida da consciência, que reside no cristal a 
rolar na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as árvores que por 
vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do inverno e acalentadas 
pelas carícias da primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do tigre, 
lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos do amor; o símio, 
ginchando, organiza a faculdade da palavra. Em verdade, Deus criou o mundo, mas 
nós nos conservamos ainda longe da obra completa [...]. Somos criação do Autor 
Divino, e devemos aperfeiçoar-nos integralmente. O eterno Pai estabeleceu como 
lei universal que seja a perfeição obra de cooperativismo entre Ele e nós, os 
seus filhos." 
Ao estudarmos Biologia, verificamos uma gradação evolutiva nos 
seres vivos, em graus crescentes de complexidade, sensibilidade e inteligência, 
dos microrganismos, como bactérias e protozoários, passando pelas plantas e 
animais, até chegar ao homem.
Qual o sentido da vida? Para o Espiritismo, como vimos nas 
perguntas de "O Livro dos Espíritos" e nas palavras de André Luiz, 
acima, a vida orgânica é o suporte no qual o princípio inteligente se 
individualiza, se estrutura e se desenvolve, através dos diversos seres vivos, 
dos mais primitivos para os mais evoluídos, até chegar ao homem. Como ser 
humano, já se encontra no estágio de Espírito, possuidor de inteligência 
bastante avançada, com consciência do futuro, capaz de distinguir o bem do mal, 
e responsável por seus atos. Dessa forma, os demais seres vivos possuem um 
propósito maior, e sua essência, o princípio inteligente, sobrevive à morte do 
corpo físico que o abrigava, desenvolvendo-se, cada vez mais, em existências 
posteriores. É essa a nossa origem como Espíritos. Assim, seres dotados de certo 
grau de inteligência e sensibilidade, embora em bem menor escala do que nós, 
como os animais, não serão jogados no nada após passar por uma existência, por 
muitas vezes, de sofrimento, correspondendo isto à infinita bondade, justiça e 
sabedoria do Criador.
Abaixo transcrevemos, na íntegra, duas reportagens, em 
sequência cronológica (a última delas é atualíssima), sobre a inteligência e a 
consciência dos animais. A primeira é do site do jornal Estadão, 
de 13/02/2009. A outra é do site da revista Veja, de 07/07/2012. 
Confiram:
Cientistas dizem que alguns animais planejam o futuro
Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução na compreensão da inteligência dos animais
13 de fevereiro de 2009 | 17h 15
Associated Press
Macacos fazem contas de cabeça, pombos são capazes de entender 
quando uma imagem não faz parte de um conjunto. Seres humanos podem não ser os 
únicos animais que planejam para o futuro, dizem pesquisadores que apresentaram 
seus estudos mais recentes sobre a capacidade mental dos animais. Corvos 
reconhecem a própria imagem no espelho, diz estudo. Macacos também sabem fazer 
contas de cabeça. "Eu diria que nós humanos deveríamos manter nossos egos sob 
controle", disse Edward A. Wasserman, da Universidade de Iowa, na reunião anual 
da Associação Americana para o progresso da Ciência (AAAS). Wasserman, um 
pesquisador de psicologia experimental, disse que, como as pessoas, pombos e 
babuínos são capazes de identificar quais figuras são similares, como triângulos 
e pontos, e quais são diferentes. Esta é a definição de conceito, disse ele, "e 
os animais passaram com louvor". Ele falou em um simpósio sobre Esperteza 
Animal, onde pesquisadores discutiram as últimas descobertas sobre as 
capacidades mentais dos animais. Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução 
na compreensão dos animais, acrescentou Nicola S. Clayton, professora de 
cognição comparativa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Animais não só 
usam ferramentas, como ainda guardam-nas para usar no futuro, acrescentou. 
"Planejar para o futuro já foi visto como algo único dos humanos", disse ela. 
"Agora sabemos que não é verdade". Por exemplo, disse ela, corvos já foram 
vistos guardando comida para o dia seguinte e, até mesmo, descobrindo meios de 
impedir que a reserva fosse roubada. Falando sobre a inteligência dos corvos, 
Alex Kacelnik, professor de ecologia comportamental da Universidade de Oxford, 
destacou "o mestre no uso de ferramentas do mundo das aves", o corvo da Nova 
Caledônia. Esses pássaros não só já foram vistos usando ferramentas, como 
fabricando seus instrumentos, torcendo e dobrando pedaços de fio para retira 
comida de locais inacessíveis.
Jessica Cantlon, da Universidade Duke, chamou atenção para o 
fato de que o "senso de número" aparece na evolução compartilhada de muitas 
espécies de primatas. Por exemplo, crianças humanas são capazes de, depois de 
ver o mesmo número de objetos aparecer em diferentes configurações, notar quando 
o número muda. Macacos fazem o mesmo. Além disso, universitários e macacos 
parecem ter o mesmo nível de capacidade de estimar a soma total de dois 
conjuntos, sem contá-los elemento a elemento. Cientistas agora estudam se 
macacos são capazes de apreender o conceito de zero.
Animais também têm consciência, dizem 
neurocientistas
PESQUISADORES PUBLICARAM MANIFESTO MOSTRANDO QUE, COM BASE NA ANÁLISE DE ONDAS CEREBRAIS, NÃO HÁ COMO DIZER QUE SÓ SERES HUMANOS TÊM CONSCIÊNCIA
Marco Túlio Pires
Um grupo de 13 neurocientistas, incluindo o canadense Philip 
Low, criador do iBrain, dispositivo que vai ajudar o físico Stephen Hawking a se 
comunicar usando a mente, assinou uma 
declaração neste sábado em Cambridge, na Inglaterra, afirmando que alguns 
animais, como pássaros, macacos, elefantes, golfinhos, polvos, cães e gatos, 
possuem consciência, assim como os seres humanos. É a primeira vez que um grupo 
de especialistas da área se reúne para emitir um comunicado formal admitindo que 
os seres humanos não são os únicos a gozarem de consciência, segundo apontou 
Low, que também é professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos 
EUA).
O anúncio foi feito durante a Francis Crick Memorial Conference, na Universidade Cambridge, na Inglaterra. Treze especialistas se reuniram para apresentar os últimos resultados científicos em pesquisas que tentam reinterpretar a consciência. Os cientistas pretendem mostrar que ao analisar o sinal cerebral de humanos e outros animais, é possível encontrar semelhanças básicas. "A neurociência está evoluindo rapidamente por causa do avanço tecnológico e por isso precisamos tirar novas conclusões", disse Low. "As evidências mostram que os seres humanos não são os únicos a apresentarem estados mentais, sentimentos, ações intencionais e inteligência", afirmou. "Está na hora de tirarmos novas conclusões usando os novos dados a que a ciência tem acesso."
O anúncio foi feito durante a Francis Crick Memorial Conference, na Universidade Cambridge, na Inglaterra. Treze especialistas se reuniram para apresentar os últimos resultados científicos em pesquisas que tentam reinterpretar a consciência. Os cientistas pretendem mostrar que ao analisar o sinal cerebral de humanos e outros animais, é possível encontrar semelhanças básicas. "A neurociência está evoluindo rapidamente por causa do avanço tecnológico e por isso precisamos tirar novas conclusões", disse Low. "As evidências mostram que os seres humanos não são os únicos a apresentarem estados mentais, sentimentos, ações intencionais e inteligência", afirmou. "Está na hora de tirarmos novas conclusões usando os novos dados a que a ciência tem acesso."
Texto extraído do espiritismoparainiciantes
 
 
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