por: * Vislei Bossan
Alguém
achou que eu estava preparado para sessões de desobsessão. Poderia
iniciar a função de “doutrinador” e surgiu uma vaga. Uma das primeiras
experiências foi exemplar. Havia uma família sob a influência de alguns
adversários espirituais e começamos o trabalho que visava ajudar
encarnados e desencarnados envolvidos na trama.
Pouco
a pouco, os obsessores foram esclarecidos. O grupo estava satisfeito e a
família deu claros sinais de melhoras. Achávamos que a missão havia
sido concluída com êxito, até que certa noite fomos surpreendidos. No
final dos trabalhos, uma das médiuns disse que estava alí um Espírito
muito irritado. Permitimos a sua comunicação, cheia de revolta. A
infeliz entidade nos disse que seus chefiados haviam desistido da
maldade que estavam praticando, e que ele, o “chefe”, estava muito bravo
e iria acabar com o nosso grupo de desobsessão.
-
Vai não, eu disse à entidade atormentada. A mim, você não pega, pois
estou amparado por Jesus Cristo. Podem ir embora, para vocês obsessores
desta família, tudo acabou.
A
minha arrogância deve ter impressionado o obsessor, pois foi embora sem
falar mais nada. Encerrados os trabalhos, fomos embora com a serenidade
que convinha e esquecidos dos acontecimentos daquela hora de atividade.
Em
casa, já deitado para dormir, senti algo gelado por sobre a minha
coluna vertebral, como se fosse uma brisa polar e ouvi o grito de minha
filha no quarto no final do corredor. Fui até lá, acalmei-a e ela me
disse: “nossa pai, tive um pesadelo, mas já passou”.
Voltei
para a cama e entrei na fase R.E.M.¹ do meu sono. Foi terrível:
sentí-me arrastado para um lugar escuro, fétido, solo cheio de lama ou
lodo, pegajoso. Debati-me o quanto foi possível, até ser acordado pela
minha esposa, segurando meus dois braços.
-
Nossa, que coisa horrível! Obrigado por ter me tirado daquele lugar -
disse à minha esposa Vera Lúcia. Retomei o sonho, dormi relativamente
bem e acordei normalmente, já esquecendo o pesadelo da noite.
Uma
semana depois, estávamos eu e os companheiros na sala de desobsessão
para novas atividades. Quando começaríamos os trabalhos, após a prece de
abertura, a médium avisou: “tem uma entidade aqui querendo passar um
recado e não me parece violenta”, disse. A entidade se apresentou, e
dirigindo-se à mim, disse:
- Gostou, bichão?
Percebi que era o obsessor que havia prometido me pegar. Mantive com ele o seguinte diálogo:
- Então, foi você? Perguntei.
- Sim, te peguei e levei até aonde estou.
Neste momento, senti um enorme desejo de refazer o caminho e, de todo o coração mesmo, pedi desculpas.
- Perdão, companheiro. Não deveria ter te desafiado. Perdoe a minha arrogância.
Em
seguida, fiz-lhe uma proposta. Disse-lhe que ele havia demonstrado
muita força e gostaria que ele direcionasse sua capacidade para a
prática do bem, abandonando o caminho da vingança, da perseguição.
Ele
disse que “experimentaria“, pois seus companheiros já o haviam
abandonado e estavam muito bem. Alguns meses depois, esta entidade,
antes revoltada, retornou para nos dizer que estava querendo trabalhar
em favor de obsediados, atuando no mundo espiritual junto a obsessores,
dando exemplos de si mesmo.
Os
diretores espirituais da casa concordaram, e aquele Espírito, que me
deu uma grande lição, deve estar conosco no CE Cairbar Schutel, até
hoje.
¹ R.E.M., ou Rapid Eye Movement (“movimento rápido dos olhos”), é a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais vívidos.
* Vislei Bossan é trabalhador do C. E. Cairbar Schutel/Rio Preto.
JORNAL VERDADE E VIDA
ADDE - ASSOCIAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA E SPIRITA
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